I – O tempo
Era uma vez. Noite fria de Dezembro. A época marcava o inicio do século XIX. A cidade com sua feição era Nova Iorque. O vento soprava o rosto do Norte, Sul, Leste e Oeste. Ruas desertas. Escuridão. Deserto sem movimento. No final da rua, uma casa, única casa iluminada. As chamas da lareira anunciavam o próximo acontecimento.
II – A casa
Casa simples. Paredes gritando amor, carinho, afeto, compreensão. Neste pequeno espaço morava um homem poeta, uma mulher mãe e seis filhos. As crianças sentadas em frente à lareira. A mãe ao lado dos filhos. O poeta sentado numa poltrona. Seus olhos observavam os detalhes da vida. A mãe e os filhos tentavam transformar o mundo, montando uma arvore de Natal. Flores. Galhos de árvores. Desenhos coloridos. Frutas semelhantes ao arco ires. Entre risos e comoções, a árvore subia.
III – As meias
O filho mais velho, por um momento, olhou o infinito. Levantou-se; subiu as escadas; entrou no quarto. Abriu uma gaveta, retirou seis pares de meias, desceu novamente a sala. A voz expressava alegria: – Mamãe! Mamãe! Trouxe as meias para pendurá-las na lareira. Isso, esse gesto, é principio do sonho.
IV – Nascimento da poesia
O olhar do pai Clemente Clark Moore, percorria a cena. O seu olhar filtrava a alegria da mãe, o encantamento dos filhos. Na verdade, esse encantamento tinha um nome, uma certidão de batismo, chamava-se família. O poeta caminhou até a janela, abriu-a. Olhou a rua, silêncio, solidão, neve despencando do céu como flocos em forma de algodão. Fechou a janela; foi até a cozinha; observou a mesa coberta por rosquinhas de natal. Cada rosquinha apresentava o rostinho de um símbolo natalino: estrelas, renas, pinheiros, sinos, frutas, coração. Rosquinhas bordadas na massa de trigo, açucaradas da mesma cor dos flocos de neve.
V – O parto
Clemente Clark aproximou-se de uma escrivaninha; abriu a gaveta, pegou sua pena, o tinteiro, uma folha de papel e olhando o mundo encantado que observara; sentiu a emoção do Natal. A emoção que afaga a alma, o corpo, o coração. A inspiração tocou-lhe os dedos. E o texto, como um feto lindo, começou a nascer. O texto, pela sua imaginação, assumiu os traços de uma criança que morava em sua alma.
VI – A produção
O poeta, como todo poeta, escreveu sem parar, passando para o papel a emoção transbordada, através de sua respiração ofegante. Antes, que o sino da igrejinha soasse, colocou um ponto final, ao seu texto. Permaneceu um tempo calado. A ansiedade invadiu a sua alma e o levou à leitura do poema que acabara de escrever. A vida estava no texto, a história do Natal também estava no texto, as renas deixaram as possibilidades de realização de todos os sonhos e emoções, o riso do bom velhinho formou uma moldura sobre a sua pele. As lágrimas rolaram em seu rosto, lágrimas geradas no coração das verdades possíveis.
Oferecimento:
Como presente de Natal aos meus leitores, transcrevemos abaixo o texto do poeta Clememte Clark Moore.
Uma visita de São Nicolau
Era véspera de Natal e nada na casa se movia,
Nenhuma criatura, nem mesmo um camundongo;
As meias com cuidado foram penduradas na lareira,
Na esperança de que São Nicolau logo chegasse;
As crianças aconchegadas, quentinhas em suas fronhas,
Enquanto rosquinhas de natal dançavam em seus sonhos;
Mamãe com seu lenço e eu com meu gorro,
Há pouco acomodados para uma longa soneca de inverno;
Quando no jardim começou uma barulhada,
Eu pulei da cama para ver o que estava acontecendo.
