Os anos 50 desceram do altar de uma montanha trazida por trinta anjos. Aqui na Terra, noite de duas luas, foram batizados de Anos Dourados. A tecnologia entrou nas casas trazendo um presente às mulheres, amantes e mais, deu a todas elas máquina de lavar roupas e aspirador de pó. A Guerra Fria congelava os nervos, mas era uma sensação invisível, a corrida espacial entre EUA e URSS, ocorria fora de casa. O homem colocou, pela primeira vez, os pés na lua, e houve mais tempo para se amar.
A década de 60 desceu da boca de um vulcão, encaixotado numa caixa vermelha. Vários projetos culturais e ideológicos pularam da caixa, o moralismo padronizado surtou nos bares abertos de madrugada; o Rock explodiu na barriga das garagens das casas, sem os carros, é claro.
As experiências com drogas colocaram os pés nas estradas asfaltadas, escolas, igrejas, bailinhos caseiros e em clubes. Os Beatles deixaram o romantismo e deliraram no psicodelismo; o movimento feminino penetrou nos bares para tomar café; a Guerra do Vietnã cobriu as janelas das casas de sangue e a pílula anticoncepcional espalhou o amor em todos os becos possíveis que existiam.
Na década de 70 houve milhares de milagres econômicos fervidos em caldeirões das bruxas; o petróleo banha as mãos do jogo econômico; a banda dos Beatles colocam o sonho no interior de um túnel condutor ao fim, Elvis Presley morre percorrendo espaços oníricos e terríveis; o primeiro microcomputador do mundo sai de um buraco de rato e a televisão recebe as cores que já existiam nos ninhos de passarinhos.
No instante, meus leitores, falei pedaços de nossa história para chegarmos ao cinema. O público das décadas de 50, 60, 70 iam aos chamados matinés para assistirem e acompanharem os seriados de Flash Gordon e Buck Rogers. Muitos namoros, noivados, e casamentos nasceram, cresceram frequentando as aventuras desses heróis.
Às vezes, falamos mais do que a história precisa ouvir, mas no final da década de 70, um cineasta dos mais jovens do mundo americano, estava passando férias no Havaí, após a desgastante filmagem de “Star Wars”, o nome dele, nem precisaríamos dizer, era George Lucas. Esse moço tinha uma ideia na cabeça, criar um herói, do tipo de Flash Gordon, Buck Rogers, com pitadas dos “mocinhos” do velho oeste e dos samurais de Kurosawa. O objetivo inicial e final era homenagear os heróis que alimentaram a sua vida da adolescência e princípio da juventude.
Era noite, Lucas estava num bar. Na chegada de sua bebida no balcão, entrou outro jovem cineasta chamado Steven Spielberg. Abraçaram-se, riram para o mar e o sonho. Lucas, num determinado momento, contou a Spielberg a sua vontade de criar um personagem que imortalizasse os seus seriados assistidos na infância. Trocaram ideias, ampliaram os pensamentos, enxergaram além das danças havaianas. Contrataram o apoio do roteirista Laurence Kasdan, o músico John Williams e, no tempo certo, nasceu o herói Indiana Jones e a história do primeiro filme “Os Caçadores da Arca Perdida”, filme que para a maioria dos críticos cinematográficos, ensinou o mundo da aventura voar novamente; a sua estrutura foi moldada como uma colcha de retalhos, pedaços de pano de tudo o que se fez antes, pedacinhos de panos lavados em lágrimas, por isso as cores renasceram.
Os Caçadores da Arca Perdida
Indiana Jones é um professor de arqueologia em uma universidade. As garotas sonham com sua voz, seus gestos e o seu jeito de ser. Dono de uma didática que vem da alma, ensina a história das sociedades e culturas humanas. Apresenta o amor que a arqueologia deve ter pelos objetos fabricados, pensados, trabalhados no passado. Ensina o processo de investigação dos sítios arqueológicos, como descobrir as marcas deixadas pela vida, guerra ou amor. Nas horas de folga, períodos de férias, transforma-se num valente, cínico quando preciso, aventureiro em busca de relíquias desaparecidas, mas possuidoras de um valor histórico significativo para a humanidade.
