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segunda-feira 23 dezembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – Superman: o filme – a criação

I – Pensamentos
As pessoas se encontram, se amam, constroem mundos projetados dentro de si mesmas e, seguindo os passos da natureza, geram filhos. No fundo dos recém-nascidos há ideias, vontades, desejos, e uma espécie de destino costurado no avesso da pele de cada um. Esse propósito tatuado na alma, dos homens e animais, quando as flores enfeitam o corpo da Terra, produzem universos imaginários, surreais, que impulsionam o planeta em direção ao seu futuro próprio. O homem escritor, por exemplo, pode gerar histórias retiradas das pedrinhas espalhadas nos fundos dos lagos; o pássaro João-de-Barro, flechado pelo amor que, na lua ou nos raios de sol, juntam a vida sobre o calor que rodeia o existir e, assim, projeta a sua casa de barro retirado das margens dos rios, para amarrar-se ao corpo da amada, e gerar outros pássaros, tão lindos como o céu que lhes permitem projetar amor em outras dimensões.

II – O jornal
A hora era chegada e a imprensa ocupou o seu lugar no tabuleiro desenhado no chão, chamado amarelinha, e pulando com um ou dois pés, progrediu como o vento sem lugar determinado para a chegada. Na evolução desse princípio escrito, entre notícias locais, nacionais, propaganda de produtos caseiros; no ano de 1895, o desenhista Richard Outcault publicou, num jornal, uma tirinha narrando as histórias do “Menino Amarelo”, criando as chamadas histórias em quadrinhos. O seu personagem era um garoto careca, seus dentes eram tortos, não usava sapatos, vestia uma camisola amarela bem larga, vivendo perambulando pelas ruas arquitetando seus minutos e lutando pela sobrevivência.

Em 1931, período da depressão econômica, social e cultural, nos Estados Unidos e em todos os becos do mundo, o jovem Shuster, bom na arte do desenho, conheceu Jerry Siegel, especialista em criar histórias, jamais imaginadas. Os dois rapazes estudavam em Glenville High School em Cleveland, tendo na cabeça e nas proximidades do peito, milhares de ideias. Conversando com professores e amigos, conseguiram trabalhar no jornal da escola, o “Gleveland Torch”. Em 1933, sempre apoiados pelos amigos, no terceiro número da revista Science Fiction, uma publicação independente, lançaram o conto “The Reign of the Superman”, dando vida a um ser humano dotado de superpoderes.

O conto analisa e fotografa as consequências da queda da Bolsa Americana nas ruas de Nova York. A trama parte da presença de um personagem chamado “Bell Dunn”, esfomeado, rasgado, humilhado, aguardando um prato de comida, na fila do movimento pela ação social. Sem esperança, é abordado por um cientista, o professor “Ernest Smalley”, que o convida para servir de cobaia em um experimento que estava desenvolvendo. Ele pagaria com alguns dólares, roupa e comida. O professor encontrara um meteoro que caíra perto de um deserto. A rocha, que viera pelos céus, continha elementos químicos que, para a surpresa do cientista, não faziam parte e nem constavam da tabela periódica. Ele, como estudioso, separara esses elementos e, por isso, buscava um ser humano capaz de permitir que esses produtos desconhecidos penetrassem em seu corpo. Dunn, diante da crise econômica que o país vivia, aceitou a proposta.

No silêncio da noite, durante o mistério do espaço, no transcorrer das conversas estrelares, Dunn, no centro de pesquisa do cientista, recebeu a essência meteórica em seu corpo. Os seus poderes telepáticos multiplicaram-se, sua força moveu ação e pensamento e, sem registro, nascia o Super-Homem.

Os dois amigos bateram nas portas das editoras, das produtoras de revistas, oferecendo a criação de um herói que estava dentro de cada homem. A Editora D C Comics se interessou pela história, pelo herói, pelo seu poder, pela capacidade de romper todos os obstáculos. A Editora, que já era especializada em quadrinhos, comprou a imaginação dos autores por 130 dólares, no dia 01/03/1938.

Em 1992, Shuster sentou-se em uma velha cadeira de balanço, estava com 78 anos, olhou para as constelações que perpetuavam seu lugar no infinito. Shuster as contemplou, por um instante, brevíssima fatia de tempo, viu o seu Super-homem atravessar os roteiros guiados pelos astros e, logo depois, o coração de Shuster parou, silenciou-se, e o Super-Homem retornou à sua casa.

Siegel, em 1996, aos 81 anos, caminhava pela praia quase deserta, ouvindo a voz inclassificável do mar. Passou uma estrela sobre a sua cabeça; logo adiante, viu a lua boiando sobre as ondas do mar que lavavam as pedras escuras e as rochas misteriosas, que nasceram nas águas profundas de um oceano sem fim. A constelação de Pégaso aproximou-se da constelação de Andrômeda. Siegel sentiu o fraquejar das pernas; ajoelhou-se ao lado de um caracol, viu o seu personagem poderoso brincar com a eternidade e, diante dessa cena, o seu corpo entregou a alma do contador de história, ao rei de todos os universos que mora na realidade da vida.

