I – O fabelmans
Em inglês fabel significa fábula, algo que nasce no horizonte e, como uma boca de vento, narra histórias acontecidas e aquelas que estão em fase de elaboração na mente humana. O Fabelmans é uma história baseada na vida do diretor, criador, sonhador Steven Spielberg.
II – A vida
O personagem Sammy Fabelman, aos 6 anos, caminhando nas ruas do Arizona, pós Segunda Guerra Mundial, vai ao cinema pela primeira vez, assistir ao filme “O maior espetáculo da Terra”, dirigido por Cecil B De Millé’s, estrelado por Charlton Heston, Cornel Wilde, James Stewart.
O filme busca apresentar todos os elementos para manter um circo em funcionamento. No interior do circo estão os artistas, as vidas escondidas em cavernas fechadas após cada espetáculo. Nessa noite, onde tudo parecia bem, os trilhos da linha férrea estavam em seus devidos lugares, os animais se amavam no chão das jaulas, os trapezistas brincavam com as meninas que apresentavam o voo pelo espaço e as forças dos braços segurando uma pequena barra de ferro. Sem avisos e horários marcados acontece um horrível acidente de trem. As locomotivas voaram empacotadas pelo vento e os animais nada entenderam do que estava ocorrendo, os palhaços emudeceram e choravam e o filme penetrou a sensibilidade de cada pessoa que fazia parte do público.
III – O público
As cenas do acidente ultrapassaram o olhar do pequeno Sammy, naquele exato momento jurou ao seu coração que, dentro de cada segundo tornar-se-ia um cineasta. Durante os dias e as noites sonhava com filmes que moravam dentro de si. Todos os elementos das filmagens justificavam-se pelos movimentos dos seus sonhos e pesadelos.
IV – A câmera
Num dia de sol de setembro, ganhou uma pequena câmera de filmagem de seu pai; agarrado às suas memórias, corria pela casa filmando o que fosse possível e, ao mesmo tempo criando histórias escritas em uma folha de papel em branco. Mesmo brincando, correndo, inventando cenas, percebia a tristeza que se estendia pelos gestos do corpo de sua mãe, a solidão que procurava cobrir o som arrastado dos seus chinelos.
V – O andamento do processo
Fitando o formato de sua câmera, os seus olhos procurando por acontecimentos, as manivelas parecendo braços em movimentos, o seu porte assemelhava-se a uma caixa de mistérios; e um útero gerando imagens amarradas no corpo das lendas verdadeiras que estavam em seus ninhos. O filme que rasga por dentro e perde a noção do comprometimento com os destinos a serem fotografados. A sua câmera costumada a romper o tempo, descobriu o segredo guardado nos fundos de uma gaveta e que definiu o seu motivo de estar neste mundo. Da forma mais doída o personagem de Speilberg descobriu que a câmera revela a verdade das pessoas, mesmo uma estando dentro da outra e, nas maiorias das vezes, cravadas em nós mesmos. Não podemos nos afastar de um mandamento; a vida dos Fabelmans é uma aventura colada na infância do cineasta Speilberg, lutando a todo custo para tornar-se um diretor de filmes que estavam previamente fotografado no universo e no interior dos astros.
VI – As sequências
Esse filme, um revelador em sua vida, filmado no interior de sua casa, talvez seja a película mais pessoal, escancarada, fotografia de todas as coisas que estão e estavam em sua carreira. Esse filme permitiu que ele nos desse a suas mãos e nos levasse pelos caminhos feios ou bonitos, que desenhou com a sombra de sua alma.
A mãe de Speilberg aprendeu a tocar piano aos 5 anos. Os dias que vieram depois, sempre encontraram seus dedos no teclado do instrumento. Mas, porém, as calçadas existem, as pessoas caminham sobre elas, e um dia, na proximidade de uma sorveteria, encontrou o seu futuro marido. Como mulher que traz a música e o compromisso de mãe, abandonou o piano para cuidar dos filhos.
VII – A escola
Speilberg sentia, mesmo sem sentir, que era o único aluno judeu no ensino médio. Nos momentos que o cérebro se move para a esquerda ou direita, tinha um desejo incontrolável de negar a sua origem judaica. A vergonha caia a seus pés a cada instante mesmo quando sentia que sua casa ficava numa rua que, pelo contexto, era a única que podia acender apenas uma luz nas noites de natal. As demais casas pariam luzes coloridas, árvores de natal, presépios, renas, e as peripécias de Papai Noel.
VIII – A faculdade
No amanhecer dos dias, a caminho da faculdade, era perseguido, chutado, humilhado, sempre andava com o nariz sangrando, e um dos braços engessados. Aos 15 anos, por força de uma estrela atrevida, conheceu John Ford, o diretor de maior destaque na época, em Hollywood. As palavras partiam e retornavam, na partida havia esperança, no retorno surgiam carregadas de explicações, conselhos, como fazer com que o seu sonho penetre no vazio do outro.
IX – Início
No início de sua carreira, trabalhando em estúdio, assistiu ao filme “Lawrençe da Arábia”. A desconfiança andou pela sua corrente sanguínea, pensou que nunca conseguiria fazer uma beleza como esse filme: “deserto, mito, medo, tristeza, vida, morte, sol e camelo marcando as linhas do infinito”. Assistiu ao filme durante umas três semanas, a cada cena, longa ou curta, as técnicas começaram a entrar em seu coração.