Assim, no transcorrer da década de 30 ele é requisitado pelo governo dos Estados Unidos, a descobrir o paradeiro de uma Arca Sagrada no qual Moises, sentindo o reflexo de Deus no rosto, guardara as pedras onde Jeová escrevera os seus Dez Mandamentos. Entre as páginas do texto judaico e o domínio do espaço estrelado, surgiu uma lenda que, em seu significado, ofertava que o possuidor da Arca obteria a imortalidade, poderes indescritíveis, e jamais seria derrotado. Indiana Jones, ao receber essa missão, enfrentaria concorrentes e o exército nazista de Hitler que, pretendendo conquistar o mundo, sonhava em possuir a marca.
Meus leitores de todas as semanas, vejam que o enredo é fantástico, e as possibilidades cinematográficas infinitas.
Todos os heróis, mesmo Indiana que é o mais humano de todos, pois não se transforma num ser de aço, ou dono de poderes milagrosos, mas usa uma jaqueta de couro, chapéu e chicote. O chapéu, um objeto simples, foi feito no Brasil, em Campinas, na Fábrica de Chapéus Cury.
Os filósofos e os psicanalistas de plantão dizem que, dentro de cada adulto existe uma criança feliz ou agoniada. Eu, neste momento, dirijo aos meus leitores dizendo que, Indiana Jones desperta a alma aventureira, corajosa, destemida, moradora ao lado do coração de cada um.
Acredito, com certeza quase absoluta, que a maioria dos que leem essa coluna assistiu ao filme “Os Caçadores da Arca Perdida” e, não há como esquecer a cena das cobras. Spielberg usou para a cena nove mil cobras de verdade, isso porque Indiana tem pânico de cobras. A atriz Kate Capshaw precisou ser medicada, engolir vários comprimidos sedativos para conseguir fazer a cena. Dizem que, após os remédios chegou a brincar com as cobras. Em outra cena, justificada pelo perfeccionismo de Steve, ele usou 50 mil insetos verdadeiros. Os veículos usados no filme, os tanques de guerra, os aviões, as motocicletas também são reais e da época.
Uma das cenas do filme, uma imagem que mistura ação, aventura e horror, os nazistas derretem-se diante das câmeras. Steve usou, para passar a sensação de desintegração uma maquiagem usando quilos de cera, um trabalhão que durou dias; a cera foi dissolvida pelo calor das luzes que iluminavam os acontecimentos. Outra cena que, pela perfeição demonstra que o herói tem medo, é frágil, como qualquer um de nós é a sua desesperada corrida de uma enorme bola de pedra. O que nos interessa meus leitores, é o fato de que Indiana Jones consegue destruir o exército nazista. A Arca da Aliança também é destruída, momento chocante, mas a destruição decorre pela vontade de Deus.
Aos meus leitores e amigos vivenciados no tempo; a história dos “Caçadores da Arca Perdida” pode estar, de alguma forma muito próxima da realidade. Não sou politica nem a estudo como acréscimo de conhecimento, mas podemos conceber que um homem como Adolf Hitler, um dos criadores do nazismo e produtor da maior tragédia que a humanidade assistiu, não seja o resultado de uma semente plantada numa sórdida infância; numa juventude odiosa; num soldado que participou da 1ª Guerra Mundial de forma medíocre, de um pintor que vendia os seus trabalhos por alguns níqueis, para não morrer de fome.
No final da 2ª Guerra Mundial, após o seu suicídio, encontraram em seus pertences uma lança produzida e usada há séculos. Segundo os estudiosos, essa lança era uma relíquia religiosa; ou seja, a lança que o soldado Longino ou Longuinho perfurara o corpo de Jesus Cristo para constatar a sua morte. Considerando essa hipótese provável, segundo alguns pesquisadores, a loucura de Hitler para localizar a Arca da Aliança, pode não ser uma ínfima ficção.
Receita
PONCHE
Ingredientes: 4 laranjas, 3 carambolas, 1 caixa de morango, 1 abacaxi, 4 maças, 4 peras, 1 litro de guaraná gelado, 1 garrafa de Champagne, xarope de groselha a gosto, gelo a gosto.
Modo de fazer: Lave bem as frutas e as corte em tamanhos pequenos, depois é só misturar as frutas e as bebidas, a groselha a gosto e servir bem geladinho.
Se quiser não alcóolico tire a champagne e coloque mais guaraná ou soda.
Por Adriana Padoan