O filme Love Story conseguiu uma das maiores bilheterias da história do cinema. Angariou suavemente as lágrimas dos olhos de uma humanidade abandonada pelo amor; amor que desequilibra que consegue apagar os resíduos de racionalidade dos adolescentes, dos jovens, das mulheres sonhadoras e desiludidas, dos homens observadores da fumaça exalada pelos rastros das aventuras deixadas pelos romances de cavalaria, sobre as linhas quase apagadas dos horizontes, romances que ousaram sonhar, ver, sentir, beijar, viver a existência que bate além dos contornos de corações vibrantes, calmos, loucos, abalados.
A sua receita transparente revela todos os elementos que compõem esse sentimento que conduz os gestos, as ações, o desespero, as mudanças de atitudes que embasam e sustentam a vivencia de um grande amor; há, nessa receita uma colher de final infeliz, de tragédia fechando as cortinas sobre um público extasiado, uma porção de Tristão, de Romeu, de Abelardo recusando a visão moderna, psicanalítica, que tenta explicar, definir, cicatrizar os estragos deixados por um Deus criador do belo e do feio, tudo depende do ângulo de observação.
O filme fotografa a personagem fria, branca, contornando as árvores ressecadas, sombras paralisadas pelo próprio passado; a música devassa o interior dos conflitos, dos choques de geração, da pobreza e da riqueza, da luta e da calma, da tentativa diante do desespero, do pai que eu tenho e do pai que gostaria de ter, da família que bateu as portas sobre o olhar de um filho que, simplesmente, pedia apoio e compreensão.
A fórmula é simples, os componentes fogem da complicação exposta pelas teorias pedagógicas presas na garganta do manto da intelectualidade. Acredito que, pela simplicidade do enredo precisamos saber quem o criou, quem pensou o roteiro, os personagens, o cenário, um microcosmo do universo que já faz parte do imaginário coletivo.
O autor textual foi Erich Segal, um homem apaixonado por esportes. Ele viajou pelo mundo, participando de maratonas, amplas ou restritas, pomposas ou de pequenas cidades. Correu, acreditou, sentiu o suar entulhar o seu corpo, ouviu e se comoveu com o respirar apressado dos competidores, a batida de tantos corações disputando um minúsculo lugar no podium. A sua melhor classificação obtida, em sua vida de amante dos esportes, foi o sexagésimo quarto lugar na maratona de Boston, fato que o levou à Rotisseria Domus, como acontece em toda Europa, havia bebidas nacionais e estrangeiras, originárias do infinito, segundo se dizia, havia o famoso liquido de Eros, bebuns de plantão que, após o exagero dos exageros, eles entravam nas igrejas levando um pedido de perdão, escrito num resto de papel, desfeito em um dos bolsos.
Erich tomou todas as bebidas que, em suas fórmulas, havia mistura de cores diferentes. Não escreveu bilhetes para os santos de sua devoção; não escreveu para os amigos ou namoradas, que ficaram a margem das suas estradas percorridas; ele pousou a cabeça sobre a mesa tomada pelos copos vazios e, em um dos seus delírios, representou o projeto que havia em sua vida.
Entrou para o quadro de professores da Universidade Harvard, ensinando grego e latim clássico; enfiou-se pelos corredores escuros e silenciosos das bibliotecas públicas, municipais e estaduais, recolheu pilhas e pilhas de documentos, produziu uma tese sobre Plauto, um dramaturgo vivenciador do período romano, lá pelos idos de 180 a.c.. Suas peças giravam em torno de um mundo coordenado por deuses que, através dos personagens, ridicularizaram o universo, o poder, as divindades, a loucura e a comédia, tudo fundido num olhar, na observação e no desiquilíbrio caudado pela experiência amorosa.
Em 1969, ano em que Neil Armstrong pisou na lua e que Scoby-Doo saiu das pontas dos pinceis de William Hanna e Joseph Barbera; Erich Segal escreveu o roteiro de “Love Story”, conquistando os cinemas do mundo e dos planetas necessitados de amor.
Afastado da universidade como professor, escreveu e publicou vários livros sobre o teatro grego e romano, uma série de romances e histórias sobre o amor e seu caminhar pelos corredores universitários, ônibus, ruas, praças, bares, shoppings e na lavanderia do chinês do outro lado da rua. Em 07/01/2010, numa casa branca, telhado cor de terra morria o roteirista dos filmes “Love Story” e “O Submarino Amarelo”, filmado pelos Beatles.
