A vida é a arte de encontro, embora hajam tantos desencontros, já dizia o nosso poeta imortal Vinícius de Moraes.
Instituição bancária também é local onde se encontram velhos amigos, principalmente, os já aposentados. Esta semana, ao entrar no Banco do Brasil da av. Independência, me deparei com dois amigos. O primeiro que chegou foi Mazinho, que fez questão de me lembrar que na primeira quarta-feira do mês, lá no Hotel Fazenda do Lelé, no Registro, a bola vai rolar pra alegria dos veteranos. E o segundo foi Otacílio, funcionário aposentado da UNITAU. Naquele momento matamos saudades de quando jogamos pela Universidade no Campeonato de Veteranos.
No desenrolar da conversa ele me falou sobre Eloi, que também foi funcionário da UNITAU, jogava de quarto zagueiro e, aind,a jogou em vários times da cidade. Dizia ele que depois do acidente Eloi ficou um pouco perturbado e acabou largando o emprego da Unitau, onde foi demitido por abandono de emprego. Com dificuldades financeiras, os amigos conseguiram através de advogados a sua tão sonhada aposentadoria . Assim, fizeram uma boa ação resolvendo a situação dele.
Ainda falando sobre o Eloi, conversamos sobre a forma como aconteceu o acidente que sucedeu-se na passagem de nível da Estação Central do Brasil . Ele e um amigo passavam de bicicletas sobre os trilhos bem no instante em que se aproximava o trem e, desta maneira, eles foram arremessados à distância. Seu amigo faleceu na hora e ele acabou se recuperando com muita dificuldade. Otacílio ainda disse que no dia seguinte, ao chegar num botequim, lhe deram a notícia do acidente com detalhes , quando um caboclo entrou na conversa e disse:
__ Vocês conhecem o Eloi! Ele é forte e tem saúde de touro, enfrentava os centroavantes nos jogos . Na trombada à dividida era sempre dele.
Pensando se tratar de uma brincadeira, Otacílio refletiu dizendo :
__Tá brincando colega! O homem trombou com um trem , é mole! Já parou para pensar o tamanho da locomotiva?
No embalo da conversa, relatei uma história de um fazendeiro que trouxe o seu capataz que trabalhou desde menino em sua fazenda lá no sertão do Mato Grosso, para sua fazenda no estado de São Paulo.
Chegaram à noite, e ele colocou o empregado num quartinho ao lado da cocheira . Durante a madrugada, passou um trem “Maria Fumaça” e o capataz ouvindo o barulho pegou o seu laço e o arremessou em direção à chaminé. Ele foi arrastado por uns cinquenta metros , sorte que um passageiro avisou o maquinista, mas ele ficou todo estropiado. Seu patrão desesperado o levou para a capital paulista e o internou no Hospital Albert Eistein, onde permaneceu se recuperando mais ou menos três meses.
Ao receber alta médica, ainda se locomovendo com o uso de muletas, o fazendeiro o levou para conhecer as ruas e os prédios da cidade grande. Ele ficou alucinado com o que viu. E, num descuido, em frente à loja Mapim, ele viu um trenzinho elétrico de brinquedo que estava exposto na vitrine da loja. Não pensou duas vezes, quebrou o vidro e estraçalhou o trenzinho com as muletas, e sentindo-se vingado, disse ao patrão:
___Tem que matar no ninho, meu sinhô! Depois que ele crescê, ninguém segura!
Contra força não há resistência
maio 04, 2019Bruno FonsecaColuna do CrisanteComentários desativados em Contra força não há resistênciaLike