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sexta-feira 15 novembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – Os espíritos do Natal

I – O plano
Nesta primeira semana de dezembro, de 2020, vamos caminhar por estradas próximas e distantes, por histórias que marcaram o sentimento da humanidade, em todos os recantos da Terra. Vamos iniciar a nossa jornada falando do escritor inglês Charles Dickens. Era um homem simpático, falante, risonho, lutador e, sem dúvida, um dos escritores mais populares do século XIX.

II – Charles combatente
Nas suas andanças, olhou a maioria dos becos de Londres, existentes em sua época. Os seus livros apresentam-nos uma análise poderosa da experiência vivida pelos homens, durante a passagem dos dias e das noites. Com sua pena de artista, combateu as instituições incapazes; os maus tratos nas escolas públicas, a exploração do trabalho das mulheres e crianças dentro das fábricas; fez essas criticas na famosa época vitoriana, período em que a Inglaterra tornou-se a nação mais poderosa do mundo.

III – Conto de Natal
Os meninos pobres da escola pública, de uma rua sem nome, contam que, numa noite de lua cheia, Charles Dickens, chorando muito, escreveu o seu “Conto de Natal” criando, sem ter muita consciência do fato, a mitologia das histórias de Natal, isso aconteceu no ano de 1843.

IV – Scrooge
Charles imaginou um velho chamado Ebenezer Scrooge, riquíssimo, chato, miserável, solitário, sem amigos, sem mulher, sem filhos, rabugento, ranzinza, mão de vaca, maltratava todos os seus funcionários, detestava o Natal. Para ele, o Natal era a festa dos derrotados, dos pobres, dos incapazes. Um de seus funcionários, Roberto Cratchet, casado, vários filhos; o menorzinho, Tiny Tim, usava muletas. A família, em seu conjunto, era por ele humilhada. O velho tinha também um sobrinho, Fred, a quem não dava a mínima atenção. No passado tivera um sócio, Jacob Marley, falecido há sete anos.

V – Véspera de Natal
O velho Scrooge, depois de jantar em uma Taberna, parte em direção a sua casa; a noite parecia mais escura que as outras noites.
Sobe os degraus da escadinha, à entrada de sua morada. Abre a porta, frio, vento, neve. Na sua sala, carregando enormes correntes no corpo, está o espírito de seu sócio, que com voz cavernosa explica-lhe: -“estou pagando tudo que fiz em minha vida. O lucro desmedido, roubado, a dureza de coração, o meu rancor ao Natal. Você tem, porém, uma chance, receberá nesta noite três espíritos do Natal, talvez consigam salvá-lo”. Dito estas palavras, ganhou a escuridão das noites e o tapete congelado pela neve. Seguiu arrastando as correntes, blem! Blem! blem!

VI – O espírito do passado
Ele era o espírito de todos os Natais passados. Segurou os braços do velho Scrooge e o levou ao contrário do tempo. Mostrou-lhe onde pequenino, estudara.
O prédio mostrava um antigo colégio interno. Scrooge se viu entre os coleguinhas, naquele tempo ele ainda sonhava. Depois mostrou a casa de sua irmã, onde passava os seus Natais. Risos, abraços, presentes, comida. Levou-lhe para ver a antiga namorada. Era amor verdadeiro. Em sua casa, junto com os filhos, arrumava a árvore de Natal. Ele a abandonara para partir no coração do mundo, em busca de muito dinheiro. Nesse ponto, o velho Scrooge banhou-se em suas próprias lágrimas. O seu coração doía uma sensação desconhecida. Voltou para casa.

VII – O espírito do presente
Apareceu em seu quarto e, como os demais, o levou para as ruas. Eles pararam na casa do seu funcionário, o explorado, o humilhado. Havia uma ceia simples, cadeiras modestas, toalha meio remendada. Tiny Tim, apoiado nas muletas ria o sorriso do amor, do Natal, da vida. A família fez um brinde ao velho Scrooge, o péssimo patrão. Em todas as casas havia luz, a cidade parecia um grande rastro brilhante e o Natal estava em cada pedacinho de neve. O mundo sentia, naquele momento, que era feliz. O velho e o espírito voltaram para casa.

