I – O nascimento de Joseph Merrick
Joseph Merrick nasceu na cidade e Leicester, na Inglaterra, na hora que a lua desenhou um arco íris no céu, ao lado de uma nuvem.
A mãe, Mary Jane, acreditou que a beleza vinha das mãos dos anjos mensageiros estava envolvendo a existência do seu filho.
Ela orou uma reza surgida no interior dos séculos, pedindo proteção aos sentimentos formadores dos dias, dos meses, das histórias plantadas no coração e nos caminhos daquela criança.
O pai, Joseph Rockley, pensou na força que ampara os sonhos e, o azulado escurecido do céu, mas rodeados de astros distantes ou próximos; viu um grupo de personagens infantis, dançando o ritmo das dificuldades vencidas pelo amor navegante das ondas possíveis e retocadas pelos seus próprios movimentos.
II – O começo de tudo
A vida plantou as sementes responsáveis pelo futuro de Merrick; assim, ele engatinhou, sentiu o chão e se apoiou nos móveis coloridos; sorriu para a luz que entrava pela janela; ouviu o canto dos pássaros regido pelos galhos das árvores. Na chegada dos três anos de idade, um viver determinado pelos deuses que vagueiam pelas ruas desertas, infiltrou-se em seu corpo.
III – O surgimento do Homem Elefante.
No princípio, surgiram pequenos caroços na pele do lado esquerdo do seu corpo. No entanto de um dia carregado pela neblina, Deus levou-lhe a mãe, para um lugar além da luz do sol. O seu desenvolvimento caracterizou-se por uma deformidade, sem nenhum compromisso com a exteriorização que projeta a humanidade. A sua imagem mutilou as formas corpóreas identificadoras dos seres que vivem a realidade nascida na poeira do chão.
Aos poucos, entre o amanhecer e anoitecer, as vozes expelidas pela força dos ventos singularizados, designaram-no de “O Homem Elefante”.
IV – Na escola
A escola, os alunos, os colegas que afastaram os vínculos da empatia, expulsaram-no para a dureza que habita o mundo subcultâneo das ruas, das casas, dos orfanatos, das lágrimas que secou antes do nascimento.
Na fertilidade da alma de Merrick, no impulso que agita o sangue, tentou vender pequenos objetos nas ruas, nas praças, na residência da solidão. O riso, a zombaria, a chacota, o deboche, antecipavam a sua chegada.
A humilhação, os maus tratos, a agressividade social, decidiram afastá-lo do projeto de construção e reconstrução de um novo dia, de uma vivência melhorada pela vontade que ordena e dirige, a oportunidade de ser útil, à respiração do fazer e refazer.
V – O circo
Em agosto de 1844, aos vinte e dois anos vividos na agonia da complexidade, conseguiu emprego em um circo; o diretor artístico o encaixava numa peça de curta duração, onde a sua aparição marcava o clímax do enredo. Durante esse curto período, conseguiu economizar um pouco de dinheiro.
Como as atividades não são eternas, as suas apresentações passaram a ser exibidas na parte de traz do circo, num espaço onde existiu uma loja, mas, por coincidência, fora fechada e abandonada. O seu show, especificamente visual e de exposição social, recebeu um carimbo tremendamente doído, para se manter uma existência: “Show de aberrações da natureza”, ao lado de outros seres:
Os anões que faziam Acrobacias,
Orientadas pelo choro.
Os albinos dançarinos,
Girando a tristeza,
Como se fosse alegria.
As mulheres barbudas,
Interpretando os sonhos de Shakespeare,
Encalhados na margem do rio.
Os gêmeos xifópagos cantando,
Músicas que nunca foram decifradas.
O homem gigante tentando colocar
As pontas dos dedos em uma estrela.
A apresentação de Merrick
Iniciava atrás de uma cortina fechada.
De repente, sem avisos, ela se abria.
Susto,
Medo,
Correria,
Gritos.
VI – Dr. Treves
Foi num desses espetáculos que o médico Dr. Treves, conheceu Merrick. Observando-o com o olhar da ciência e da emoção. No início do relacionamento, o médico entregou-lhe um cartão. Num segundo encontro, internou-o no Hospital de Londres e apresentou ao mundo especializado e intelectual.
