Eu não sou uma poetisa, mas naquela noite estava no Grande Hotel. O cheiro de vida estava em todos os cantos do teatro, o cheiro de pipoca transformava-se em amor vindo do fundo do mar. Umas crianças declamavam: Eu amo, Tu amas, Ele ama, Nós amamos subindo nas alturas como pérolas fascinadas.
Todos estavam ali vibrando com o lançamento de mais uma peça de um jovem dramaturgo chamado Richard Collier. Ele estava rodeado de fãs, a peça mostrava as paixões das ruas de Paris. De repente, sem barulho, sem chamar a atenção uma velhinha linda, usando joias belíssimas dos tempos dos joalheiros amantes das pedras brutas. A roupa que ela vestia era de uma época passada. A senhora levantou-se, atravessou o salão, e suavemente coloca um relógio nas mãos do dramaturgo dizendo: “Volte para mim”! O vento era o mesmo, os efeitos do teatro não mudaram e ela sumira, desaparecera, como mistério sem origem definida.
Em algum tempo de pesquisa, de busca, de interrogatório, o dramaturgo conseguiu descobrir que a senhora fora uma atriz famosa do início do século. O filme, “Em algum lugar do passado” foi escrito por Richard Mathesion, um místico, um adepto da mecânica quântica. A sombra do amor, amor que realmente existe, penetrou no seu corpo, seus órgãos, sua alma. Dentro de si havia a vontade de unir o presente com o passado.
No dia seguinte, logo pela manhã o teatrólogo Richard Collier, entrou na Biblioteca Pública do Estado. Solicitou todo o arquivo referente ao século anterior do setor de teatro. Notícias, propagandas, peças, atores, fofocas, notícias sérias, acontecimentos que marcaram o período.
Ao folhear o jornal “Notícias do Palco”, viu um cartaz de teatro com o rosto dela, era a atriz Elise Mackenna, hospedara-se no Grande Hotel onde apresentava a peça “Rei Lear” de Shakspeare, provocando um sucesso estrondoso há dezenas e dezenas de anos passados.
O coração de Richard Collier bateu jogando sangue do passado no presente. A foto, os cabelos, os lábios, o rosto, tudo fizera parte do seu olhar. Callier procurou ler livros religiosos, teorias psicanalíticas, livros sobre psicologia.
Num momento de lucidez, ouvindo Chopin nº 10, opus 3 leu a teoria de Eistein, mergulhou em números e conceitos matemáticos, leu pensamentos físicos completamente desconhecidos.
O seu corpo, o seu cérebro procuraram pela hipnose, estradas difíceis, longas, cheias de vielas, ruazinhas sem estradas e sem saídas.
O mundo, a flor.
O pássaro possuidor.
O orvalho suave!
A madrugada sem a mínima resposta!
Um homem místico, morador em um pequeno penhasco falou-lhe na possibilidade de viajar pelo tempo.
Concentração momentânea.
Flores vermelhas.
Corações paralisados.
Tempo desfeito em tempo.
Nada!
Na tarde de quinta feira, o povo não sabe, mas todas as quintas feiras são especiais, e assim Richard Collier conheceu um professor de filosofia, um ser humano místico e pertencente a uma ordem de desenvolvimento mental nascida no Egito. O simples, mas profundo professor, disse-lhe: “Nada morre, o amor sempre permanece em sua eternidade que brinca de correr no universo posterior ao movimento das estrelas”.
Sentados sob um pé de Jacarandá, o professor ensinou-lhe caminhos, passos, controle e respiração. Aconselhou o teatrólogo a caminhar pelos brechós das cidades, comprar ternos e roupas da época que ela viveu; isolar-se num quarto, colocar uma música de Mozart, baixinho, e você ouvirá a voz de Deus; tire do quarto tudo que for do presente; deite-se numa cama, pense somente naquele tempo, respire, cante, chore, sinta o cheiro do tempo em que ela viveu. O nome do que acontecerá, não terá tanta importância, pode ser regressão a vidas passadas, deslocamento temporal, alta hipnose, as leis da mecânica quântica aplicada ao amor, o que interessa é a imensidão e as particularidades.