X – Mudança
Mudou-se com a família para a Califórnia, olhando sempre para sombra de seu brilhante pai, homem projetado para os grandes negócios, mas um ser distante e amargo, falando sempre em lucro e mirando as causas e as consequências. A sua mãe, procurando alegrar e movimentar a pasmaceira da casa, compra um macaco, um retorno minúsculo às loucuras de King-Kong.
XI – O filme encaixotado
A sua mãe caminhava próximo a uma cachoeira que escorria das alturas das pedras. O seu silêncio justificava-se pela paixão que mantinha pelo melhor amigo de seu pai. Num dos seus filmes caseiros, Spielberg descobriu o relacionamento assistindo aos vídeos que gravara nos seus tempos de infância; foi um filme que jamais gostaria de ter feito e nem de tê-lo projetado. Seus pais se divorciaram em 1966, e sua mãe casou-se com o amante em 1967.
Nesse período, já trabalhando em estúdio fez dezenas de filmes para TV. O seu primeiro trabalho para o cinema foi “O Encurralado”, um filme que despertou a atenção da crítica para a sua capacidade e para tristeza que andava sempre a sua frente. Um dia, observando a grandiosidade do mar, a beleza que as ondas apresentam o sol e a natureza e, ao mesmo tempo, revelava o perigo e o medo das ondas da noite. Unindo as duas visões, filmou “Tubarão”. Acreditando, sem demagogia que o medo da morte procurava o melhor local possível para se apresentar, nunca alguém imaginou que pudesse ser do interior de um tubarão.
“Os Contatos Imediatos do Terceiro Grau” mataram a sede que a nossa consciência quer descobrir dentro das possibilidades reais e longínquas, no entanto, todos os reflexos das luzes presentes dentro da infância clarearam os planetas que podem navegar as ruas do céu.
XII – E.T.
No silêncio percorrido pelo tempo, deu a chance de criar o personagem E.T.. Na verdade, o personagem navegou durante a vida toda dentro da cabeça do diretor. Mas, as chamadas obras primas, são feitas pedacinho por pedacinho, primeiro nasce a forma, o perfil, a voz, o jeito de andar, a curiosidade, o medo e a necessidade de estar pisando um pedaço de chão e pensando no retorno a sua casa.
A trilogia de Indiana Jones, a fantasia alucinada de Jurassik Park, vieram num escalada do alto das montanhas ressuscitando os heróis que dormiram no meio da ventania que o tempo resolveu distribuir aos olhos da terra e, por algum motivo, não se levantaram mais, permaneceram deitados contando as estrelas.
XIII – Tristeza
Quando resolveu filmar A Lista de Schindler, foi o momento que descobriu que havia muita lágrima estancada dentro do seu corpo, nadando sobre o seu eu judeu. A cada cena, a cada corta! A cada ótimo! ele morria um pouco por dentro. Aquela menininha vestida de vermelho, a única cena colorida do filme, representou um retorno ao início da literatura infantil.
Hoje, depois de entrar nas bordas do seu furacão interno, Spielberg deita-se ao lado de seus seis filhos, sem parar de sonhar com outros instantes dramáticos que estão presos na infância de uma parte da humanidade. O seu coração de diretor e criador de história estão sempre diante de um espelho. Nós não sabemos a resultante que passa por pedacinhos de nuvens dentro de Spielberg, porém, podemos ter a certeza que a verdade que vai dentro de nós voa, na sua emoção como pequenos flocos de algodão. Por esse motivo, o mundo tem a certeza que está vivo e escrevendo a sua história.
RECEITA
BOLO PRESTIGIO
Ingredientes:
Para recheio: 1 lata de leite condensado; 1 colher de sopa de margarina; 3 colheres de sopa de coco ralado.
Para cobertura: 1 lata de leite condensado; 1 colher de sopa de margarina; 3 colheres de sopa de chocolate em pó; 2 ovos (massa do bolo); 3 colheres de sopa de chocolate em pó (massa do bolo).
Para massa: 2 ovos; 3 colheres de sopa de chocolate em pó; 1 colher de sopa de manteiga;1 1/2 xícara de farinha de trigo;1 xícara de açúcar; 1/2 xícara de leite; 1 colher de sopa de fermento em pó.
Coco ralado a gosto para decorar
Modo de preparo:
Em uma panela adicione o leite condensado, a margarina e o coco ralado. Leve ao fogo e misture sem parar até começar a soltar do fundo da panela. Reserve em temperatura ambiente.
Em outra panela adicione o leite condensado, a margarina e o chocolate em pó. Leve ao fogo e misture sem parar até começar a ferver. Reserve em temperatura ambiente.
Ponha as claras de ovo em um recipiente bata na batedeira até o ponto de neve. Em outra vasilha bata a manteiga, o açúcar e as gemas dos ovos e bata bem. Coloque o trigo e o leite e bata novamente e por fim ponha o fermento e as claras em neve e misture delicadamente, o chocolate em pó, a manteiga, a farinha de trigo, o açúcar, o leite e o fermento em pó.
Adicione a massa em uma forma de 20 cm untada e leve ao forno 180 graus por aproximadamente 40 minutos.
Espere o bolo esfriar e corte ele ao meio, adicione o recheio de coco e logo em seguida cubra com a outra metade do bolo.
Adicione o brigadeiro em cima do bolo e decore com coco ralado a gosto.
por Adriana Padoan