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quinta-feira 14 novembro 2024
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Condições impostas pelos Planos de Saúde brasileiros estimulam médicos a buscar carreira internacional

Há muito tempo atender convênios médicos no Brasil não tem sido lucrativo para profissionais da saúde. Além do repasse do valor pago pela consulta ser muito abaixo do ideal, a cobertura pelos serviços necessários ao tratamento do paciente é limitada.

Esta situação tem feito com que muitos médicos não atendam por convênio ou busquem outras oportunidades fora do país.

O médico Oncologista Radioterapeuta, Márcio Fagundes (foto), após ter feito a sua residência e trabalhado como médico nos EUA por longos anos resolveu dar um voto de confiança ao Brasil e, em 1996, voltou à Porto Alegre para dar continuidade ao trabalho realizado por seus pais, fundadores do COR (Centro de Oncologia Raditerápica.

Entusiasmado em oferecer novas tecnologias e melhores condições de tratamento aos pacientes com câncer, Márcio introduziu no COR de Porto Alegre, procedimentos revolucionários para a época, como: a radiocirurgia, a braquiterapia de próstata de radioterapia com intensidade modulada, entre outros. “Tive que travar uma luta contra os convênios que julgavam que este tratamento não precisava estar disponível aos pacientes, mesmo sendo comprovadamente o melhor. Foi decepcionante,” conta Márcio Fagundes.

Vinte anos depois, segundo Fagundes, apenas alguns Centros de Tratamento no Brasil disponibilizam este tratamento aos pacientes e agora que começaram a ser recompensados pelos Planos de Saúde. “No Brasil você é impedido de fazer o que há de mais avançado ou porque você não tem acesso e linha de credito para comprar o equipamento ou porque quando se arrisca e faz o investimento não tem aprovação dos convênios para pagar o procedimento”, desabafa o médico.

A falta de condições mínimas para exercer a profissão somada à violência do Brasil, fizeram com que, em 2006, Márcio e a família voltassem novamente aos EUA. Ao regressar, Márcio trabalhou, por 4 anos, como Oncologista Radioterapeuta, no Missouri Baptist Hospital. Após esse período foi convidado, pelo seu antigo professor da Havard, a trabalhar no Centro de Prótons de Oklahoma, onde ficou por 2 anos até ter sido convidado a comandar o Centro de Prótons do Tenessee, sendo o primeiro brasileiro a se tornar Diretor de um Centro de Prótons no mundo. Em 2016, foi para o Miami Cancer Institute (Baptist Medical Hospital) onde trabalha até hoje Diretor Médico da Radioterapia.

Hoje, o tratamento no combate ao Câncer utilizando a protonterapia é considerado o mais avançado porque não atinge as demais células do corpo, mitigando os efeitos colaterais sofridos pelos pacientes.

Quando perguntamos ao médico, se valeu a pena a mudança ele é categórico: “Estar em um lugar em que você tem todas as ferramentas para oferecer o melhor ao paciente e ter a cobertura do plano de saúde é a maior recompensa para um profissional da saúde. Você não tem limite e isso é maravilhoso”, conclui.

 

Vanessa Oliveira – Jornalista e CEO We Can Move