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domingo 5 janeiro 2025
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Comilanças Históricas e Atuais – Sete homens e um destino entre o gatilho e a psicologia

I – O gelo
O vento falou a sua linguagem durante todas as horas do dia. A natureza resolveu, após varias reuniões, transformar-se em lindos blocos de gelo. Um bicho, que por milagre sobreviveu; era um animal amante dos números e dos cálculos. Através dos números, calcularam que os fenômenos ocorreram em torno de 12.000 a.C. Mesmo nesta situação, esse homem dominou a temperatura, e deu início ao desenvolvimento humano dentro de um espaço chamado Japão.

O poder organizador vindo do cosmo criou o chamado período paleolítico. Essa faixa de tempo pode ser considerada o primeiro período da pré-história. Essa história estava no ventre do tempo, nascendo aos poucos. As primeiras pessoas surgiram no Japão, procurando deixar rastros no corpo de uma terra ainda estranha. Vamos acreditar por dever de sombreamento que fica no interior do corpo, que essas pessoas sexualizaram-se, sentiram-se, gostaram-se em busca do calor que marca a vida. E o tempo passou…Passou…Passou e foi caminhando as distâncias, mas o Japão já era uma grande realidade.

II – O cinema japonês
Pulando a cabeça dos séculos, o cinema chegou no Japão em 1890. Esse período girava-se em direção algum lugar; mudanças sociais, alterações políticas e econômicas que carimbaram um pedaço de tempo chamado Era Meije (1868 a 1912).

Nesse pedaço da história, aconteceu no Japão, mais precisamente no ano de 1897, a primeira exibição de um filme. O sucesso namorou o gosto pessoal e dentro em breve, a paixão pela telona e história em movimentos desceu sobre a alegria dos japoneses.

Na década seguinte, criou-se no país uma indústria especializada na realização de filmes sobre os Samurais, homens que lutavam, adquiriam capacidades supremas na proliferação de novos golpes revolucionários, em nome dos instintos de defesa, rapidez de ventania no domínio da espada, e Eros e Tanatus presenciavam as lutas.

III – Akira Kurosawa
Tudo isso aconteceu, mas pelos limites do espaço, necessitamos marcar um encontro com Akira Kurosawa, um dos nomes mais significativos do cinema do país do sol nascente. Kurosawa nasceu em Tóquio em 23 de março de 1910. O menino era gamado pela cultura ocidental. Nos finais de semana levava a família para ver os filmes americanos que, por causa das transações culturais penetravam nos cinemas japoneses. As cenas, as histórias, os heróis, os anti-heróis, ficavam em sua cabeça no percorrer da semana.

Em 1936 viu um anuncio num jornal chamando pessoas para um teste de assistente de diretor, um faz tudo. Ele entrou no mercado do cinema, agarrou-o pela garganta, e nunca mais o deixou. O seu primeiro trabalho foi “Sugata Sanashiro” (1943) e o último, término de uma existência foi “Depois da chuva”.

IV – Sete Samurais
Vamos ao que nos interessa para esse artigo. No ano de 1954, Furokawa lançou o filme “Os Sete Samurais”. O filme impressionou o mundo pela técnica criada aos enquadramentos, aos ângulos focalizando os espaços vazios dos combates, o medo espelhado no olhar, a psicologia dos personagens extravasando nas lentes das câmeras. Filmar o silêncio, o pensamento vagando pelo espaço de cada Samurai, tudo cheirava ao uma revolução completa.

V – A história do filme
No século XVI, durante a Era Sengoku, quando os poderosos Samurais de outrora estavam com os dias contados, pois eram desprezados pelos seus aristocráticos homens de dinheiro e poder. Kambei, um guerreiro veterano, sem dinheiro, chega a uma aldeia indefesa que fora saqueada várias vezes por bandos de ladrões e assassinos. Os moradores do vilarejo pedem sua ajuda fazendo com que Kambei recrutasse outros Samurais, que concordando em ensinar aos habitantes da vila como se deveriam defender-se. O trabalho dos Samurais recebia como pagamento pratos de comida.

Os aldeões recebem muito bem os Samurais e os relacionamentos tem início. Um Samurai se apaixona por uma mulher da aldeia. Outro Samurai por personalidade própria, mantem certa distância dos aldeões. O último Samurai que chega, mas que na verdade é um camponês em busca de reconhecimento também se integra ao grupo.

