I – Far – West
Estação de estrada de ferro, soalho de madeira deteriorada. Quatro pistoleiros sujos, fedidos, armados, esperam pelo trem. De algum lugar surge o som de uma gaita. O trem apita, garganta irritada. O som típico de um tiroteio explode na estação; quatro corpos tombados no madeirame sujo, mortos. Do outro lado da linha férrea um cavaleiro solitário, matador, com a gaita na boca, arrumou a sua mala e parte, desaparece, se perde onde a câmera não o alcança. Ele é e será o mistério do filme. Estamos assistindo a um filme de cowboy, ou se preferirem faroeste. Você gostou de faroeste, trata-se do cruzamento de far, carregando o significado de distante e West, o fim do mundo. Esse estilo de filme dominou e alimentou o enredo de centenas de filmes por décadas.
Em seu desenvolvimento, havia paisagens maravilhosas, campos sem princípio e sem fim, flores tricotadas com cores conhecidas e ainda algumas não registradas. Na chegada da lua, os mocinhos cantavam e tocavam violão; as mocinhas cantavam histórias eróticas à luz dançante das fogueiras; os índios dançavam a guerra e os bandidos caminhavam com suas botas sobre estradas feitas de dólar.
II – O filme “Era uma vez no Oeste”
Era uma vez é uma fórmula gráfica para introduzir narrativas dirigidas às crianças. No caso desse filme, tenta passar a ideia histórica dos momentos que levaram os Estados Unidos ao progresso econômico, social, guerreiro e articulador de ações.
Era uma vez um viúvo com três filhos. Era proprietário de uma fazenda na secura do oeste, chão congestionado, rachado, sem esperança de vida. À tarde, no horário do almoço americano, pistoleiros surgidos do nada, eliminaram a família toda, a tiro de pistolas famosas daquele tempo, uma nuvem tampou o rosto.
Corpos tombados no chão, o sangue tentando escorrer desenhos acadêmicos ou abstratos, não chegaram a terminar a obra. O motivo das mortes saiu do setor de projetos do presidente; por necessidade de chegar a frente, naquelas terras mortas, passaria uma estrada de ferro, o que valorizava o chão e aquela tosca fazenda em milhares de dólares. Por esse motivo, mataram a família e o filme começa a contar a história do povo americano: fizeram-se à custa da violência, ausência de justiça, da lei, da ganância e da riqueza.
O que os assassinos não sabiam, um fato simples é que, uma semana antes, em Nova Orleans o viúvo casara-se com uma ex-prostituta interpretada pela atriz italiana Claudia Cardinale.
III – A prostituta
Claudia era uma das atrizes mais lindas da época. Ela resolve tomar conta da fazenda, construir a estação ferroviária, sonho do marido e também construir uma cidade para que o seu corpo circulasse pelas ruas, com a ajuda de um pistoleiro misterioso tocador de gaita. A luta, a garra, a ausência do medo e o som da gaita anunciando os segredos que estão descendo do céu, fazem parte do mesmo paninho que ela pinta para cobrir a mesa da cozinha.
Não é possível assistir a esse filme sem perceber o processo desbravador dos Estados Unidos, realizado com as linhas férreas cruzando as distâncias do Oeste. Caravanas, cavalos, tiros, rapidez no gatilho e a verdadeira loucura para preservar a vida e a semente de uma nação. Os índios desciam pelas montanhas sonhando e se entristecendo pelo destino de sua terra. Empinavam os seus cavalos gritando com raiva destravada pelas suas bocas, mas os corpos tombavam sobre a terra que tanto amavam, emudecendo os desejos, os projetos e a sombra que nunca existiu.
IV – O filme e a sua proposta
A estação férrea cresce pela força da atriz Claudia Cardinale. Ela comanda os funcionários, serve-lhes água, o corpo suado, os seios pulando dentro do vestido, e a colocação dos trilhos tombando no chão.
O ator Henry Fonda, vestido de preto, mascando fumo, interpreta um personagem que encosta nas atuações dos filmes de terror; é o responsável para que a via férrea não encerre o seu destino. Mas contrapondo-se a ele está o personagem misterioso com a gaita nos lábios. O combate que sustenta a qualidade do filme centraliza-se na oposição entre o mistério que circula em torno desses dois personagens extraídos dos lados mais escuros do Apocalipse.
V – Vida e estrada
A estrada vai esticando os seus braços pela terra; a cidade consegue se desenhar, e a história dos Estados Unidos da América começam mostrar a foto do seu desenvolvimento. Seguindo a história da nova pátria, por traz das cortinas que cobrem os espetáculos, existem à ação realizada pelos chamados homens fora da lei, que rompem a realidade possível e impossível.
