• Rogério Miguez
Quem se alegra em lembrar dos deslizes cometidos na vida presente? Alguém sente satisfação em relatar práticas contrárias às leis de Deus? Traz tranquilidade manter bem vivo na memória os feitos impensados cometidos no passado desta mesma existência?
Pouquíssimos, ou mesmo ninguém, responderia estas perguntas dizendo sim: É muito bom lembrar os equívocos passados, expondo-os a todos! Estas poucas questões nos indicam não valer a pena recordar os enganos praticados, pelo contrário, na verdade fazemos de tudo para apagar completamente lembranças de todo e qualquer vestígio dos antigos atos irrefletidos.
É natural, afinal, bom mesmo é recordar coisas boas, experiências saudáveis, atitudes corretas tomadas em momentos críticos, lembranças de fatos trazendo-nos alegria e satisfação, isto sim é gratificante.
Diante desta constatação, por que alguns desejam avidamente conhecer quem foram em antigas vidas? Há alguma lógica em desejar descortinar episódios distantes, quando sabemos que estamos ainda ligados a um mundo de provas e expiações, cuja característica básica é a de abrigar Espíritos faltosos e contumazes descumpridores dos postulados divinos?
Esta é a realidade, poucos podem acessar o passado e não se envergonhar; raros são os detentores da condição de não se surpreender diante da recordação de levianas atitudes e grosseiras condutas praticadas contra o próximo, e, tantas vezes, contra nós mesmos.
É por conta desta realidade que Deus nos faz esquecer temporariamente muitas experiências e ações desagradáveis do nosso pretérito, todas registradas no perispírito.
A lei do esquecimento é uma dádiva para Espíritos ainda pouco afeiçoados à prática do bem, como todos nós ainda somos, pois, recordando-nos de tudo que já fizemos; e se aqueles a nos cercar, os nossos próximos mais próximos – os familiares -, também tivessem este conhecimento, a vida se tornaria insuportável, os grupamentos familiares se esfacelariam, inviabilizando a evolução do grupo.
Desta forma, não nos preocupemos em desvendar o pretérito batendo às portas dos adivinhos, magos ou bruxos. Embora alguns possam ser verdadeiros médiuns, não detém autorização para revelar o passado, e, na ânsia de consegui-lo, estaremos sujeitos a toda a sorte de embustes e mentiras, sempre prejudiciais ao nosso momento presente.
Mas como fazer então!? Trabalhemos as nossas tendências instintivas, observemos as nossas condutas, estejamos atentos à forma como agimos e reagimos no nosso cotidiano diante das situações corriqueiras do dia a dia, estes são bons indicadores de como vivemos no passado, dizem muito sobre nós mesmos, dão-nos uma boa ideia do que fomos e do que continuaremos a ser, caso não trabalhemos os aspectos negativos de nossa personalidade.
E mais, quando estivermos insatisfeitos e desgostosos na vivência de nossas inexplicáveis expiações e provas, ambas medidas corretivas e auxiliadoras em nosso processo evolutivo; quando as dúvidas nos assaltarem a consciência tornando a vida aparentemente insuportável, experimentemos conversar com o nosso guia espiritual, ele está sempre atento ao nosso momento, quem sabe, após uma oração sincera, a leitura de um texto evangélico, renovadas forças nos serão comunicadas, talvez uma nova luz se acenda em nosso cinzento horizonte, e, com estas providências divinas, poderemos retomar o andamento de nossas jornadas com ânimo forte e a convicção de que Deus é sábio e justo, quando determina este provisório esquecimento do passado.