Sou escritor e como todos aqueles que têm a escrita como uma de suas paixões, também adoro ler. E leio de tudo. É claro que todo leitor tem seu estilo preferido, mas todo amante da leitura acaba lendo de tudo.
Já li muitos e muitos livros e muitos deles (a grande maioria) me deixou marcas e um desses foi o inesquecível “Revolução dos bichos”, do escritor inglês George Orwell.
O livro foi colocado, pela Time, revista Americana, entre os 100 melhores romances de língua inglesa e obteve o 31.º lugar na lista dos melhores romances do século XX, organizada pela Modern Library List.
Publicado em 1945, o livro é até hoje uma referência e um sucesso e continua atualizado.
Afinal, é só olharmos à nossa volta para ver que em cada micro sistema em que vivemos, encontramos alguma “Revolução dos bichos”. Observe, observe…
É só observar e entender.
E que fantástico, maravilhoso e utópico o mundo imaginado pelos porcos Bola de neve (Snowball) e Napoleão (Napoleon).
Em uma rebelião contra os humanos, acreditaram (e convenceram os mais leigos) que poderiam construir um mundo melhor a partir de um certo sistema, de uma certa igualdade que não funciona, provou-se por si própria, que é mera ilusão para os leigos e uma bela ferramenta para quem deseja benefícios próprios, de ordem financeira ou de poder. Sim, o maldito poder pelo poder.
Que o diga o porco Napoleão que, obcecado pelo poder (já viu alguém assim?) trai o porco Bola de neve, arma um plano perfeito e o expulsa da fazenda, abrindo caminho para que colocasse sua ditadura em prática.
É um romance satírico, maravilhoso, instigante e muito inteligente.
Porém, um romance que fascina qualquer um, qualquer amante da literatura, mas fascina muito mais aqueles que sabem interpretar um texto, sabem interpretar um romance. Para aqueles que sabem ler nas entrelinhas e conseguem enxergar além das palavras escritas.
George Orwell conta um romance de corrupção e traição. De uma maneira admirável, recorre a figuras de animais para retratar nossas fraquezas.
E que fraquezas! Nos mostra o quanto os seres humanos são vis e pobres de espírito. Infelizmente, ainda nos falta sabedoria, nos falta amor ao próximo, nos falta inteligência, nos falta pensar por nós mesmos, nos falta capacidade de avaliação e, principalmente, nos falta muita evolução.
A revolta dos animais da quinta, contra os humanos, aparenta ser o que há de melhor em uma sociedade. Sim, aparenta ser o melhor, mas só aparenta.
Igualdade para todos, só que não.
Todos teriam direito e deveres iguais, só que não.
Os animais gritam que serão melhores que os humanos, só que não.
Chegam ao poder dizendo se preocupar com os problemas de todos, mas o poder…ah, o poder…
Os animais tentam criar uma sociedade utópica, porém, como foi dito, Napoleão (um dos porcos), seduzido pelo poder, afasta Bola-de-Neve (o outro porco) e estabelece uma ditadura tão corrupta quanto a sociedade de humanos.
Para começar, se mudam para a casa grande, a casa que os ditadores humanos moravam, mas se diziam diferentes. Jogavam cartas, mas se diziam diferentes. Havia consumo de álcool, mas se diziam diferentes.
Se cercaram de violentos cães para se proteger. Até aí normal. Já viu ditadores abrirem mão de violentos seguranças? Já viram projetos de ditador abrirem mão de hordas violentas?
E, assim vai…, seguem os porcos…. iludindo a todos os animais,
E, então, aqueles que enxergam à frente, aqueles que leem nas entrelinhas, entenderão o algo a mais.
A “Revolução dos bichos”, para ler, entender e refletir.