VIII – O espírito do futuro
O terceiro espírito, diferente dos demais era sombrio e não falava, indicava com a cabeça os movimentos necessários. De repente, como um raio, levou o velho Scrooge à bolsa de valores. Havia um velório em seu interior, a mesa e o corpo coberto por um lençol estavam paralisados. Não havia viva alma velando o corpo. O terceiro espírito percebendo a ansiedade de Scrooge partiu em direção ao cemitério, onde havia uma lápide para o corpo que estava sendo velado na bolsa; era o corpo do velho Scrooge. O velho entrou em desespero, perguntava ao espírito se ainda havia uma chance, uma única chance para mudar o seu futuro. Assim que retornou ao seu quarto, trôpego como um ser desencantado, jurou viver o passado, o presente e o futuro. Ao amanhecer no Natal, levantou-se como o vento norte, e partiu para as ruas da cidade, procurando mudar de vida, restaurar-se e amar todos os Natais. O espírito de Natal, vindo da manjedoura, do rosto pacificador de José, da face suave de Maria entrou no coração do velho Scrooge.

IX – Desenho animado
Em um escritório de desenho e projeções cinematográficas, no ano de 1947, cento e quatro anos depois da publicação do Conto de Natal de Charles Dickens, um jovem sonhador transpôs doze montanhas em sua mente, e voando como um pássaro desenhou e deu vida ao Tio Patinhas, inspirado no velho Ebeneser Scrooger.

X – Jeca e Disney
Era na semana de Natal de 1927. O frio parecia um ser invisível invadindo os corpos das pessoas. Lobato estava em seu escritório, em Nova York, como Adido Comercial do Brasil. À tardezinha, recebeu um jovem artista que, segundo a agenda, tinha horário marcado. O moço entrou, sorriu, conversou com Lobato por horas tentando expor a ilustração dos personagens do Sítio do Pica-Pau.
Depois da entrevista Lobato escreveu que, pelo brilho do olhar daquele jovem-homem, conversara com um grande construtor de sonhos, terminando a carta com a seguinte anotação: “anotem o seu nome, por favor, Walt Disney”.
E o Jeca, na porta da sua casinha no sertão, sentado num banquinho de três pernas, ao lado do cachorrinho Joli, concordou com Lobato. Deu uma pitada profunda; falou entre as mãos: “feliz Natar Seu Disney, Seu Scrooge, Seu Pato Donard, Seu Charles!”
Usando as mesmas palavras do Jeca Tatu, poeta da terra e do sertão, cumprimentamos a todos os leitores desta coluna: Feliz Natar!

Receita
Porqueta a pururuca e recheada

Ingredientes:
1 porqueta de 10 kg ( aproximadamente); 4 batatas em rodelas; 4 cebolas em anéis;
Para o tempero:
3 cebolas roxas picadas; 1 maço de cheiro verde picado; 2 colheres de sopa de coloral; 5 dentes de alho espremidos; 2 latas de cerveja; suco de 3 limões cravo; 5 colheres de sopa de sal; duas pimentas dedo de moça picadas com sementes; 2 galhos de alecrim fresco; 3 folhas de louro.

Para o recheio:
2 kg de linguiça fresca sem pele; ½ kg de bacon em cubinhos; 1 colher de sopa de sementes de erva doce; 1 filão de pão italiano esfarelado (só o miolo); 1 pimentão vermelho picadinho; sal a gosto

Modo de fazer:
Coloque a manta de porco em uma assadeira e distribua todos os ingredientes do tempero. Deixe tomar gosto na geladeira de véspera. Para o recheio, coloque todos os ingredientes em uma vasilha, misture bem e recheie. Enrole e amarre com um barbante. Cubra com papel alumínio e leve ao formo quente (200 graus) por aproximadamente 3 a 4 horas. Tire o papel alumínio e mantenha no forno até que comece a ficar dourado e pururucar.

Por Adriana Padoan