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sexta-feira 15 novembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – O melhor amigo do homem

I – Richard Guere
Existem pessoas que marcaram os lugares onde respiraram, viveram, caminharam, tentando descobrir uma razão lógica que justificasse uma das coisas mais simples do mundo, ou seja, a vida.

Um ser humano especial, tendo o nome artístico de Richard Guere, nasceu na Filadelfia, Pensilvania, no ano de 1949. Trabalhou em uma fazenda; viu a semente transformar-se em alimento ao homem; entrou numa universidade para estudar filosofia. Foi apresentado à lógica, ao universo, aos filósofos gregos, romanos, medievais e modernos. Em sua alma, no entanto, existia uma luz viva e em movimento continuo. Essa continuidade desafiadora o levou para o teatro, aos musicais da Broadway; luzes, canto, enredo, dança, choro e esplendor. Dos palcos da capital do teatro chegou ao cinema, uma das marcas mais profundas do século XX no corpo da arte.

Participou do filme “Uma linda mulher”; “As duas faces de um crime”; “Chicago”; “Gigolô Americano”; “Lancelote”, e tantos outros. Amou muito, amor sincero, bonito, componente do licor da vida; teve vários filhos e amou o brilho da lua marcando o crescimento dos seus meninos e meninas.

Os seus cabelos embranqueceram pela própria realidade da vida pendurada como cachos de uvas e, assim, encontrou o budismo. As palavras mais simples do mito budista o marcaram muito: “O conhecimento deve ser livre de ilusões e superstições. As pessoas que não sabem e não perguntam, são tremendamente infelizes; as que sabem e não ensinam também são infelizes; e as que ensinam e não fazem, essas a infelicidade lota o seu corpo sem sorriso e paz. Não existe o bem e o mal enquanto conflito; o que existe é o medo, a ignorância e o conhecimento sem ação”.

Nesse momento Richard Guere entrou em todos os movimentos que lutam pela paz no mundo; luta pelos Direitos Humanos; luta pelos Direitos dos Animais; luta pela árvore que ainda não nasceu.

II – O filme “Sempre ao seu lado”
Trata-se de uma história real, ocorrida no Japão, que retrata a fidelidade, o amor, a dedicação de um cão pelo seu dono. Quando o roteiro chegou às mãos de Guere, ele sentou-se no sofá, acendeu a luz da luminária e o leu com os olhos e o coração. Chorou por um tempo desmedido, ao chegar ao final do texto. O seu sentimento, as lágrimas, o amor à vida, o levaram a produzir o filme.

III – O filme
O professor Parker, depois de um dia de trabalho, retornava a sua casa. Em sua cabeça havia os movimentos dos alunos, piano, dança, música, e a arte voando pelo espaço e pousando dentro do seu peito. Na plataforma de passageiros, perdido e sem direção o professor encontra um pequeno filhote de cachorro da raça akita. Parker pensa na escuridão da noite, no silêncio sem cor, o cachorrinho perdido, sozinho, mergulhado em seu desespero e medo.

Como sempre foi parte do seu caráter, e sem pensar muito, o professor resolve levar o cachorrinho para sua casa, tendo proteção do lar e a segurança de um lugar aconchegante. No caminho, rua longa e sem luz, dá o nome do cachorro de Hachico. No entanto, vivendo nesse mundo carregado pelo mistério, a ligação entre o homem e o animal é imediata.

A esposa do professor, Kate, magoada com a morte de um cão que vivera com eles, mas morrera inesperadamente, insiste com o marido que se livre do filhote. Por dentro, perto de sua alma o professor defende a permanência do cãozinho.

Não demora muito tempo, Parker percebe que Hachiko estará sempre ao seu lado. No calor do sol da manhã, o cachorro acompanha o professor ao seu trabalho, lado a lado, até a estação de trem.

No final da tarde, o coração do cão enfrenta um momento de angustia e abrindo a porta da casa, sozinho, vai buscar o professor na mesma estação após o seu dia de trabalho. É a alegria da chegada, abraços, beijos, carícias, latidos, o cheiro da continuidade. Essa rotina se repete por vários anos, todos os dias com sol ou com chuva.