VII – As diversas obras sobre Merrick
O Dr. Trevs colocou os seus conhecimentos e as suas emoções e, durante pedaços do dia e das noites, escreveu o livro: The Elephant Man”; o médico Dr. Ashley Montagri, sonhando com as mãos dadas com a realidade, publicou o livro: “The Elefant Man”: a Study in Human Dignity”, expondo fatos acontecidos e apresentando várias ilustrações de Merrick; Bernard Pomerance retirou a seriedade da vida, a peça de teatro: “The Elefant Men”, os pesquisadores, Michael Howell e Peter Ford, retiraram da linha do horizonte, o livro: “The true History Acconunt of the Tragic and Extraordinary life of Josephey Merrick.
VIII – O Homem Elefante no cinema
Em 1980, o diretor cinematográfico David Lynch, colocou o personagem “O Homem Elefante”, no universo artístico do cinema. Esse trabalho, considerando o veículo que agiu como suporte, usando a imagem, o movimento, a música, o diálogo, o efeito perfeito da maquiagem, o trabalho magnífico dos atores, conseguiram colocar a vida do chamado
“O Homem Elefante”, na sensibilidade do mundo, cruzando realidade e ficção. O roteiro do filme, baseado no trabalho do Dr. Treves, foi escrito por Christopher De Vore; Eric Bergrem e David Lynch.
Há neste filme, determinadas cenas, que compuseram uma reflexão sobre o material produzido pela intelectualidade. Em primeiro plano existe a denúncia da exploração física, emocional, econômica, do homem, que, sem uma explicação lógica e científica, nasceu com deformidades singulares e, até certo ponto, envolventes. Além do drama vivido por Merrick, há situações drásticas e desumanas, que colocam em dúvida o interesse do próprio mundo intelectual, em se promover no espaço trágico, oprimido, degradante, mas referendado pelo existir do homem em foco.
Por outro lado, a existência da ficção poetizada pela dor, nos leva a sentir a introspecção como elemento atuante na vida real. A cena do teatro, da visita na casa do médico, do encontro com a atriz teatral, realiza uma convergência entre o drama do personagem e o seu psicológico de cada elemento do público.
IX – O fim de Merrick
O final do filme foi baseado na verdadeira história da vida de Merrick, portanto não foi extraído da peça da Broadway ou de qualquer outro trabalho de ficção. Partindo dessa afirmação, não há como negar que a morte de Merrick envolveu reflexão, filosofia, religião, poesia profunda, e o desejo consciente de partir deste mundo para uma outra dimensão.
RECEITA
BOLO INGLÊS
Ingredientes:
Para o bolo: ½ xícara (chá) de frutas cristalizadas; ½ xícara (chá) de uvas-passas mistas; 2 colheres (sopa) de rum; ½ xícara (chá) de margarina; ¾ xícara (chá) de açúcar mascavo; 2 ovos; 1 xícara (chá) de farinha de trigo; ½ colher (sopa) de fermento em pó. ¼ xícara (chá) de amêndoas laminadas e cerejas.
Para o glacê: ½ xícara (sopa) de açúcar impalpável; 2 colheres (sopa) de leite.
Modo de fazer:
Bolo: Coloque metade das frutas cristalizadas e metade das uvas-passas e regue com o rum e deixe por 15 minutos. Enquanto isso, na batedeira coloque a margarina, o açúcar mascavo e bata até atingir um creme fofo e homogêneo. Adicione os ovos e em seguida a farinha de trigo e o fermento em pó. Com a batedeira desligada, adicione as frutas secas hidratadas, metade das amêndoas e misture com uma espátula. Coloque em uma forma de bolo inglês untada e enfarinhada e leve ao forno pré-aquecido por 30 minutos ou até que ao espetar um palito ele saia limpo.
Para o glacê: em banho-maria coloque o açúcar impalpavel, o leite e misture até que envolva tudo.
Despeje por cima do bolo e decore com as frutas cristalizadas, uvas-passas e as amêndoas e cerejas reservadas.
por Adriana Padoan