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sábado 25 janeiro 2025
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Comilanças Históricas e Atuais – O fim da Fera

Na semana passada falamos da origem da história de “A Bela e a Fera”, uma lenda que há séculos percorre as terras desse abrangente mundo que, enroscado na Via-Láctea, é a nossa casa. A nossa busca passou pela Grécia Antiga, penetrou nos corredores da mitologia, bateu na porta de Psique, Afrodite, Eros; andou pelas nuvens, estradas, do enigmático Monte Olimpo, até encontrarmos, em 1740, uma mulher sofrida, machucada pelos movimentos da paixão e que, para sobreviver, escreveu um romance narrando o drama vivido pela Bela e a vida destroçada de uma Fera pluralizada, mergulhada numa vida áspera e de mil significados. Como comentamos, na semana passada, estamos nos referindo a Senhora Villeneuve, uma mulher que escreveu a saga da Bela e a Fera, num romance de mais de 200 páginas, destinado ao público adulto.

I – A luz do olhar de outra mulher
Jeanne-Marie Leprince de Beamont nasceu em Rouen, França em 1711. Era professora de música, de boas maneiras, escrevia para crianças, tentou ser freira mas, aos 24 anos disse adeus a uma ideologia que não a levava a muitos lugares. Casou-se, tentou ser feliz, mas a felicidade morava nos fingimentos, obediência e algum sorriso. Em uma noite em que o sono fora embora, abandonou-a para comer pipoca na praça sem nome; Jeanne trabalhou no romance A Bela e a Fera, de Villeneuve, resumindo-o em 30 páginas e, assim, transforma um romance em Conto de Fadas, destinado ao público infantil.

II – A fera explodiu nas estrelas
O livro de Jeanne inspirou filmes, séries para TV, musicais, teatro, filmes cruzando o conto de fadas com gênero policial; a cineasta Joyce Taylor lançou o Príncipe transformado em Lobisomem; A Bela e a Fera de Cocteau; A Flor Vermelha da União Soviética; Versão Musical Beauty and the Beast. Até que o texto de Jeanne caiu nas mãos de Disney, no exato momento em que tomava um sorvete de morango, banhado com um licor de flor de laranjeira.

III – O sonho colorido da Disney
A visão de Disney, usando a técnica do desenho animado, moveu uma equipe de centenas de desenhistas, historiadores, psicólogos, psicanalistas, antropólogos, cientistas sociais, músicos, roteiristas. As horas de trabalho fundiam o amanhecer, o entardecer, a chegada das noites trazendo seus assombros e as madrugadas com suas quietudes aparentes.

Na estreia do desenho animado de A Bela e a Fera, em Nova York, a bilheteria arrecadou 170 milhões de dólares. Pelo lado da Academia de Cinema houve um problema sério, a entidade estava diante do primeiro desenho animado a ser indicado para o Oscar de melhor filme. Os entendidos em cinema, os doutores que dominam os acontecimentos da arte cinematográfica, encolheram-se em si mesmos, pareciam pássaros descuidados tentando voar durante uma chuva torrencial.

Embora a história original de a Bela e a Fera foi escrita por uma mulher, dona de um coração, um pensamento, e a vida girando dentro da cabeça, a Disney usou quatro roteiristas para desvendar a alma de uma artista que não escreveu nem uma palavra que não estivesse em seu interior, vocábulos psicológicos e subcutâneos.

IV – O filme da Disney
A França olhava as nuvens que partiram sem despedir. Um príncipe jovem e rico vive em seu castelo, sem saber que centenas de crianças tentavam nascer em moradias toscas e humildes e simplesmente não conseguiam.

V – A noite fria
Em uma noite fria de inverno, uma velha mendiga bate em sua porta e oferece uma rosa ao príncipe, em troca de abrigo. O príncipe recusa, pois, a mulher era muito feia. A mendiga se transforma em uma feiticeira lindíssima. O príncipe implora perdão, mas a feiticeira para castiga-lo pela falta de amor em seu coração o transforma em uma fera horrível. Os seus empregados domésticos foram transformados em objetos encantados, lustres, relógios, candelabros, bule, pires com atitudes humanas.

VI – A simbologia
A rosa que a mendiga ofertara ao príncipe era encantada e floresceria até o seu vigésimo primeiro aniversário. O feitiço, gerado pela feiticeira só poderia ser quebrado se o príncipe aprendesse a amar alguém e ser, por esse alguém, também amado. Quando a última pétala da flor caísse, o feitiço não poderia ser mais quebrado. A feiticeira deu a Fera um espelho do mal, oval, mágico. Dez anos se passaram e o feitiço não fora quebrado.