O filme “Love Story” possui uma narrativa que se afasta de muitos padrões literários. A simplicidade do filme, no entanto, é aparente, pois ele se sustenta reunindo todos os elementos que formatam o corpo de uma história de amor. Oliver, um dos personagens principais, é um multimilionário representante da quarta geração de uma família que, num primeiro momento, parece ser a proprietária da Universidade de Harvard; o seu nome está estampado em salas de aula, laboratórios, bibliotecas.
A preocupação de Oliver está nos estudos, mas não tanto, também está no esporte, no relacionamento com os amigos de quarto e, na sua revolta interna por não poder estudar sociologia, pois o pai precisa dele como advogado. Num dos espaços da universidade ele conhece Jennifer Cavalleri, uma mulher linda, inteligente, de família pobre, estudante de música mediante a conquista de uma bolsa. Ela estuda piano clássico e, ao longo da vida vibrou com a música de Mozart, de Beethoven, Chopin, Bach e outro, fazendo desses compositores seus pontos de referência.
Eles se apaixonaram, casaram-se; Oliver é deserdado pelo pai, ela entrega-lhe a família simples que tem, mas cheia de amor. O casamento faz que os dois lutem, amem, transformem cada minuto da vida num grande princípio de canto clássico. O tempo passa, os dois se formam, no entanto ambos esperam por um filho que esquecera de nascer.
Ela faz uma série de exames que lhe apontem um diagnóstico que justifique o motivo que não lhe permite engravidar. Os exames revelam, porém, que ela sofre de uma doença terminal e incurável.
A música, a internação, a despedida e o fim. Na saída do hospital, Oliver encontra o seu pai e lhe diz à frase que marca e conduz o filme: “Amar é ter jamais que pedir perdão”. O frio, a neve, a vegetação, a música, o encolhimento das pessoas, a solidão e a morte arrancaram a humanidade do seu torpor machista, incompreensível, desumano, sem esperança naquilo que vem depois dos dias.
Aqui nós temos as justificativas das lágrimas de uma plateia estática, pensante, com dor, amor e medo. Eu não sou poeta, mas tentarei compor um pouco de poesia, utilizando algumas palavras da filha de Erich Segal, o criador dessa história durante o seu velório:
Nas noites frias e sem sinos soando,
Ele buscava a respiração, um pouco de ar.
A sua luta pessoal, em sua agonia,
Refletiam nas paredes da sala,
Como movimentos teatrais.
As sombras passavam e ele tentava captar:
A vida dentro de um coração de cristal.
Numa madrugada o seu coração parou.
Não pela doença, mas porque,
O tempo havia chegado.
E o homem menino simplesmente
Transformou-se em estrela
Luz branca
Luz do bem!
RECEITA
Torta de frutas
Ingredientes da massa: 1 pacote de Biscoito maizena (200 g); meia lata de Creme de Leite.
Ingredientes do recheio: 1 lata de Leite condensado; 2 gemas peneiradas; meia xícara (chá) de leite; 1 colher (chá) de raspas da casca de limão; meia lata de pêssego em calda cortados em fatias grossas; 2 kiwis cortados em fatias; 3 morangos, cortados em fatias, e uvas cortadas ao meio e tirada as sementes.
Ingredientes da cobertura: meia colher (sopa) de gelatina em pó sem sabor; meia xícara (chá) de calda de pêssegos.
Modo de Preparo da massa: Bata o biscoito no liquidificador até obter uma farofa fina. Em uma tigela, misture o biscoito e o creme de Leite, até obter uma massa úmida. Forre uma forma de aro removível (25cm de diâmetro) e leve ao forno médio-alto (200ºC) preaquecido, por cerca de 10 minutos. Reserve.
Modo de preparo do recheio: Misture o leite condensado, as gemas, o leite, a maizena e leve ao fogo baixo, mexendo sempre, até obter um creme liso e consistente. Apague o fogo, junte o creme de Leite e as raspas de limão e deixe esfriar. Recheie a massa com este creme, decore com as frutas e reserve.
Modo de fazer a cobertura: Dissolva a gelatina em três colheres (sopa) de água e aqueça em banho-maria até dissolver. Retire do fogo, espere esfriar um pouco e junte com a calda de pêssego. Reserve. À parte, misture um pouco de gelo com água e coloque a cobertura reservada, como se fosse um banho-maria. Vá mexendo delicadamente até ficar com consistência de geleia mole e espalhe cuidadosamente sobre a torta, formando uma camada brilhante.
Leve para gelar até o momento de servir.
Dicas: Se quiser, varie as frutas desta torta. Utilize as frutas da época, frutas vermelhas, de sua região ou frutas secas, como o damasco. Caso prefira, faça a cobertura com 4 colheres (sopa) de geleia de frutas: basta aquecê-la em banho-maria e, quando morna, espalhar cuidadosamente sobre a torta.
Por Adriana Padoan