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terça-feira 24 dezembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – Quando nada dá certo

I – A causa
Esses dias sombrios que caminham pelas ruas do Brasil, levou-me a assistir ao filme “Um dia de cão”, uma obra cinematográfica que trabalha com a realidade escondida atrás das câmeras, mais ou menos, o que vem acontecendo no cenário econômico, político; na crise que vive e se oculta no manto da mentira, do desemprego, da fome, do descrédito do nosso país diante de um mundo convulsionado pela violência.

II – Um dia de cão
O filme foi lançado em 1975, no exato momento em que os Estados Unidos da América do Norte, estão pasmados e desolados no meio das ruas. A ansiedade toma conta da nação, colocando o povo diante de fatos que abalam o psiquismo e as incertezas apresentadas por um estado dolorido, por um futuro cuja fotografia não revela lugar nenhum.
Os estudantes, os trabalhadores, as mulheres, os jovens desempregados gritam palavras de ordem contra a Guerra do Vietnã; os olhares refletem a incompreensão pelo uso da bomba napalm, destruidora de aldeias empobrecidas dos vietnamitas.
Nas casas, nos apartamentos dos americanos, os noticiários televisivos apresentam as verdades do famoso escândalo de Watergate, uma celeuma que provocou a renúncia do presidente Richard Nixon. A nação mais poderosa do mundo, não conseguia entender o caminhar alienado e intolerante de sua própria história.

III – Dia de cão: fatos reais
Nessa sociedade americana vivia, num bairro de Nova York, um jovem chamado John Wojtowcz, funcionário de um banco, casado e pai de dois filhos. Em uma noite, das mais comuns, conheceu Ernest Aron, um transexual, que fora batizado com o nome de Elizabeth Eden. Considerando que a vida não exige explicações, não profetiza acontecimentos próximos ou distantes, John apaixonou-se por Aron, uma paixão sem rosto, temperatura, causa ou consequência. Namoraram sob a visão provocativa dos dias ensolarados, frequentaram os teatros, cinemas, shoppings, praças, restaurantes e ambientes solitários.

Em uma manhã, de um mês de abril, colocaram o carro na estrada, entusiasmaram-se com a paisagem que passava carregada pelo vento e velocidade. Ao anoitecer, sob o encanto das estrelas, donas de infinitas histórias, dormiram num hotel situado em uma praça rodeada de jardins, ponto turístico do novo Estado que motivara a viagem. No dia seguinte, sem festa, sem convidados, casaram-se na igrejinha localizada nos pés de uma montanha. O casamento em si não marca essa história, que a realidade, na maioria das vezes, passa à distância.

O estigma estampado no tecido descolorido da sociedade, estava nas ações encobertas pelo passado, ou seja, Aron tentara o suicídio várias vezes, por um motivo muito pessoal, não conseguia dinheiro para pagar uma cirurgia de transgenitalização, mais conhecida como mudança de gênero, pois Aron sonhava em ser e viver como Elizabeth.
John Wojtowcz, tentando solucionar o problema de seu casamento, uniu-se a um assaltante de carros e, juntos, assaltaram o Chase Manhaltan Bank no Brooklyn, na busca do dinheiro para a cirurgia de Aron. O plano fora pensado para durar uns 10 minutos, coisa rápida e acabou durando 14 horas, nove reféns, centenas de policiais, o interesse da população local e da mídia.

O amigo de John foi morto durante o desenvolvimento dos fatos. John foi preso. Em seu período de presidiário, depois de muita negociação, vendeu o direito de sua história para a Werner produzir um filme. Com esse dinheiro, pagou a cirurgia de Aron, realizando um sonho, um feito de cavaleiro medieval, executando os desejos mais profundos do amado. Ao sair da prisão, no entanto, Elizabeth havia se casado com um rapaz de 18 anos, deixando Wojtowcz com sua história, sua desilusão, vivendo o sonho americano que nunca se realizará.

IV – O filme “Um dia de cão”
O filme “Um dia de cão” foi lançado, como já falamos, em 1975. O roteiro foi escrito por FranK Pierson, com base nos artigos jornalísticos de P. F. Khuge e Thomas Moore. Por outro lado, para completar o enredo, entrevistou policiais que trabalharam no caso, vários reféns, familiares dos assaltantes e, por várias horas, colheu depoimentos de Aron.

A direção, um trabalho inovador na história do cinema, foi uma realização de Sidney Lumet. Para o papel de John Wojtowcj, Sonny no filme, Lumet entregou o argumento ao ator Al Pacino, que o transformou na condição de ganhador do Oscar de melhor roteiro do ano. O assaltante, companheiro de Sonny, foi interpretado por John Cazale, que vestiu o personagem com trajes costurados na profundidade do olhar.