VII – A cidade. O povo. A Bela
Era uma cidadezinha, irmã de uma floresta. Ali vivia um inventor chamado Maurice e sua filha Bela. Era linda, inteligente, gostava de ler, por isso o povo não a entendia. Havia um jovem chamado Gaston, bonito, desejado pelas moças, vaidoso, elegante, senhor daquele mundo.
Um dia Maurice e seu cavalo Phillipe foram a feira de invenções, perderam-se no caminho, foram atacados por lobos. O cavalo, em fuga, retornou para casa e Maurice procurou abrigo no Castelo da Fera.

VIII – O castelo – mundo exótico
No castelo, silencioso, Maurice conhece o Maitre d”Lumiere, um lindo candelabro; o mordomo Horloge, um relógio louvado pelo passado; a cozinheira Madame Samovar, um bule de chá, paixão de muitos nobres; o filho da madame, chamado Zip, uma xícara acostumada à educação dos lábios. Maurice aquece-se na lareira, alimenta-se, toma chá, na sua partida, colhe uma rosa do jardim. A Fera enlouquece-se pelo roubo da rosa, manda Maurice para o calabouço. Bela, a filha do prisioneiro, se apresenta à Fera para substituir ao pai.

IX – A Bela e a Fera
A moça é instalada no quarto de hóspede do palácio. Aos poucos, depois de muitas luas, começa a jantar com a Fera. Em uma tentativa de fuga Bela é atacada pelos lobos da região. A Fera surge na escuridão da noite e a salva, mas é seriamente ferido. A Bela cuida dos ferimentos da Fera. A Fera, em agradecimento, dá-lhe uma biblioteca de presente e a amizade pula das páginas de um livro, entrando nos corações dos dois. Na passagem dos dias e das noites, a Bela embrenha-se nos olhos azuis da Fera. Gaston, louco de ciúme, prende o pai da Bela, reúne os seus capangas e invade o castelo, pensando em matar a Fera. A contenda entre a Fera e Gaston se dá no telhado do castelo. Em um segundo, meio atrevido, a Fera olha para a Bela, levando, por descuido, uma facada de Gaston pelas costas. Ao deferir a facada, Gaston se desequilibra e cai, como um corpo sem vida, viaja dentro de sua arrogância.
A Fera morre nos braços de Bela, olhando o rosto que despertara o seu amor. A moça chora, confessa-lhe seu amor; uma lágrima de Bela escorre pela sua face, caindo no peito da Fera. A última pétala da rosa voa no ar, trazendo com ela, uma chuva colorida, que desperta a Fera de seu sonho de morte, e o seu eu era o príncipe que retorna ao mundo dos que aprenderam a amar.

Os criados, como quem, retorna ao mundo depois de uma longa viagem, voltam a forma humana, cantando, dançando, amando.

Meus queridos leitores, ao lado dessa história maravilhosa, não podemos deixar de apontar os temas que circula pelo seu corpo. Entre os vários eixos temáticos, citaremos alguns: “Somente através do amor, somente da sementeira/somos capazes de nos transformar em seres mais humanos;/o conto leva ao ego para encontrar o interior do outro, que se encontra perto do coração de cada um;/o amor humano, como uma criança,/pode cometer erros,/esses erros, porém, como o orvalho de cada manhã/levam os homens e mulheres a construir,/no sopro de Deus que mora em nós/ uma aprendizagem que fortalece a vida./o amor não está na ação de amar o outro, para a nossa felicidade, nós necessitamos do amor para sermos amados/o amor não pode viver com a suspeita/foi esse amor que libertou Bela e revelou o homem reformado em seus princípios, que vivia como se uma fera fosse.

Receita
Sonho

Ingredientes:
Para massa: 1 quilo de farinha de trigo, 10 gramas de fermento biológico, 1 ovo, 1 xícara de açúcar. 1 pitada de sal, ½ xícara de óleo, ½ litro de leite morno
Para o recheio: ½ litro de leite, 1 gema, 2 colheres de sopa de maizena, 1 lata de leite condensado, açúcar a gosto.

Modo de fazer:
Massa: dissolva o fermento no leite morno, depois coloque o açúcar e os demais ingredientes. Sove a massa até que fique sem grudar na mão. Faça bolinhas do tamanho que preferir e deixe crescer por mais ou menos 1 hora. Após isso frite em óleo quente e recheie
Recheio: Em uma panela misture todos os ingredientes e leve ao fogo, sempre mexendo até engrossar.

Por Adriana Padoan