I – Um encontro
Havia estrelas no céu; elas conseguiram organizar-se no formato perfeito de um mapa astrológico embebido em si mesmo. Eu havia perdido o sono ou, talvez não o tivesse encontrado. Nesse instante, não consigo justifica-lo, bateu-me a vontade de assistir ao filme: “O Pequeno Príncipe” que, movida pela memória, comprara pela manhã, numa liquidação promovida por uma loja em Taubaté.
II – Autoria
Nesse meu desejo de entrar nas verdades de um filme, despertou-me a curiosidade de conhecer o autor do “Pequeno Príncipe” e o que o levou a escrever um livro que frequentou o mundo de milhares de pessoas e centenas de gerações, com certeza nunca se afastará do jovem, do homem, da criança. O príncipe é propriedade de todos nós.
III – Detalhes
O livro foi escrito por um homem de 43 anos, Antoini de Saint Exupery, um homem que andava, corria, sonhava, voava, trabalhava e vivia. Ele perdeu o pai aos 4 anos de idade e, sem acreditar no fim de alguma coisa, passou a crer que o pai apenas fizera uma grande viagem. Estudou num colégio de jesuítas, dedicou-se a todas as matérias, aceitou a disciplina como comportamento humano. O colégio ficava em Notre Dame de Paris. A sua luta, o primeiro grande combate, vivia dentro da escola, pois ele tentou fundir os ensinamentos da linguagem à existência dos números, dos acontecimentos históricos, da geografia, da literatura, do Antigo Testamento e Novo Testamento. Vivia entre pessoas grandes e pequenas, procurando entender o mundo.
IV – Um natal
Por ocasião de um natal, saiu do colégio e entrou para o serviço militar. Engraxou coturno, deu brilho no cinto, correu, marchou, sonhou com possíveis guerras, em sua cabeça estava apenas brincando de soldado.
No mês escolhido, marcado em um velho calendário, transferiu-se para o 2º Regimento de Aviação. Conseguiu tirar o brevê e começou a voar ao lado dos pássaros. Entrou em uma companhia particular, fazendo a linha Tolouse, Casablanca e Dakar. Enquanto voava, a literatura bombardeava seu coração, os desenhos, as ilustrações dançavam sobre os seus dedos atingindo o mundo da criatividade.
V – O céu
Voava sobre os oceanos, as florestas, os desertos, passava sobre as cidades onde moravam outros seres humanos. Pela sua cabeça, enquanto pilotava, lembrava-se do seu primeiro desenho, uma jiboia devorando um elefante. Os adultos o entenderam como a caricatura de um chapéu. Adulto significa endurecido, “desmocionado”, atrofiado em sentimentos interpretativos.
Nos seus momentos de folga, com os pés no chão, escreveu vários livros: “O Aviador”, “Correio do Sul”, “Voo Noturno”, “Terras dos Homens”, “Piloto de Guerra”, “Carta de Um Refém”, “O Pequeno Príncipe”, “Cidadela”; todos escritos pela criança que morava dentro do seu coração acompanhando os batimentos.
VI – A permanência
No ano de 1944, foi escolhido para uma missão especial, realizar um voo de reconhecimento sobre as águas do mar que estavam em guerra. Voou, deu cambalhotas, piruetas, Looping, voo invertido; enquanto fazia as acrobacias, sempre sonhando, o piloto Horst Ripper, do exército alemão bombardeou o avião do sonhador. Seu corpo caiu no mar, por uns momentos boiou ao lado dos seus desenhos, ilustrações, centenas de páginas escritas, em seguida tudo foi engolido pelo mar. Silêncio! Um homem – criança acabara de morrer.
VII – Novo sonho
Era natal de 1974, a humanidade vivia o seu momento de confraternização com os outros e com o universo. O diretor de cinema Staley Donen, o mesmo que fizera “Cantando na Chuva”, sonhou com o livro “O Pequeno Príncipe”, e no seu sonho ele filmava a história do principezinho com o seu cheiro de estrela. Ao acordar, ligou para o roteirista Alan Jay Lerner, convencendo-o a adaptar o livro de Exupery para o cinema. E o projeto se realizou para valorizar a vida de todos nós, muito mais a minha, que estou escrevendo.
VIII – O filme
O filme conta a história de um piloto que, por causa de uma pane no avião, cai no Deserto do Saara. Areia, solidão, sol nascente, sol poente, abandono e medo. Ao acordar na manhã seguinte houve uma voz suave, fininha, solicitando-lhe: “Desenha-me um carneiro”.
Ele desenha vários carneiros, um não é aceito porque parece doente; o outro não é carneiro, pois tem chifres; o terceiro, na sua aparência total, é muito velho! O piloto, então, desenha uma caixa com três furos dizendo ao príncipe: ”O carneiro está dentro da caixa”. O príncipe, alegre e sorridente responde-lhe: “Era esse que eu queria”! Nesse momento do filme o príncipe ressuscita a infância do aviador, despertando a criança dos tempos do desenho da jiboia. E a vida encontrou a ponta da própria vida.
IX – O espaço
O príncipe habitava um pequeno asteroide o B-612. No seu asteroide havia três baobás, três pequenos vulcões e uma pequena rosa que, tocando o seu amor de criança, fora cuidada por ele desde o seu nascimento. Era só ela tomando conta dos seus sonhos.
