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segunda-feira 23 dezembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – Eu vejo você Motivação

Meus queridos leitores, em uma manhã de sol, eu e meu marido caminhávamos pela Praia da Lagoa da Conceição, em Florianópolis. O mar não apresentava uma cor definida, parecia uma mistura de verde e azul; as montanhas brincavam com o oceano; as gaivotas voavam sobre as montanhas. De repente, surgiram mergulhadores vestindo uma roupa azul, trazendo na ponta da lança uma garoupa, peixe bonito, mas não parava de lutar pela vida. Não sei explicar o motivo, mas minha emoção pensou no filme “Avatar”, e, dentro das minhas ideias, surgiu a vontade de escrever sobre este filme que detonou as bilheterias dos cinemas do mundo inteiro.

Avatar
O roteiro do filme foi escrito pelo diretor e produtor James Cameron, um parto difícil e sem uma gota de anestésico. A proposta do idealizador, em termos cinematográficos apresenta uma meta, ou seja, inovar a arte nascida e gerada dentro da cabeça e das câmeras, buscando uma inovação tecnológica que envolvia: projetar um novo modelo de câmera, visualização em 3D, fato que se desenvolveu na gestação das madrugadas intermináveis.

O texto
Para elaboração do enredo, Cameron debulhou a memória de sua infância passada entre histórias em quadrinhos, matinês, seriados projetados nos chamados mercurinhos, livros de ficção científica, filmes como os assistidos de mãos dadas com as namoradinhas da época: “brincando nos campos do Senhor”, “A florestas de esmeraldas”, “Princesa Mononoki”, “Tarzan”, “Super-homem”, “Os quadrinhos Chineses”, “A bíblia”, “Dança com os lobos”. Essa produção deu-lhe a capacidade de textualizar a sua história ligada por um cordão umbilical à ficção científica produzida nos universos das artes.

O enredo
O ponto de partida da história inicia-se no planeta Terra. Jake Sully é um soldado, um jovem que perdeu os movimentos das pernas num campo de batalha. Ele é chamado para reconhecer o corpo do irmão, um cientista, que morrera em seu trabalho. O seu olhar principia o assunto do filme Avatar, através da morte e seu reconhecimento. Jake procurava, em todos os minutos de sua vida, alguma coisa que valesse uma luta, uma paixão, uma realização. Só encontrou o silêncio do seu quarto e a pasmaceira que ilude a ideia de confortabilidade.

Em seus momentos de pensamentos vagos e profundos, recebeu um convite de substituição do irmão para trabalhar na exploração do Planeta Pandora, uma das luas de Polifeno, um dos gigantes gasosos orbitando Alpha Centauri, a quatro mil anos luz da Terra. Os participantes da missão estavam movidos pela exploração de um minério substancial para a criação de novas formas de energia. Para que o projeto se torne possível, apoiaram-se na ciência, nos técnicos de uma mineradora, no emprego de mercenários, todos os envolvidos eram ex-militares.

O processo não é novo, ele é fruto dos mesmos acontecimentos da exploração marítima acorrida no renascimento. Cabral, Colombo, Américo Vespúcio e outros, foram os Avatares do século XVI. Descobriram, conquistaram, mataram, tentaram destruir culturas transformando léguas de terras em vastos cemitérios, tudo em nome do ouro.

Na repetição da história, contada pela internet, uma espécie de filho do cientificismo, Cameron está falando das guerras pela conquista do petróleo e outras fontes de energia. Os conflitos também mataram gentes, amores, cultura e crianças antes de seus sonhos serem pensados.

Pandora
Pandora é habitado por uma etnia chamada Ná-Vi. Eles medem três metros de altura, tem calda para se manter em equilíbrio, ossos fortes, peles azuladas, como gente do céu. Os habitantes vivem em harmonia com a natureza, são chamados de primitivos, ou seja, uma espécie de índios pelos colonizadores e invasores. Eles veneram uma deusa, mulher que gera, chamada Eywa.

Os humanos não sobrevivem em Pandora, não conseguem respirar carbono, metano e amônia. Não conseguem também entender a convivência que vem de dentro para fora, do coração para a alma, em relação à natureza, os animas, e os vivos além da morte. A ramificação das raízes sob a terra, fala, vive, sente, faz poesia sem usar palavras, elas são ilimitadas num circuito que se inicia e morre em seus vocábulos. Pandora, por outro lado, na mitologia grega, é filha de Zeus, aquela que abriu a caixa contendo as dores do mundo dos humanos.

