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sexta-feira 15 novembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – Uma história de Natal

I – Saturnália
As cidades dos romanos preparavam-se para a festança da Saturnália, quatro dias de comemorações em homenagem ao deus Saturno. A muralha do município em sua seriedade poderosa movia as suas colunas, as suas pedras, tentando um gingado de contentamento.
A praça pública, lugar de reunião de pedestres, de comentários políticos, sociais, intrigas individuais e coletivas, enfeitara-se com flores, galhos de arvores entrelaçados, guirlandas, arranjos com frutas verdes e maduras. Os edifícios públicos usavam cores novas, os templos tomavam banho, o fórum arquivou as peças jurídicas, as lojas, as tabernas, oficinas, padarias vestiram roupas coloridas. Inúmeras fogueiras ocupavam as ruas, os becos, os desejos ocultos. Essa festa que marcava o solstício de inverno no mundo pagão, há muitos séculos antes do nascimento de Cristo, no instante do “sol parado”, do nascimento e renascimento interior, da busca do significado da vida paralisava o trabalho por quatro dias e quatro noites.
As pessoas, em comunidade, dançavam, abraçavam-se, visitavam-se e bebiam o vinho arrancado das uvas; saboreavam os doces feitos por mãos divinizadas, alimentavam-se com as carnes temperadas com o sabor de todos os tempos. Os escravos participavam, sentiam o gosto da liberdade e cantando ritmos misteriosos, amavam-se perdidamente.

II – Natal
No século IV do nascimento de Cristo, suas palavras estavam nas estradas, nos caminhos encobertos de aventura, medo e o desejo de levar a voz de Jesus para além dos conhecimentos humanos da época.
Entre todas as distâncias de uma terra em ebulição, o nascimento de Cristo começou a ser celebrado pelos Cristãos. A data escolhida correspondia mais ou menos, ao dia 06 de janeiro com a epifania, ou melhor dizendo, com o batismo de Cristo e as lembranças das Bodas de Judá, uma demonstração viva dos primeiros tempos, uma revolução que marcara todos os olhares dos homens agoniados, foi o primeiro milagre de Jesus.
No ano de 313, depois de três séculos de perseguição, o imperador Constantino, motivado por um sonho revelador e estonteante deu a liberdade e a oficialização ao Cristianismo.

Roma curvou-se diante do homem quase descalço; os políticos, os senadores, os sábios viram a verdade escrita num pedaço de pano branco; os pássaros cantaram porque a natureza transformara-se em regente dos novos tempos.
A igreja preocupada com os cultos e as festas pagãs, iniciou um longo projeto para abafar as cantorias das Saturnálias, das comemorações a Apolo, dos eventos a Cupido, Diana e Atenas. A igreja movimentando a sua fé e organização deslocou a festa do nascimento de Jesus para o mês de dezembro e, pouco a pouco, a natividade de Jesus destronou a festa comemorativa ao sol parado, ao solstício de inverno e, entendendo todos os acontecimentos, Saturno, deus do tempo, emudeceu-se em sua casa chamada Cronos e de lá, nunca mais saiu. O Papa Gregório XIII, após um dia muito agitado, sentou-se em sua cadeira preferida, olhando o céu e o formato das nuvens. Na passagem de uma nuvem com jeito de cachoeira infinita, teve uma ideia, criar um novo calendário que marcasse todos os dias da terra, dos homens, da vida, e, assim, colocou as festas de Natal no dia 25 de dezembro.
A gruta estava/no mesmo lugar/em Belém./ a estrela da anunciação/olhava para os pastores./José, olhar preso aos dias e ao amanhã./Maria, amamentando uma vida,/um destino,/uma eternidade./ o menino brincando de cantar.

III – Presépio
O menino Jesus brincava com os frutos de uma figueira. Dentro de uma pequena igreja, o fradinho chamado Francisco, tentava ensinar ao povo os acontecimentos que envolveram o nascimento de Cristo. A neve branqueava o vento, as árvores, as ruas, a solidão. Jesus, em algum lugar, continuava a brincar com figos que se transformavam em uma pequena fazenda.
Os homens, mulheres, crianças, dentro da pequena igreja, não tinham cultura para imaginar a cidade de Belém, a gruta, a manjedoura.
O fradinho Francisco juntou três caixas de madeira, cobriu-as com um pano verde. Com argila modelou uma cidade, uma gruta, uma manjedoura. Seus dedos deram forma ao boi, um burro, dezenas de carneiros, pastores, pastoras e, por necessidade, vários camponeses carregados pela fé. Usando o coração, reproduziu a imagem de Maria, mulher linda, mulher mãe, mulher esposa, mulher irmã de todos os que conhecem as lágrimas; com a mesma mão e sentimento exposto, fez José. Com a cabeça erguida para o céu, com a emoção explodida dentro do peito projetou o menino Jesus, o mesmo que, um dia, brincara com boizinhos de figo.
O povo humilde, olhando para o trabalho do fradinho entendeu todos os sentidos e significados existentes no nascimento de Jesus. Nunca alguém, antes de Francisco, preocupara-se com a didática Cristã, didática composta de caixas vazias, de pedaços de pano, de figuras de barro e amor energizando a verdade, a história, a qualidade de ser homem, mulher, criança, adolescente…
O nome do recurso pedagógico veio do latim, praesepium, significando um cercado, uma proteção aos animais, local onde se alimenta o boi, o carneiro…
A palha virou arte,/o barro gerou vida/a fé tirou a cortina dos olhos/ o menino bateu os braços,/sorriu./sorriu para todos nós.

Receita:

Panetone
1 kg de farinha de trigo; 6 tabletes de fermento biológico fresco; 1 xícara chá aproximadamente de água; 200 gr de manteiga ou margarina em temperatura ambiente; 1 e ¼ xícara chá de açúcar; 1 pitada de sal; 1 pitada de essência de laranja; 8 gemas; 350 gr de uvas- passas; rum; 250 gr de frutas cristalizadas.

Modo de fazer:
É necessário embeber as uvas-passas no rum de um dia para o outro. Em um pote misture uma xícara de chá de farinha, o fermento e um pouco da água, cubra e deixe em repouso por 15 minutos.
Acrescente o restante da água, a manteiga, o açúcar, o sal, as gemas e a essência e misture.
Vá adicionando a farinha aos poucos, enquanto amassa, até homogeneizar. Incorpore as passas escorridas e as frutas e destribua em quatro formas de papel manteiga próprias para panetone ( 500 gr cada). Cubra e deixe levedar por 30 minutos.
Trace uma cruz sobre cada panetone com uma lamina afiada e disponha um pedacinho de manteiga em cada uma (para se manter aberta, enquanto assa). Leve ao forno médio pré- aquecido, 180 graus por cerca de 40 minutos ou até dourar.
Deixe esfriar sobre uma grade e embale a gosto.

Por Adriana Padoan