Certo dia, sem nada de especial, o Pequeno Príncipe resolveu partir, visitar outros planetas, conhecer reinos novos. Parou no planeta do Rei, um rei garboso, vestido de arminho; era um rei de um território sem súditos. No entanto, mesmo na solidão exigia respeito a sua autoridade. Ele vivia dando ordens a ninguém, ordens razoáveis, que se perdiam no espaço. Mesmo assim, o monarca tinha na sua consciência que reinava sobre todo o universo. Doeu no coraçãozinho do príncipe, mas partiu para outro planeta.
X – O vaidoso
O príncipe deu uma passada sobre o planeta do homem mais vaidoso do universo, um homem que julgava ser admirado pelos habitantes do mundo inteiro. Mesmo sozinho, e vivendo nesse desencanto, o vaidoso pediu que o Pequeno Príncipe batesse-lhe palmas. O principezinho aplaudiu, aplaudiu, e escondeu um pontinho de choro.
XI – Bebida
O planeta vizinho era habitado por um homem muito bêbado. Ele era triste, abandonado, cercado por infinitas garrafas. O bêbado confessou-lhe que bebia por vergonha, pela alegria que não veio, pelo amor que nunca chegou, o príncipe emudeceu, ficou quieto, pensativo, com o rosto marcado pela desilusão, se despediu e partiu.
XII – O empresa
O quarto planeta, um astro pintado de marrom era habitado por um empresário que vivia de cabeça baixa calculando os seus lucros. Ele contava as estrelas, calculava a quantidade e registrava num pedaço de papel que era guardada num cofre. Ele explicou ao príncipe que após as anotações e a contabilidade, as estrelas eram dele, pertenciam a ele, por isso era um homem rico, sem poesia, sem beleza, sem o encanto da lua ou do por do sol, mas a certeza numérica o confortava. Nesse momento, o príncipe descobriu que havia milhares de pessoas agindo da mesma maneira, na extensão do universo. Por esse motivo a lua chora de vez em quando.
XIII – O lampião
No quinto planeta, minúsculo, quem dominava era um acendedor de lampião, todas as vezes que ele acende um lampião, imagina o nascimento de uma nova estrela no céu. Ele pratica uma ação, acende o fogo, pratica o renascimento das chamas, da crença, da vontade de ampliar o mundo dele e de todos os outros homens. Ele representa, na sua simplicidade, a crença no futuro.
XIV – Lama e terra
Por fim, nessa aventura de revelação e busca de conhecimento chegou ao planeta Terra. Andou, procurou, encontrou-se com a serpente. Ela enrolou-se na perna do príncipe dizendo-lhe: “Aquele que eu toco, eu o devolvo a terra de onde veio, mas você é puro e procura conhecimento. Mas, se você sentir saudade da sua casa eu posso enviá-lo para lá, com uma mordidinha só. No filme, a cobra dança uma música extraída de um tango; o artista que o interpreta dá um show de dança e de domínio do corpo”.
Conheceu um jardim de rosas, encontrou-se com a raposa, de baixo de uma macieira. Eu preciso ser cativada para depois brincar com você; cativar é criar laços, um passa a precisar do outro, e só conhecemos bem as coisas que conseguimos cativar e assim, de experiência em experiência ele reencontra o avião, o aviador e aplicando-lhe os seus conhecimentos o cativa, ganhando o seu carneirinho dentro da caixa, o desenho de uma mordaça, para que o carneirinho não devorasse a única flor de seu planeta. Ele olhou dentro dos olhos do aviador, viu a realidade da ação de cativar, jogou-se em seus braços, juntou a sua alma ao sentimento mais profundo do homem, do deserto e do avião, e sorrindo partiu com sua alminha deixando o corpo paralisado na areia. Como vimos, a partida do príncipe nos revela a presença do texto bíblico em todos os planetas, a cobra, Adão, Eva, cativação de Deus e a separação do corpo e do espírito.
Meus amigos
O Pequeno Príncipe despertou a infância
Que estava presa dentro do piloto.
Acordou o seu amor, a sua paixão pela vida.
E ensinou-lhe que a morte é
Apenas uma pequena parada
Para que todos renasçam
Como uma estrela parte de um Deus
Que criou a vida e o universo.
Que neste Natal, horário de nascimento de um novo estar no mundo,
Espero que todos se cativem.
Cativem!…
Cativem!…
RECEITA
LOMBO DE PORCO
Ingredientes: 1,5 Kg de Lombo de Porco; Meia xícara de Azeite de Oliva; 1 xícara de Suco de Laranja; 1 Cebola; 4 dentes de Alho; Alecrim a gosto; Pimenta Calabresa a gosto; Sal a gosto; 500 ml de Água; Alho Poro.
Preparo: No liquidificador, bata o azeite, o suco de laranja, a cebola, o alho, um pouco de pimenta calabresa, o alecrim, o sal e a água. Faça furinhos no lombo com uma faca, para absorver bem o tempero. Coloque o lombo em um saco plástico e verta a mistura feita no liquidificador. Feche o saco e deixe marinar de um dia para outro na geladeira. Coloque o lombo em uma forma de forno com algumas rodelas de alho poro. Regue o lombo com o molho do tempero (5 conchas, mais ou menos). Se quiser assar batatas, coloque também agora na forma. Feche a forma com folha de alumínio. Leve ao forno a 200 ? por, aproximadamente 120 minutos. Retire a folha de alumínio e leve novamente ao forno para dourar. Retire um pouco do molho para poder ir regando à medida que o lombo vai secando.
Por Adriana Padoan