Derrotados os bandidos, quatro dos Samurais jazem debaixo da terra – os Samurais foram enterrados como gostariam de ser; a espada marcando o lugar do túmulo, da morte, da lembrança.

VI – Hollywood – Os Sete Homens e um Destino – 1960
Vamos começar pelo diretor do filme John Sturges. A sua primeira preocupação era ter a consciência e ousadia de refilmar Os Sete Samurais de Furokawa. O seu primeiro embate, mesmo em época diferente, foi associar a imagem do Samurai japonês ao pistoleiro Norte Americano, pois quatro séculos separam a vivência, a essência, a vida, e a emoção entre os dois produtos históricos criados por duas nações completamente diferentes.

A história apresentada por Sturges parte de princípios já narrados diante das bocas e das línguas do fogo das fornalhas de inverno: existia no México, país cordato aos Estados Unidos, uma vila pobre habitada por agricultores que, de acordo com o mercado e a fome são assaltadas por um grupo de bandoleiros liderados pelo bandido Calvero. Esse fora da lei assaltava, estuprava, roubava, impedindo que as crianças frequentassem escolas ou que o padre falasse o que não devia na igrejinha da vila.

Para que Sturges apesentasse sete samurais de relevo contratou os grandes astros do estrelato americano: Yul Brynner, Eli Wallach, SteveMacQueen, Charles Bronson, Horst Buchhotz.

VII – A abertura diferente – presença de Tanatus
A pequena cidade vizinha a vila possuía um cemitério. Somente os homens brancos, as mulheres, os jovens, as crianças, os idosos brancos podiam ser enterrados naquelas terras.

Um índio faleceu ao anoitecer; dizem que antes de morrer contou as estrelas do céu, cantou uma canção da época que os índios observavam o mundo pelo suspiro das montanhas. Na cidade havia um agente funerário; pois não havia necessidade de outro; era abuso sem justificativa; só um carroção carregava os corpos sem vida para o campo santo. A família do índio vestiu-lhe a roupa que, em vida, mais gostava. Puseram o corpo no caixão e o ataúde na carroça. O agente funerário recusou a fazer o seu trabalho; não havia quem conduzisse a carroça; os chefões da cidade não permitiam a presença de um índio naquelas terras de brancos. Seis pistoleiros postaram-se nos portões do velho cemitério, para impedir a passagem da carroça caso alguém ousasse fazê-lo. Silêncio! Suspense! Medo!
De repente, Yul Brinner, vestido de preto, pistoleiro que estava de passagem disse: “Eu dirijo a carruagem”! Outro pistoleiro, também visitante representado por SteveMacQueen, repetiu: “eu ajudo”.

A carruagem partiu. Acenderam centenas de charutos. Pararam na frente dos pistoleiros que proibiam a passagem. Houve tiroteio. Dois guardas ficaram feridos, não eram tão rápidos no gatilho. A carruagem passou, o índio foi enterrado; houve festa na cidade.

VIII – Roupa preta
O personagem vestido de preto é o pistoleiro Chris Adans, possuidor da lenda da rapidez no gatilho vinda do velho oeste, veste-se de preto, representando a neutralidade, o mistério, o medo carregado pela memória emocional.

Ninguém sabe o que está fazendo na cidade, talvez fugindo de si mesmo. O pistoleiro Vin, representado por MacQueen, vestido com uma camisa meio rosada, identificando a posse de uma felicidade fingida, de uma alegria no meio da tristeza, um ser humano que está no limite da selvageria e a sensibilidade.

IX – Sofrimento e passado
Chris está no quarto de uma pensão, solitariamente. Batem à porta. Chris segura a arma e abre a porta, é um grupo de aldeões da vila que juntaram tudo que possuíam, entregaram ao pistoleiro e pediram a sua ajuda. Pela narrativa dos camponeses, não havia justiça, a lei nunca estivera presente, eles trabalham a terra, colhem, mas o excedente que poderia ser vendido, o bando de Calvera rouba, mata e amedronta. Calvera não despoja somente o alimento, ele arrebata o amor, o desenvolvimento econômico, a escola e o saber, a fé e a elevação do homem, a vida interior de todos os moradores.

