O cinema veste a roupa que, estendida no varal, enfrentando sol, vento, tristeza, alegria, sombras, batidas no chão consegue inspirar uma ideia, um pensamento ou um vulcão.
Hoje vamos enfrentar um desafio, escrever sobre o filme “O Terminal”, dirigido por Spieelberg, um dos grandes produtores americano, estrelado por Tom Hanks e Catherine Zeta-Jones. A crítica cinematográfica considerou o filme como um dos piores trabalhos de Spieelbeerg, um cineasta dono de uma imaginação que se destaca na elaboração da vida cheia de encanto, que nasce dentro de uma câmera de filmagem.
Parte dos entendidos afirma que o criador do E.T. se baseou numa produção francesa que contou a história de um homem iraniano que morou por 16 anos no aeroporto de Paris “Charles de Gaulle”, atravessando os dias de acordo com a realidade embutida em cada manhã.
Eu prefiro, pelo meu jeito de ser, imaginar por alguns segundos a beleza da Via Láctea, a beleza da Via Láctea, uma vastidão que consegue perder a cor, fundir-se com outras cores e gerar tintas fortes no soluço da paixão. No meio desse arrebatamento fica o nosso planeta Terra, desatinando verdade, sonhos, fantasias, realidade e o afastamento de si mesmo, tantas e tantas vezes.
O filme, “O Terminal” tem como ponto de partida uma região denominada Leste Europeu, um pedaço do planeta que se move dentro de nossa Via Láctea. Faz parte dessa fatia de terra a Tchequia, Macedônia do Norte, Estováquia, Hungria, Polônia e Bulgária.
O diretor imagina um país fictício chamado Krakozinha, onde mora um jovem chamado Victor Novorsk. Esse moço tem um pai fanitizado por Jazz. Juntando sonho, a mídia, o desejo, um pouco de loucura, o Senhor tem como projeto de vida receber o autografo da ultima lenda do Jazz que ainda está vivo.
I – O filme – O que o mundo dos homens projeta como lei, regra social.
Somando tudo que anunciamos anteriormente, Victor Novorsk resolveu viajar para Nova York, em busca da lenda viva do Jazz. Compra a passagem, tira o visto, arruma as malas, pratica todos os procedimentos necessários, entra no avião, despede-se dos albatrozes, e parte.
II – O pensamento despegado
Enquanto o avião subia, atravessando nuvens magras ou gordas, rápidas ou lentas, a alma de Victor transportou-se para um campo de plantação de arroz, algodão, açúcar, tabaco, trabalhado por centenas de escravos, lá pelos lados de Nova Orleans, Louisiana, ou em qualquer outro lugar. Havia enxada, enxadão, foice e a voz de um negro cantando uma música improvisada, sons misturados com a dor; dezenas de negras repetiam aquele som deslinearizado, sem sequência, mas jogando a voz num ritmo chamado Jazz, que entrava nas montanhas, nas águas dos riachos, no peito da cotovia, mas todos choravam.
III – Retorno
O mundo do sonho, meio acordado ou dormindo trouxe Victor ao mundo real; o piloto anunciava a chegada, a aproximação com o aeroporto de Nova York.
No mundo de Victor, lá no leste europeu, um político, curtindo uma oposição meio áspera, jogou café quente no opositor; um deputado magrinho e desajeitado, ofendeu o rei de um trono feito de cortiça de garrafa de vinho. O desfecho não foi muito bom, e um político feito de resto alimentar declarou guerra ao outro, ao concorrente, um pedaço de pernil meio embolorado declarou guerra a todos.
IV – O que acontece nas cores do mundo.
Quando Victor desembarcou no aeroporto nova-iorquino, soube da guerra no seu país. A partir desse incidente hipotético, Spieelberg procurou trabalhar e, ao mesmo tempo dar vida a um roteiro, que não partiu de um projeto, mas de uma simples possibilidade, não de uma trama tecida cena a cena.
A câmera cruza o real com o inverossímil e um fato engravida o outro, ou seja, como a guerra foi declarada, o passaporte de Victor perdeu o seu valor, o seu visto não valia um espirro, ou seja, de um momento para o outro, ele perdeu a sua estrela preferida na Via Láctea, o seu planeta Terra o recusou sem sentimento algum; o seu país, em conflito armado desvalorizou-se perante o mundo, tornando-se uma terra de ninguém e, Nova York, não podia aceitá-lo, pois socialmente perdera os valores e a existência.
Victor colocou sua mala sobre o chão frio do aeroporto, sentindo que o único lugar onde poderia circular, sobreviver, caminhar, procurar ajuda era o terminal do aeroporto.
Ele, enquanto ser humano estava nas mãos da ordem dos diplomatas, formado por desconhecidos e, às vezes, incapazes. A sua língua organizada num território distante daquele pedaço de chão, não tinha sentido e função.
Ele, homem livre, dono do seu destino tornara um prisioneiro nascido na incompetência política e incapacidade de diálogos dentro e no planeta. Mesmo vivendo o clímax da estupidez humana, fez amigos, ajudou pessoas, arrumou namoros e casamentos, conheceu a aeromoça Amália, mas a vida dela não cabia dentro dele.
Na esfera que o tempo dá, olhando um dos aparelhos de TV do terminal, observou que os conflitos em seu país terminaram um fato estúpido, mas restabeleceu a validade do seu passaporte, do seu visto, da sua permanência em Nova York, do seu sonho e de sua função.
A tarde passou rente a calçada.
Victor saiu do terminal, respirou,
Olhou par o céu. Havia uma
Estrela, uma só, mas já era sinal de vida.
Entrou na casa de espetáculo.
Uisque, cerveja, mesas, uma rosa
Em cada mesa.
O homem negro, lenda viva do Jazz,
Sorriu. Sorriso entre o passado e o presente.
Deu o autógrafo a Victor, ao pai do jovem,
Que nunca desistiu do seu sonho.
Uma flor escorregou pela parede,
Do lado de fora, início e essência.
Passou um nada, ninguém viu.
Passou outro nada, ninguém sentiu.
Passaram milhares de nadas andando
De costas.
De costas, muitos políticos só tem as costas.
Victor entrou no avião.
Subiu acima do sol
Levando a voz, o som, a história e a assinatura.
E Victor tornou-se apenas uma lenda, mas dentro de todas as lendas.
Receita
Canelone de queijo
Ingredientes: 10 massas pré-cozidas para lasanha; molho branco a gosto; ½ xícara (chá) de leite desnatado; 1 pote de ricota amassada; 4 colheres (sopa) de queijo mussarela ralado; 4 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado; 8 folhas de manjericão picadas; Noz-moscada a gosto ; Pimenta-do-reino a gosto; sal a gosto
Modo de Preparo: Unte um refratário e reserve; misture os queijos, tempere com noz-moscada, sal, pimenta e com metade do manjericão; recheie as massas de lasanha, enrolando para que forme o canelone. Tempere o leite com uma pitada de sal e reserve; vá colocando os canelones no refratário; despeje o molho branco por cima e regue com o leite temperado; leve ao forno médio até que se note que o alimento esteja borbulhando; sirva decorado com o restante das folhas de manjericão.
Por Adriana Padoan