O virologista norueguês Birger Sorensen afirmou em entrevista a jornal sueco que a origem não animal do novo coronavírus é “evidente” tanto pela estrutura como pela transmissão rápida entre seres humanos
“Eu acredito firmemente que o novo coronavírus foi vazado acidentalmente. Quando as autoridades dos EUA realizaram inspeção em Wuhan em 2018, descreveram [o laboratório em Wuhan] como um laboratório perigoso”, contou Sorensen ao Fria Tider.
O virologista norueguês ressaltou existir casos comprovados de vírus vazados de laboratórios, havendo, assim, a probabilidade de o novo coronavírus ter origem artificial.
“Há muitos laboratórios que estragaram vírus e acabaram os liberando por engano. O vírus original SARS foi liberado de Singapura”, pontuou, se referindo a um incidente de novembro 2003.
“Acho que o coronavírus foi vazado já na segunda metade de agosto [ou] no início de setembro de 2019. Há muita [coisa] para sugerir isso”, considerou Sorensen.
Sorensen acredita que a rápida propagação do vírus indica uma adaptação aos seres humanos. Além do mais, o virologista destaca que ainda ninguém comprovou que o novo coronavírus evoluiu naturalmente.
“Não há ninguém que questione que deve ser provado que o vírus vem da natureza. Tem que provar que este vem da natureza, caso contrário, [o vírus] vem do laboratório”, ponderou o virologista, ressaltando que estão sendo realizadas muitas pesquisas sobre vírus de laboratório.
Birger Sorensen é um rosto familiar na Noruega, tendo realizado pesquisas sobre gripe suína em 2009, ebola e HIV. Com o início da pandemia do coronavírus, Sorensen se reuniu com o oncologista britânico Angus Dalgleish e o especialista de estatística Andres Susrud para estudar o novo vírus. No entanto, Sorensen enfrentou duras críticas da comunidade científica. Entre outros, Kristian Andersen, professor de Imunologia e Microbiologia do Laboratório de Pesquisa Scripps na Califórnia (EUA), atacou o estudo de Sorensen como “um completo disparate, ininteligível e nem sequer remotamente científico”, citado pelo Fria Tider.
No entanto, Sorensen e seus colegas permaneceram apoiando a tese de que o novo coronavírus vem do laboratório. Segundo o virologista, oposição dura contra estudos onde as pesquisas de laboratório são postas em dúvida pode ser explicada pela insatisfação de cientistas que não querem que a sociedade se pergunte como o estudo foi realizado.
“A comunidade científica não quer discutir assuntos que possam dificultar futuras pesquisas com vírus”, revelou, relembrando que existem outros fins para estudos sobre vírus e que nem todos tentam conter pandemia e doenças.
“Há a possibilidade de usar tais vírus como armas que não deve ser descartada”, concluiu o virologista.
Declarações de que o vírus poderia ter sido vazado do laboratório no Instituto de Virologia na província de Wuhan, um dos laboratórios mais inovadores, com classificação de segurança mais alta, têm propagado durante meses. No entanto, as alegações foram negadas como “pura invenção” pela administração do instituto, que ressaltou que no laboratório nunca existiu um vírus semelhante ao SARS-CoV-2.
Em novembro, a Organização Mundial da Saúde anunciou seus planos de pesquisa das origens da pandemia. Coronavírus anteriores passaram ao ser humano através de um animal hospedeiro intermediário. Até agora, a maioria dos cientistas acham que o vírus se originou em morcegos, mas como este saltou para as pessoas permanece desconhecido.(com agência Sputnik Brasil)