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quinta-feira 14 novembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – O discurso do rei e sua gagueira

I – Motivos
A Inglaterra acordou em seu leito coberto por neblina, ondas de frio, e o silêncio que atravessava os sonhos e os pensamentos do povo. Na famosa Rua do Beco, numa casa pintada de azul, o roteirista David Seidler escrevia a história de um rei, Jorge VI, que tinha problemas com a fala. O rei fora vitimizado, aos quatro anos de idade por uma gagueira que o singularizava no universo da corte.
II – O roteiro
A história narrada compôs o roteiro que recebei o título de “O discurso do rei”, antecipando os temas que sua arte colocava sobre a mesa. Em primeiro plano, há uma preocupação com a retórica, com a montagem de um discurso; as condições físicas e psicológicas e as dificuldades que podem rondar o universo do orador, como a gagueira, por exemplo.
III – O interior de um texto
A oratória, vista por outro ângulo, contribui para elevar a autoestima, a criatividade, e o relacionamento com as pessoas que ouvem as mensagens elaboradas pelo orador. No entanto, para se comunicar com o próximo é preciso conhecer a si mesmo, desenvolver seu próprio estilo para chegar ao interior do ouvinte. Como já vimos, no início desse texto, o rei Jorge VI não possuía nenhuma das exigências propostas pela arte de falar em público.
IV – A produção
O filme “O discurso do rei” foi realizado em 2010 e lançado nos cinemas no dia 11/02/2011. Na festa do Oscar, um evento que avalia as qualidades de uma película, “O discurso do rei” recebeu o Oscar de melhor filme, melhor ator, melhor roteiro original.
A bilheteria também assustou até a produção, considerando que o filme é histórico, tendo um título que não leva a imaginação do público a idealizar possíveis acontecimentos, aventuras, dramas em alto relevo.
V – O filme
Narra a história do rei George VI, que contrata Lionel Logue, um fonoaudiólogo para lhe ajudar a superar a sua gagueira. A primeira questão, que a narrativa apresenta e que nos leva a refletir sobre o nosso lugar nesse mundo, está no fato de que o personagem Lionel não tinha formação acadêmica, ele aprendeu a profissão de fonoaudiólogo na vida, tratando dos soldados que retornavam da Primeira Guerra Mundial, sem voz ou gaguejando; eram homens marcados pelo medo, pelo espanto, pela violência nos campos de batalha.
VI – Desenvolvimento
Os dois homens tornam-se amigos enquanto trabalham juntos e, depois que seu irmão abdica ao trono, o rei confia em Logue para ajudá-lo a fazer um discurso no rádio, no começo da Segunda Guerra Mundial. Outro fato importantíssimo nesse filme é o milagre da pesquisa e da descoberta. Logo no começo das filmagens, pesquisadores localizaram todos os diários escritos por Logue e, em consequência do achado, várias citações dos diários foram incluídas no roteiro, tornando o filme um produto artístico mais próximo da realidade.
VII – A crítica
Nós sabemos que “O discurso do rei” foi aplaudido pela crítica. Muitos se encantaram com o estilo visual do filme. A rainha Elizabeth assistiu a obra de arte fílmica e disse ter ficado emocionada pela interpretação que o ator Colin Ferth fez de seu pai. O filme começa com o príncipe Albert, Duque de York, segundo filho do rei Jorge V, fazendo um discurso no encerramento da British Empire Exhibition de 1925, no estádio de Wembley, com sua esposa Elizabeth (que o chama de “Bertie”, ao seu lado). Sua perceptível gaguez deixa o público inquieto e pensativo.
VIII – A luta do rei
O príncipe tentara vários métodos de tratamento, centenas de remédios, dezenas de exames clínicos, até levá-lo a desistência. Por esses motivos, a sua esposa o convence a visitar Lionel Logue, um terapeuta de fala australiano que mora em Londres. Na primeira sessão, Logue pede que os dois, terapeuta e príncipe se chame pelos seus nomes próprios, quebrando a etiqueta real ao chamar o famoso Duque de York pelo apelido. Aos poucos, com muito jeito, convence Albert a ler o monólogo de Hamlet “Ser ou não ser”, do dramaturgo Shakespeare, enquanto ouve Le Nozze de Fígaro, de Mozart, nos fones de ouvido. O esforço do rei, a contração muscular, a voz picotada.
Esse início de tratamento causa um desassossego no público, pois na peça, escrita em 1623, Hamlet está entrando em cena quando começa um monólogo: “Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre em nosso espírito sofrer pedras e setas com que a fortuna, enfurecida, nos alveja, ou insurgir-nos contra um mar de provocações. E em luta por lhes fim. Morrer… dormir… e não mais acordar”.