Para fora da janela como um raio eu voei,
Abri as persianas e subi pela cortina.
A lua no colo da recém-caída neve,
Dava um lustro de meio-dia em tudo em que tocava,
Quando, para meus olhos curiosos, o que apareceu:
Um trenó miniatura, e oitos renas pequenininhas,
Com um motorista velhinho, tão alerta e muito ágil,
E eu soube, na mesma hora, que era São Nicolau.
Mais rápido que uma águia vinha pelo caminho,
E assobiava e gritava e as chamava pelo nome;
“Agora, Corredora! Agora, Dançarina! Agora, Empinadora e Raposa!
Venha, Cometa! Venha, Cupido! Venham, Trovão e Relâmpago!
Por cima da sacada! Para o topo do telhado!
Agora fora, depressa!
Fora todos, bem depressa!”
Como folhas revoltas antes do furacão,
Sem encontrar obstáculos, voaram para o céu,
Tão alto, acima do telhado voaram,
O trenó cheio de brinquedos e São Nicolau nele também.
E então num piscar de olhos, ouvi no telhado
O toque-toque e o arrastar dos casquinhos.
Como um desenho em minha cabeça, assim que virei
Descendo a chaminé São Nicolau vinha resoluto
Todo vestido de peles, da cabeça até os pés,
E com a roupa toda manchada de cinzas e carvão;
Um saco de brinquedos em suas costas,
Parecia um mascate ao abrir o saco.
Seus olhos – como brilhavam!
Suas alegres covinhas!
Suas bochechas rosas, seu nariz como uma cereja!
Sua boquinha sapeca curvada para cima como num arco,
A barba em seu queixo tão branca como a neve;
O cabo do cachimbo bem preso em seus dentes,
A fumaça envolvendo sua cabeça como uma guirlanda;
Tinha um rosto redondo e uma barriga grande,
Que sacudia, quando ele sorria, como uma tigela de geleia.
Era gordinho e fofo, um perfeito elfo velhinho e alegre,
E eu ri quando o vi, sem poder evitar;
Uma piscada de olhos e um aceno de cabeça,
Na hora me fizeram entender que eu nada tinha a temer;
Não disse uma só palavra, mas voltou direto ao seu trabalho,
E recheou todas as meias; então virou no pé,
E colocando o dedo ao lado do nariz,
Acenando com a cabeça, a chaminé escalou;
Pulou em seu trenó, ao seu time assobiou,
E para longe voaram, como pétalas de dente-de-leão.
Mas ainda o ouvi exclamar, enquanto ele desaparecia
“Feliz Natal a todos e para todos uma Boa Noite!”
Esta receita foi inspirada pelo verso: “ Enquanto rosquinhas de Natal dançavam em seus sonhos”.
Rosquinhas de Natal
Ingredientes:
250 g de farinha de trigo; 100 g de açúcar confeiteiro, 100 g de margarina; 1 ovo; 1 gema; essência de limão a gosto( ou outro sabor); Glace real e corante.
Modo de fazer:
Primeiro você deve misturar a manteiga com a farinha, em seguida adicione o açúcar, o ovo, a gema e a essência. Misture bem até obter uma massa bem lisa. Enrole a massa em um filme plástico e leve a geladeira por 30 minutos. Depois abra a massa com um rolo na espessura de meio centímetro. Coloque no meio de um plástico filme e cubra com outro plástico filme ( assim fica mais fácil abrir a massa e não gruda). Corte com o cortador de biscoito com desenho de sua preferencia. Coloque em forma ( não é preciso untar) e leve ao forno pré-aquecido a 180 graus, por 10 minutos ou até corar. Dica: Fique sempre de olho, porque elas assam bem rápido, cuidado para não queimar. Espere esfriar. Prepare o glace real conforme instrução de embalagem e coloque em saquinhos para confeitar. Agora é só abusar da criatividade para decorar. Deixe secar o glace.
Por Adriana Padoan