Ele pensou que dormiu, no entanto atravessou vários portais:
Anjos sorrindo
Cravos amando Rosas
Os lábios encontrando lábios
Recomeço!
Quando ele abriu os olhos, faróis de nós mesmos, ele estava em pé no balcão de recepção do famoso Grande Hotel. O gerente abriu-lhe o livro para preencher os dados de sua chegada. A sua letra estava registrada no mesmo livro, meses antes; ela, Elise Mackenna também estivera no mesmo hotel.
Ele guardou a suas malas, ajeitou-se no quarto tão costumeiro, abriu a porta buscando a beira do lago, local que preenchia os seus sonhos. As águas lavando a terra nua, as flores desamassando as suas pétalas. O mundo sorria.
Ela, Mackenna sentada numa cadeira de balanço, feita de vibrações coloridas. Ele aproximou-se. Mostrou-lhe o relógio. Disse com a voz na garganta da alma: “Voltei para você”! Os lábios não contiveram a dimensão do beijo, tudo se transformou em sentimento, amor, saliva, fogo, chama, e a música de Paganini nº 12 vagava sobre as ondas do lago.
No quarto ao som do Lago de Haendel, os corpos destruíram a dualidade; a unidade funde a criação do mundo, o prazer, a loucura e um pouco da lucidez e da emoção passearam pelo passado e por todos os tempos onde as pessoas se amaram.
Depois, como crianças subindo as asas dos anjos, os dois brincam de “nada nos bolsos”. Nada aqui, nada ali, nada lá, nada no além. Porem, embora doendo muito, ele tinha uma moeda moderna, de centésimos de dólar em um de seus bolsos e o seu corpo lentamente evaporou-se no espaço. Como acontece nas lendas dos tempos primitivos, Richard Collier retorna ao mundo atual. Buzina, trânsito, gritos, amores e desencantos.
Ele se tranca no quarto do seu hotel, ouve Mozart, Bah, Paganini, Beethoven; não come, bebe as lágrimas dos alambiques produtores de uísque, ama os momentos de sono, de desmaios profundos, de dores agudas. A morte, passando pela solidão e existência do tempo o levou, por amor, definitivamente, para o lado da atriz Elise Mackenna.
Ele chegou sorrindo o riso
Saído do seu amor.
Ela não chorou, mas uma
Lágrima desceu pelo seu rosto.
Beijaram-se dentro do infinito.
E Deus, homem bonito, criador de tudo.
Colocou os seus dedos na única lágrima de Mackenna.
E na gota de lágrima,
Uniu os dois para viver mais do que o próprio tempo.
Deus é lindo, pois só a beleza tem o poder da criação.
Enquanto Collier passeava
Sobre uma nuvem azul com Mackenna,
Deus permitiu que Mozart compusesse à Fláuta Mágica”.
Receita
Mini pavlova com Nutella
Ingredientes: 120 g de Nutella; 3 claras de ovo (100 g); 100 g de açúcar granulado; 60 g de açúcar; 100 ml de nata; 80 g de frutos silvestres.
Passo 1: Aqueça o forno a 90 ºC. Numa tigela, bata as claras de ovo até ficarem em formato de castelo. Antes de terminar, vá adicionando gradualmente o açúcar em três vezes com um batedor para evitar que s claras não murchem. Quando as claras estiverem em castelo, adicione o açúcar.
Passo 2: Prepare um tabuleiro para o forno com papel vegetal e, com um lápis, desenhe 8 círculos idênticos, com 8 cm de diâmetro cada um, deixando um pequeno espaço entre eles. Depois, com uma colher, coloque as claras batidas em castelo dentro dos círculos que desenhou. Tenha cuidado para não espalmar as claras de ovo. O contorno dos merengues deve ser mais alto do que o centro.
Passo 3: Assem no forno durante 2 horas na prateleira inferior. Depois, desligue o forno, mas deixe os merengues dentro do forno com a porta fechada até esfriarem. Conselho: este passo pode ser feito no dia anterior. Não é necessário guardar no frigorífico. Lave os frutos silvestres e bata as natas com uma batedeira. Recheie um merengue com as natas batidas e adicione 15 g de Nutella com uma colher e alguns frutos silvestres. Repita o procedimento para o resto dos merengues.
Por Adriana Padoan