IX – Teatro e frase
A frase inicial é “Ser ou não ser, eis a questão”, ou seja, existir ou não existir, viver ou morrer. Logue grava a leitura de Bertie, em um disco de vinil. Porém, o medo de falar, de ler, deixa o príncipe convencido de que havia gaguejado o tempo todo, impressão que o leva a deixar o consultório muito irritado. Logue oferece-lhe a gravação como lembrança.
X – George V
Depois de fazer seu discurso de Natal em 1934, o rei George V explica para seu filho a importância da rádio fusão para a monarquia moderna, para o mundo moderno. Mais tarde, no silêncio do palácio, Bertie toca a gravação que Logue lhe dera. Ouve a sua própria voz percebendo que não existiu qualquer hesitação ou erro.
XI – O retorno
Ele retorna ao consultório de Logue e trabalham juntos em relaxamento muscular e controle respiratório, enquanto procuram a origem psicológica da gagueira. Não podemos, vendo esse filme, nos afastarmos da realidade, o que significa que podemos revisitar Freud que nos disse: “A fala torna o inconsciente acessível à consciência, uma espécie de superação das resistências”. Assim, o príncipe revela alguns dos traumas de sua infância a Logue. Enquanto o tratamento progride os dois ampliam a amizade e se transformam em confidentes.
XII – A transição
Em 20/01/1936 George V morre e David, Príncipe de Gales, sobe ao trono como Eduardo VIII. Porém ele está apaixonado e deseja casar-se com Wallis Simpson, uma americana já divorciada duas vezes, uma união que criaria uma crise constitucional. O príncipe não poderia casar-se com uma mulher divorciada e manter o trono de Rei. Esse fato leva Eduardo VIII a abdicar-se para poder realizar o seu casamento. No caminhar da carruagem o Príncipe Albert tornar-se o Rei George VI. Nesse instante, o Rei tem consciência que precisa, mais do que nunca, da ajuda de Logue.
XIII – A guerra
Em setembro de 1939, é declarada a guerra contra a Alemanha Nazista, e George VI chama Logue ao palácio de Buckinghan para preparar seu discurso para toda a nação. Enquanto o Rei e Logue andam pelo palácio até um pequeno estúdio, transformando o filme em pequenos trechos que são muitos significativos pois, no caminho, encontram-se com Winston Churchill que revela ao Rei que embora tenha um problema de fala, encontrou um jeito de usá-lo a seu favor, criando um discurso próprio.
O Rei faz seu discurso como se tivesse fazendo-o a Logue, que o guia em todos os momentos. Após o discurso, o Rei, acompanhado pela sua família, caminham até a varanda do palácio para saudar milhares de pessoas que se reuniram para ouvi-lo.
XIV – Lado a lado
Antes que surjam os créditos do filme, é mostrado que, durante os vários discursos que George VI realizou durante a Segunda Guerra Mundial, Logue esteve sempre ao seu lado. A grandiosidade ocorrida entre esses dois homens fez com que permanecessem amigos pelo resto de suas vidas. O Rei George VI fez de Lionel Logue o Comandante da Real Ordem Vitoriana.
XV – O pensamento
O drama “O discurso do rei” é ambientado no nascimento da Segunda Guerra Mundial, portanto, trata das dificuldades de um líder do mundo britânico em executar um de seus maiores bloqueios: “falar em público”.
E ele venceu os traumas.
Lutou. Desesperou-se.
Viu seu rosto nas águas do Tâmisa.
Chorou!
No entanto venceu, derrotando a agitação obscura de sua infância.

RECEITA

TRIFLE DE FRUTAS:

Ingredientes: 350 gramas de sequilhos de leite picados grosseiramente; 200 gramas de morangos lavados, secos e cortados a gosto; 6 laranjas peras ou Bahia descascadas e sem a pele branca cortadas a gosto; 1 xícara das de chá de manga tipo palmer descascada e cortada a gosto; 100 ml de caldo de laranja coado ou 50 ml de licor de laranja; 3 colheres das de sopa de açúcar.
Creme de baunilha
Ingredientes: 400 gramas de creme de leite fresco bem gelado; 3 colheres das de sopa de açúcar; 400 gramas de iogurte grego natural adoçado com mel; 1 colher das de café de essência de baunilha
Modo de preparo: Misture delicadamente as frutas com o suco de laranja e o açúcar. Reserve em geladeira. Para o creme de baunilha, bata o creme de leite fresco com o açúcar até obter o ponto de chantili. Junte o iogurte e a baunilha e misture delicadamente. Reserve.
Para a montagem: monte em uma taça grande ou várias pequenas, vá intercalando as camadas com frutas, creme, sequilhos e finalize com creme. Decore com frutas, folhas frescas de hortelã e sequilhos a gosto. Sirva bem gelado.