Um dia desses comprometidos com símbolos e seus significados, o professor joga uma bolinha no chão, e o cachorrinho vai buscá-la, ação que ele não fez desde o começo do filme. A alegria de Parker ultrapassa todos os limites da felicidade e a música encosta no infinito de todos os lugares e a despedida tem um ar de estrela que sente a profundidade do universo.

Nesse dia da bolinha, ao entardecer, Parker não retorna ao seu ponto de chegada. Até a estação e os seus frequentadores sentiram a sua falta. O professor tivera um enfarte enquanto lecionava música, no exato momento que falava da distancia que havia entre a música e o autor. A partir daqui, ponto ligadíssimo ao universo filosófico, o cão espera pelo entardecer, caminha até a estação ferroviária e aguarda a chegada do professor no local de todo os dias. Chega o trem, os mesmos passageiros descem apressados, mas o sorriso do professor não salta do trem, o abraço não chega ao corpo do cão, os latidos não encontram a razão que justifica a alegria e o amor.

Como na história real, ocorrida no Japão, depois da morte do professor, dono e amigo do cachorrinho, algo inexplicável acontece: Hachiko continua a esperá-lo, na mesma estação, por mais de dez anos. No Japão, um país cheio de sol, o povo fez três estátuas em homenagem ao cão, e a partida do trem tem o seu início num ponto da praça chamada: “A saída Hachiko”, um ponto turístico que tem o amor, a fidelidade, a amizade por testemunha.

A relação entre o homem e o animal vem desde a Idade das Pedras. Os lobos uivando poesias domesticadas e as mulheres sentindo a presença da noite e das estrelas, uma disputa pelo brilho do céu e o grito que vem da alma.

Em Roma, sentado em um banco de pedra, Terêncio dizia aos seus alunos: ”se engana, quem imagina ter sua autoridade mais solidamente assegurada pela força do que pela afeição. Os cães são amorosos porque conhecem essa norma”.

O tempo tem afeição de um disparo sem a mínima direção. Numa fatia de vida em Viena, Freud conversava com seus seguidores sobre a essência que mora dentro do ser humano. Prefiro a companhia dos animais à companhia humana. O selvagem, como animal, pode ser cruel, mas não tem a maldade do homem civilizado.

Ele tinha duas cachorras, Jofie e Lun, companheiras em suas seções de análise clínica. Jofie levantava-se comunicando ao cliente que o seu tempo acabara e nada se despregara da psique atormentada.

Lun acompanhou todos os sofrimentos de Freud em seus últimos dias. O câncer lhe devorava a boca, a dor não podia ser medida por régua, pelos sentidos, nem pelo entendimento. Era noite quando Freud saiu do seu corpo, caminhou pela sala, passou as mãos sobre a cabeça de Lun e partiu para uma dimensão sem dúvidas ou traumas.

No naufrágio do Titanic, pedaço da história movido pela ganância, arrogância tecnológica, enquanto o navio afundava, Margaret Bechstein, de Nova York, entrava no bote 7, com sua cachorrinha chamada Lady. A Madame Elizabeth Jane Anne, viu o navio ser engolido pelo mar mas enfrentou a fúria do oceano e entrou no barco 6, com seu cachorrinho sob as suas saias.

Uma flor soltou uma de suas pétalas.
O vento a levou às alturas.
Ela sobrevoou o telhado de um velho casarão.
Em seu voo de fata arrebatada,
Viu um jovem. Uma mesa. Folhas de papel.
Centenas de lápis coloridos.
O jovem era uma curva no tempo, chamado Disney.
No papel, todo vaidoso, dois cães ganharam vida:
Pluto e Pateta
E o silêncio nunca mais foi o mesmo.

RECEITA

CUPIM NA PANELA DE PRESSÃO

Ingredientes: 1 kg de cupim fresco; 1/2 pimentão cortado em tiras; 2 cebolas médias cortadas em rodelas; 2 colheres de sal grosso; salsinha a gosto, azeite ou 1 colher de margarina.
Modo de fazer: Tempere a carne antes com sal grosso. Deixe marinar. Em uma panela de pressão, coloque uma colher de margarina em fogo médio. Assim que estiver bem quente, adicione o cupim e deixe dourar. Vire para dourar todas as partes. Adicione as rodelas de cebolas. Depois acrescente as tiras de pimentão. Cubra a carne com água. Deixa a panela por 1 hora em fogo médio após pegar pressão.

Por Adriana Padoan