VI – O poder econômico
No comando dos acontecimentos, surge o homem que carrega os malotes de dinheiro. Em era uma vez, o personagem que toma, invade as terras, manda matar, é um aleijado, com problemas nas pernas que mantem um escritório num dos vagões mais bonitos de seu trem.
Num momento de desespero, sentindo as dificuldades da construção da estrada, esse ser poderoso ordena que Fonda destrua a mulher, o tocador de gaita, e os operários que montam apenas um sonho.
Na estrutura básica do faroeste americano, o diretor coloca os seus mistérios frente a frente. Numa ponta de uma rua está o tocador de gaita. Na outra, vestido de preto esta Henry Fonda. Porém, antes que se matem, torna-se necessário que a memória, o subconsciente e a consciência dos dois busquem um motivo muito forte para que os segredos do passado ponham os seus pés no presente, avaliando o encontro de dois personagens tão parecidos em suas missões, ou seja, estão num laboratório de psicologia pessoal.
Presados leitores, os dois personagens estão em posição de duelo, o fato que a história realiza todos os dias, ou duelamos conosco ou com o outro. Os olhares se devoram e as memórias percorrem o espaço revelando a realidade escondida pelo vento.
A imagem vem vestindo roupas cravadas num guarda-roupa perdido no tempo. Há uma árvore linda, com flores equidistantes. Num dos seus galhos existe uma forca. A corda está contornando o pescoço de um jovem. Esse jovem se sustenta com os seus dois pés nos ombros de um irmão adolescente que, pela situação, chora, sua, implora pela vida do irmão apoiado em seus ombros.
Fonda, bem mais moço, de preto, como sempre, tira uma gaita de seu bolso e a empurra para que aconteça o enforcamento dentro da boca do garoto apoiador. Neste instante, nessa cena, o diretor explica o mistério da gaita que esteve presente durante cada detalhe do filme.
O gênero chamado faroeste, estilo que atinge milhões de fãs por esse mundo, revela os seus mistérios para os atores e para o público. No caso, como estamos falando, temos dois homens em posição de duelo que lembraram o motivo de uma simples gaita. Os tiros. Fonda tomba por terra. O gaiteiro se aproxima e empurra a gaita na boca de Fonda, devolvendo, mesmo na insegurança do tempo: o retrato da covardia, a vergonha da justiça, a face da violência e a vida que poderia ter sido.
Aos meus leitores, não posso terminar esse texto, sem identificar a profundidade da história americana que, como um povo que desejava construir uma nação, a costurou na sombra e na velocidade das estradas de ferro. Ação que o Brasil, descoberto na mesma época, não fez até os dias de hoje.
Hoje, depois do tempo corrido, os turistas vão para américa para colocar o olhar na Estátua da Liberdade, com seus quarenta e quatro metros de altura; impressionar-se com o Lincoln Memorial, erguido sobre os seus trinta e dois metros de altura e, depois buscando a poesia, segurar o Mickey, de 68 centímetros e dez quilos de peso.
Meus queridos leitores,
Que a paz esteja com todos,
E que o cinema supera o gênero, o estilo.
Mas a sua função é apertar o nosso coração.
RECEITA
FRITTATA DE PRESUNTO E TOMATE
Ingredientes: Azeite; 1 dente Alho esmagado; 1 Cebola Pequena Fatiada; 1 Batata Média Descascada Fatiada; Sal; Pimenta; 6 Ovos; 60 ml Natas; 2 colheres de sopa Queijo Parmesão; Orégãos Secos; 10 Tomates cereja; 7 Fatias de Presunto; 100 gr Requeijão.
Modo de fazer: Para uma frittata que lhe vai dar energia para o dia inteiro, precisa de uma frigideira que possa levar ao forno. Depois junte um fio de azeite e junte 1 alho esmagado. Adicione uma cebola pequena finamente fatiada e faça o mesmo a uma batata. Tempere com sal e pimenta e deixe saltear. Enquanto isso, bata 6 ovos com 60 ml de natas e 2 colheres de sopa de queijo parmesão acabado de ralar. Junte sal, pimenta e orégãos e volte a bater. Entretanto corte algumas fatias de presunto em tiras finas e corte também uns 10 tomates cereja ao meio. Junte os ovos à cebola e a batata. Mexa um pouco e deite também o presunto. Depois esfarele meio requeijão para a frigideira e cubra com o tomate, com a parte cortada virada para cima. Leve ao forno pré-aquecido nos 180 graus entre 10 a 15 minutos. Quando pressionar o centro e a frittata estiver firme, está pronta a saborear!
por Adriana Padoan