Chris e Vin conseguem mais cinco pistoleiros, todos fugindo do passado próximo e de si mesmo: Charles Bronson, a força física como rachador de lenha faz Bernardo, um homem carinhoso, desejoso por um família, mas a vida o arrastou para o lado violento de um momento pertencente ao um país; Robert Vaughn, representa Lee, elegante, bem vestido, levando dentro de si a dicotomia da verdade psicológica; James Coburm, da vida a Britt, silencioso, vive o seu trauma rompido e disperso, sendo mais rápido com a faca. Hosrt Buchholtz, vive Chico, entra no grupo por insistência. Brad Dexter, vivido por Harry Luck, o sonho que se dispara mais rápido que o confronto.

X – A formação
Os pistoleiros treinam os camponeses da vila, na arte de se defender. Todos lutam contra Calvera e o destróem. Durante a luta cada pistoleiro revela pedaços, fatias de sua psique que está colada ao gatilho.

Bernardo morre para salvar três meninos e os orienta a respeitar os seus pais e a sua família. Brad Dexter morre acreditando que havia uma montanha de ouro na vila, por isso os pistoleiros estavam ali. James Caburn morre agarrado ao seu silêncio, ao seu mundo, como um autista que vê o que os outros não conseguem enxergar.

Robert Vaughan, o homem elegante, pistoleiro famoso, mas que não consegue mais matar, a covardia e o medo assumiram o seu estado psicológico. Se ele conversasse um minuto com Freud sairia com trezentas possibilidades no bolso. No entanto, durante o combate ele treme, transpira, lembra de sonhos; porém, num segundo ele abandona a psicologia, entra numa sala cheia de bandidos, mata meia dúzia e morre convicto que a psicologia não recupera bloqueios de ninguém.

Hosrt Buchholtz, Chico, o sétimo pistoleiro por insistência, se apaixona, rompe os destinos traçados tornando-se um camponês sem ódio e sem rancor.

XI – A tradução
O nome do filme em inglês é The Magnificente Seven. A palavra magníficus vem do latim carregando nas suas costas a descrição de uma pessoa nobre, gloriosa, praticante de grandes gestos. O Brasil, país que tem um dos seus pés no misticismo traduziu o filme como Sete Homens e um Destino ou aquilo que é programado para cada ser humano passar nessa terra.

XII – A grande vitória
A noite passando fora da janela, em corrida frenética de seu significado. No piano, na sala aquecida, Bernstein compunha a música The Magnificente Seven.

A sua música nasceu tão bela e forte que passou a significar todos os filmes de faroeste. No seu corpo musical, carregado de notas, atingiu o universo da publicidade e da fumaceira do Marlboro; esteve nos lábios de James Bond, aprofundou-se nas baterias de infinitas bandas de roque, acompanhou um grande número de desenhos animados. Como disse o Pica Pau, num de seus desenhos:

“Eu já sonhei.
Havia estrada e campos.
E estrelas caindo ao chão
Murmurando a música
Dos destinos de sete homens”.

Receita

ANCHOVA NO YAKIZAKANA

INGREDIENTES: 1 kg de filé de anchova com pele; 1 ½ colher (sopa) de sal; ½ xícara (chá) de Sake Mirin Kenko; ½ colher (sopa) de gengibre ralado; 8 colheres (sopa) de nabo ralado; Sakura Premium à gosto

MODO DE FAZER: 1. Coloque o peixe em uma peneira com a pele voltada para baixo e polvilhe 1 colher (sopa) de sal uniformemente. Coloque a peneira com o peixe em uma vasilha e reserve durante 1 hora na geladeira. 2. Após esse período, seque a umidade do peixe com papel toalha, tempere com Sake Mirin Kenko e deixe marinando na geladeira por mais 15 minutos. 3. Em seguida, seque a umidade novamente com papel toalha e faça cortes decorativos na pele. Salpique o restante do sal sobre a pele (chama-se kazari-shio, sal para decoração). 4. Em uma frigideira, aqueça um fio de óleo, grelhe a parte da carne por 8 minutos, em fogo médio, vire o peixe e grelhe por mais 5 minutos até dourar. Sirva o peixe com gengibre, nabo ralado e Sakura Premium à gosto.

Por Adriana Padoan