A ideia chegou na consciência de Ylia Salkind, diretora de filmes e produtora de televisão; não lhe pediu licença, apenas plantou em seu eu o desejo de realizar um filme sobre o Superman, naquela tarde do ano de 1973.
Os Salkind compraram os direitos autorais D C Comics, depois de muita pressão, processos, discussões jurídicas. Ela e seu pai contrataram o escritor Mario Puzo para escrever o roteiro. Os roteiristas Robert Benton e David Newan ajudaram a enxugá-lo, o máximo possível. A direção depois de percorrer varias possibilidades ficou com Richard Donner.

O papel de Super-Homem foi oferecido a Robert Redford que, por sérias circunstâncias não aceitou. O ator Burt Reynolds o recusou por sentir-se incapaz de fazê-lo. Paul Newan, ator consciencioso chegou a ler o roteiro com atenção, mas desistiu por problemas pessoais.

A chegada de Christopher Reeve surgiu como quem vem para ficar. Era jovem, alto, mas tremendamente magro. Realizaram uns duzentos testes porem os detalhes retornaram ao zero, ao ponto de partida. A escolha recaiu sobre Christopher Reeve, após realizar meses de exercícios físicos orientado por David Powse; Reeve sentiu, após o longo treinamento a sombra do Superman entrar e invadir a sua personalidade.

III – Superman – o filme
O filme tem como ponto de partida a preocupação de apresentar, aos terráqueos, a verdadeira origem do personagem.

O herói nasceu no planeta Krypton, prova irrefutável de que há outras formas de vida por esse espaço sem fim. O longa-metragem tem o seu princípio, abordando um fato que conhecemos muito bem, ou seja, um julgamento. O pai do protagonista Jor-el, chefe de um conselho administrativo, apresenta provas apontando que houve uma tentativa de revolução, encabeçada pelo general Zod, Ursa e Non para a tomada da Zona Fantasma. Por outro lado, Jor-el tenta convencer os habitantes e o conselho que o planeta Krypton será destruído quando o sol vermelho entrar na estação da Supernova.

Diante da dificuldade de ser ouvido, o seu pensamento como cientista, concentra-se na salvação de seu filho, Kal-el, recém-nascido. Ele e a mãe colocam o filho numa nave espacial projetada para atravessar todas as barreiras possíveis e o lançam em direção a Terra, um planeta que possui a mesma atmosfera de Krypton. A Terra, além de ter a mesma estrutura molecular dará à criança poderes sobre-humanos. Minutos após o lançamento, o sol de Krypton explode, destruindo totalmente a vida naquele planeta.

IV – A dimensão do universo
A nave, devido à distância, leva três anos navegando pelas dimensões inexplicáveis do universo. Em uma manhã, das mais comuns, numa fazenda, nas terras de Esmallville, Kansas a nave de Kal-el pousa em terra firme, deixando um rastro profundo, uma forma de assinatura que avalia o desequilíbrio dos fatos.

O garoto é encontrado pelo fazendeiro Jonathan e Martha Kent, que trocavam o pneu de um velho caminhão. Martha não tivera filhos, portanto, o encontro do menino representa um fato místico, religioso, psicológico. Diante de um fenômeno que invade qualquer domínio científico, o menino, sorrindo, ajuda seus primeiros contatos na Terra, a trocar o pneu do caminhão, erguendo-o com os seus dois bracinhos.

Prezados leitores, amigos de todas as semanas. A história de Superman passa pela linha que costura a filosofia, a antropologia, os tratados mitológicos, a psicologia, a sociologia, refletindo e documentando os processos da criatividade, da imaginação que suporta a literatura.

As suas histórias embalaram os sonhos infantis, adolescentes e adultos; marcaram a nossa forma de viver e sentir. Por esses motivos tão sérios, tão arrojados para dentro de todos nós, resolvemos dividir a fabulação do filme em dois capítulos, em duas partes.

Espero que todos entendam. Um beijo da Terra e outro de Krypton.
Adriana

Receita
BOEUF BOURGUIGNON

Ingredientes:
300 g de filé-mignon em cubos; 50 g de bacon em cubinhos; 30 g de cebola picada; 20 g de alho picado; 40 g de alho poró picado; 20 ml de azeite de oliva; 100 ml de caldo de legumes; 100 ml de vinho tinto seco; 1 ramo de alecrim; 2 cebolas picadas; 3 cenouras baby; 3 cogumelos-de-paris; 500 g de fettuccine.

Modo de fazer: Doure o bacon no azeite, junte os cubos de carne e sele-os rapidamente. Acrescente o alho-poró, a cebola, o alho e o alecrim. Abaixe o fogo e adicione o vinho. Cozinhe até evaporar o álcool e deixe o caldo mais grosso. Cozinhe o fettuccine até ficar al dente.

Para servir:
Coloque uma porção do fettuccine num molde redondo. Ao lado, disponha uma porção do bouef bourguignon. Sirva ainda quente.

por Adriana Padoan