A cientista, Dra. Grace Augustine, criou o projeto Avatar, uma espécie de clonagem que gera híbridos dos Ná-Vi, modificados geneticamente. A mentalidade do Avatar, o produto de fórmulas verossímeis, controla o seu complexo neural, vivendo em dois mundos, e tendo consciência de ambos. É a ciência dando as mãos a um Deus criador.
Jake, o soldado modificado a serviço do programa, caminhando em uma floresta repleta de vida, é atacado por um animal desconhecido, afasta-se do grupo, sendo salvo por Neytire, uma fêmea da etnia Ná-Vi. Por coincidência ou não, ele é coberto por sementes da Árvore da Vida, uma espécie de mundo meio platônico; ela, então, o leva para a Árvore-Lar, onde mora o seu povo. Ele aprende a maneira de pensar, viver dos Ná-Vi e se apaixona por cada palmo de terra de Pandora, pela cultura de um povo que se comunica pela força do pensamento, fato que elimina a mentira. O soldado aprende a amar como nunca se amou na Terra, ele abandona o seu passado e se entrega ao mundo de Pandora, como acontece no filme “Dança com os lobos”, e nas aventuras de “Caramurú” no Brasil.

Os militares, financiados pelas empresas de mineração, destroem a ciência, invadem o mundo dos Ná-Vi, matam a Árvore-Lar, numa batalha sangrenta, Jake organiza a defesa do planeta com apoio dos moradores da Árvore das Almas e, no encanto que mora fora de qualquer endereço, a deusa Eywa intervém, e a fauna de Pandora participa do conflito destruindo o potencial militar. Todos os humanos envolvidos no projeto Avatar são expulsos e Jake, líder da organização mental, tem sua alma transferida permanentemente para seu Avatar por uma ação da Árvore da Alma.

O filme termina da forma que descrevi, mas as nossas ideias, as nossas reflexões continuam buscando o inevitável. O planeta Pandora tem o mesmo cheiro do Éden bíblico, ao surgimento da natureza, da árvore do bem e do mal, da árvore da imortalidade, do apocalipse ao lado da busca de um fluxo de consciência e de energia no fogo que move a vida, uma extensa união de emoção que mora dentro do homem, um pensamento estampado em Santo Agostinho, Russeau, Jesus e de homens que sonham com bandeiras brancas estendidas nas janelas de todas as casas do universo.

Não podemos esquecer, porém, que Avatar, enquanto signo nasceu na Índia, significando o espírito do homem reencarnado em outro homem, em outro tempo, buscando refazer a sua própria realidade, evolução e elevação espiritual. Acredito, isso existe em mim, que todo texto encontra o seu fim, o seu desfecho. Assim, espero que todos que assistiram Avatar passem a adorar uma plantinha, a Árvore dos Amanheceres, respeitem o outro como testemunho de que Deus produz a luz em cada pedacinho de vida e, que ao anoitecer encontrem o seu jardim de sonhos. Ao circular pelas ruas desse mundo, e encontrar um alguém que caminha desordenadamente, diga-lhe: “Eu vejo você” fugindo do aspecto frio e do olhar periférico e externo, mas comprometido com o olhar profundo, interior, onde o coração bate em ritmo de revelação.

Esse era o pensamento de um jovem chamado Jesus, filho de Maria e José, das ideias de Santo Agostinho, homem da noite, do dia, e da conversão no momento exato; de João Paulo II, o ator que se tornou Papa e imaginou Adão dizendo a Eva: “Eu vejo você “ e Eva diante de tanta natureza respondeu: “Eu também vejo você”. Pensar uma receita que se origine em Avatar é muito difícil, mas pensamos no Pudim de Pistache lembrando das florestas e do mundo silencioso de Pandora.

RECEITA
PUDIM DE PISTACHE

Pudim: 50g de pasta de pistache; 250 ml de leite integral; 200g de creme de leite sem soro; 1 lata de leite condensado; 2 ovos; 3 gemas

Calda de Caramelo: 150g de açúcar; água suficiente para molhar o açúcar.

Modo de Preparo:

Calda de Caramelo: Na forma de pudim coloque açúcar e adicione água suficiente para molhá-lo. Com o fogo desligado mexa para uniformizar a mistura. Ligue o fogo e deixe cozinhar até transformar em caramelo.
Pudim de Pistache: Pré-aqueça o forno a 150 graus. Dilua bem a pasta de pistache no leite quente, mas não fervido. Transfira o leite com o pistache para um recipiente grande e acrescente o creme de leite e o leite condensado. Em outro recipiente bata os ovos e as gemas com um fouet e os incorpore à mistura anterior. Coe e transfira a base do pudim para a forma caramelada. Cubra com papel alumínio e cozinhe em banho-maria até que o centro do pudim esteja firme. Leve para gelar (de preferência de um dia para outro) e desenforme na hora de servir.

Por Adriana Padoan