O filme inicia apresentando cenas de Nova York, descompromissadas com o enredo ou com sequências específicas. O trânsito, trabalhadores de rua, bancos, filas, pessoas conversando nas praças, praia, vendedores de jornais. Essas tomadas surgem e desaparecem ao som da música de Elton John, indicando normalidade, dia comum e corriqueiro.
Somente na porta do banco, dentro de um carro parado, percebemos os ladrões e o rádio ligado. Eles entram no banco, carregando caixas compridas de presente. São em três, porém, um desiste, ação que demonstra a imaturidade do assalto. A dupla Sonny e Sal anunciam o roubo; as funcionárias e o gerente levam Sonny até o cofre, que está vazio, o dinheiro fora levado no dia anterior. A Câmera filma a expressão no rosto de Sonny, em seu pensamento desfilam imagens de Aron, a cirurgia, a frustração, o desamparo. Al Pacino interpreta um ladrão sem jeito, trejeitos, gestos, a voz denuncia a presença do medo, da ansiedade, a ingenuidade misturada ao desespero. Tenta colocar os reféns no cofre, no entanto, percebe a movimentação da polícia do lado de fora. Ao mesmo tempo, por motivos óbvios, a televisão descobre o cerco policial ao banco, o motivo do assalto, e a população movida e agitada pela mídia, aglomera-se diante da casa bancária como se fosse o palco de um teatro.

Sonny abre a porta do banco para negociar com a polícia; é aplaudido pelo povo e, aos poucos, o bandido se transforma em herói, a sua história comove a população formada por jovens, mulheres, estudantes e trabalhadores.
A partir dessa cena, o diretor liberta o ator, permitindo que o improviso comande o espetáculo, e Al Pacino ultrapassa os limites da criatividade.

Não podemos esquecer os detalhes que confrontam a história real e arte da adaptação cinematográfica. Os jornalistas disputam os espaços possíveis para fotos e entrevistas, o povo delira torcendo pela dupla de bandidos, um entregador de pizzas dança durante a entrega dos alimentos, um refém negro, que passa mal durante o conflito, quase é morto pela polícia.

Os reféns são atingidos pela Síndrome de Estocolmo, começando a simpatizar-se com os assaltantes. A chegada de Aron ao local do assalto, o interrogatório policial, a conversa com Sonny e Aron, transformam o filme ”O dia de cão” no primeiro filme a abordar o problema homossexual pela ótica da transexualidade; o problema do racimo na cena determinante do refém negro confundido com um dos assaltantes.

No final, como no enredo verídico, um dos assaltantes é silenciado pela polícia; Sonny é preso como mentor da situação, o povo volta para a casa, a câmera filma vários cachorros cruzando a rua, e o dia passa diante das câmeras, carregado de drama, comédia, violência, problemas sociais a serem discutidos.

Receita

SALSICHA EMPANADA COM CREME DE QUEIJO E BACON

Ingredientes: 2 dentes de alho médios; 1/2 cebola cortada em pedaços médios; 1 colher (sopa) de manteiga sem sal; 1 caixinha de creme de leite; 1 copo de requeijão; sal e pimenta-do-reino moída a gosto; 25 g de queijo provolone ralado fino; farinha de empanar; ovos batidos; salsichas aferventadas; fatias finas de bacon.

Modo de preparo: No processador coloque 2 dentes de alho médios, ½ cebola cortada em pedaços médios e bata até formar uma pasta. Reserve. Numa panela aquecida em fogo baixo derreta 1 colher (sopa) de manteiga sem sal, a pasta de alho e cebola e deixe murchar por 3 minutos. Adicione 2 colheres (sopa) de farinha de trigo e misture rapidamente. Retire a panela do fogo para incorporar 1 caixinha de creme de leite e 1 copo de requeijão com o batedor de arame. Tempere com sal e pimenta-do-reino moída, volte a panela para o fogo sem parar de mexer e cozinhe até engrossar e soltar do fundo da panela. Apague o fogo, acrescente 25 g de provolone ralado e misture bem. Transfira a massa para um prato e cubra com filme plástico. Leve à geladeira até esfriar. Reserve. Pegue 1 salsicha aferventada e enfie 1 palito de madeira. Depois envolva a salsicha na massa de queijo e aperte bem com as mãos para não soltar. Envolva com uma fatia fina de bacon. Passe na farinha de empanar, nos ovos batidos, na farinha de empanar novamente nos ovos batidos e finalize na farinha de empanar. Repita o processo com as outras salsichas. Frite em uma panela com óleo em temperatura média por +/- 2 minutos ou até dourar. Retire da panela, coloque em um prato com papel absorvente e sirva em seguida.

Por Adriana Padoan