Quatro milênios foram necessários para o invento superar velhos preconceitos
Proteger-se da chuva demorou a ser um assunto importante. Diante de uma tempestade, corria-se para casa ou para dentro de um veículo, improvisava-se com uma folha ou peça de roupa, aguentava-se debaixo do próprio chapéu, ou simplesmente se assumia o destino.
E foi assim por muito tempo após o acessório guarda-chuva ter sido tecnicamente inventado. A sombrinha data de 4 mil anos atrás. Usada por nobres chineses, e feita de madeira, bambu e tecido, protegia contra a luz solar. Evitar o sol era importante por causa da valorização da pele clara na cultura chinesa – o bronzeado é visto como resultado do trabalho braçal degradante.
Segundo a escritora e pesquisadora Marion Rankine, no livro Brolliology: A History of the Umbrella in Life and Literature (“Broliologia: Uma História do Guarda-Chuva na Vida e na Literatura”), já no segundo milênio a.C. a sombrinha se fazia presente entre outros povos, como os egípcios e assírios. Feita com folhas de árvores, penas ou couro, protegia reis e sacerdotes. Os gregos também tinham objeto parecido, de tecido decorado com ouro e marfim, usado só por mulheres e homens da elite – e carregado por um escravo.
De acordo com Rankine, não se sabe quando a sombrinha virou guarda-chuva, mas é provável que tenha sido no fim do século 16, quando o objeto ficou popular no Ocidente. Com o clima frio e chuvoso do norte da Europa, foi adaptado à realidade local. No século 17, feito de seda e impermeabilizado com cera, era visto, principalmente, com mulheres da classe alta – caro, indicava status.
Mas muitos – principalmente os homens – não compraram a ideia. Carregar um guarda-chuva, sem certeza do uso, parecia ridículo e inútil. Jornais ou pastas bastavam para cobrir a cabeça. Isso sem falar de gorros e chapéus. E sempre restava a opção de procurar abrigo ou nem sair de casa. E havia um fator social nessa falta de sucesso: no século 18, parte da classe alta via o guarda-chuva como um rebaixamento, sinal de falta de meio de condução, de uma carruagem ou, bem típico aqui no Brasil, de uma liteira – os cocheiros ou escravos que se molhassem.
Até que, por volta de 1750, o escritor britânico Jonas Hanway fez do objeto seu fiel companheiro. Mesmo ridicularizado por muitos, popularizou o uso entre os homens, que, aos poucos, passaram a ver ali um acessório digno de um gentleman.
Em 1830 foi aberta a primeira loja de guarda-chuvas, a James Smith & Sons, que segue no mesmo endereço londrino. Depois disso, vieram versões mais baratas, e inovações, como opções em aço, em 1852, e a versão compacta, em 1928.
Crédito: AH
Como fazíamos sem guarda-chuva?
fev 21, 2019Bruno FonsecaHistóriaComentários desativados em Como fazíamos sem guarda-chuva?Like
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