I – Um clima suspeito
O mundo movia-se carregando uma tristeza infinita. Os jardins, os parques, as aves, os animais olhavam para as linhas do horizonte, mas as lágrimas impediam uma clara visão das ações que estavam para acontecer.
II – No fundo da moldura, um protótipo de homenzinho
O prenúncio de homem, chamado Hitler, vivia em conflito com o pai, não se destacou na escola, foi reprovado no curso de Belas Artes, não tinha namorada, não era adorador de um banho, de roupas elegantes, ganhava dinheiro pintando cenas de rua, lutou na 1ª Guerra Mundial, foi condecorado por insumo de gases perigosos. Esses gases entraram-lhe pelas narinas, pela boca, chegaram ao cérebro e castraram todos os seus neurônios; depois desse fato passou a odiar os judeus, os intelectuais, e chegou ao poder de um país estrangulado pela sua economia, cultura, educação, humanidades.
III – A força da criatividade artística
Walt Disney e seus criadores, desenhistas, animadores, procurando dar um pouco de sensibilidade numa época conturbada, pré-guerra, e ao mesmo tempo, oferecer uma dose de felicidade aos corações humanos, criaram e lançaram os filmes “Pinóquio”: que representa a busca, a luta, pelo ser humano; lançaram também, o filme “Fantasia”: um aprofundamento no universo da música clássica, caminhos pintados por Deus.
A bilheteria, porém, não atendeu a beleza dos filmes, temendo o começo da 2ª Guerra Mundial, ninguém saia de suas casas pensando no que acontecia ao mundo europeu. A loucura de Hitler espalhava o medo, perseguição, mortes e espancamentos.
IV – Crise – cinema
A Disney, seus sonhos, seus projetos entraram em crise econômica. Os funcionários da Disney entraram em greve, a produtora parou; não havia uma saída de emergência.
Um dia ensolarado, as luzes penetrando no vazio do estúdio, um desenhista lembrou-se da história de um elefante, escrito por Helem Aberson e Harold Pearl. O nome do texto era “The Flying Elephant”, ou seja, “O Elefante Voador”, ao lado dessa narrativa, trabalharam com o simbolismo do animal, apontado pela bíblia, histórias e lendas, crenças ou adorações. Os reis desconhecidos, que surgem uma vez por ano rodeando as constelações, lançaram a crença que o elefante é uma simbologia de sorte, da paciência, da temperança, da fertilidade. O elefante, em síntese, era tudo que a Disney precisava.
V – Do livro ao cinema
Walt Disney escolheu Bem Sharpastien para dirigir o filme dobre o elefantinho. Na sala de criação, os roteiristas Otto Englander, Jol Grant e Dicke Huemer produziram o roteiro, uma entrada na vida de um circo, imagem que vem dos princípios do homem. Essa estrutura, de respeito, enfrentavam um problema dos mais sérios e nunca ocorrido na história do cinema: O filme “Dumbo” nascera carregando no corpo, na fabulação, a responsabilidade de salvar a Walt Disney da derrocada econômica. Ele teria somente 64 minutos, tempo necessário para salvar um ideal, um sonho e uma continuidade.
VI – O circo e as cegonhas
Os palhaços estavam dormindo. As trapezistas sonhavam com voos além do arco-ires. Os animais imaginavam aplausos e pipocas. O grupo de cegonhas, vindo da porta onde o destino se abre, entrega filhotes de animais a vários bichos. A senhora Jumbo, uma elefanta que há muito tempo, esperava pelo seu filhote, sentiu uma dor muito grande em seu sonhos de ser mãe, desejo afastado do deu olhar nesse momento, pois o seu tão esperado filho não chegara.
No dia seguinte, dia de transportar o circo para outra cidade, uma cegonha atrasada em seus compromissos com a natureza, entrega o bebê da mamãe jumbo. A mamãe mas feliz do circo estava radiante com a vinda de seu filho. As suas colegas elefantas, também artistas do circo, riram muito ao reparar nas enormes orelhas do bebê da colega Jumbo. Os outros animais sentiram a comicidade do nascimento; os palhaços observaram de longe, no entanto não riram, eles sabiam a significado da vida que existe para que os outros riam de um momento ilógico, ensaiado, programado. As elefantas, ampliando o riso no universo das palavras, chamaram o elefantinho de Dumbo. Essa palavra, no inglês, vem de dumb, abarcando uma série de significados que, no contexto da história assume um sentido de estúpido, burro, idiota, imbecil, palerma, mas, também, extraordinário. Esse movimento entre a personagem e o cognome amarra o enredo de Dumbo na temática social, psicológica e biopsicossocial.
A mãe de Dumbo protege o filhote perante qualquer problema que possa afetá-lo. Por isso quando, um bando de meninos puxa as orelhas do elefantinho, a mãe os ataca, demonstrando fúria e desequilíbrio. O dono do circo, diante desse fato, separa a mãe de seu filhote.
Dumbo, em sua solidão, um tipo de espelho psíquico do patinho feio, faz amizade com o ratinho Thimothy, uma espécie de “outro eu” do elefantinho, movendo-se diante de um mundo opressivo e injusto.
O diretor do circo dorme profundamente, os seus sonhos escalam uma montanha de sucessos. Os ratinhos aproveitando esse momento de sono do chefe da troupe sussurram-lhe em seus ouvidos que Dumbo será o maior espetáculo do mundo do circo.
O diretor artístico coloca Dumbo no espetáculo dos palhaços, mas ele tropeça em suas próprias orelhas e cai. Desesperado, o dono do circo prende Dumbo em um dos vagões do trem que transportam os artistas. Dumbo e Thimothy, conversando sobre desilusão, tomam uma garrafa de champanhe deixada pelos palhaços. Dumbo sonha com um desfile de elefantes rosas, uma das cenas mais belas do filme. Ao acordarem na manhã seguinte, com o sol esquentando as sementeiras dos campos; o ratinho percebe que, ele e o Dumbo, estão sentados no galho mais alto de uma grande árvore. Nesse momento, de intensa humanidade, Thimothy descobre que Dumbo tem a capacidade de voar.
Eles retornam ao circo. Para que o Dumbo ganhe confiança, todos os artistas entregam-lhe uma pena mágica que, nascida no corpo de um pássaro celeste, dar-lhe-á o poder de voo por meio de suas orelhas.
Dumbo voa sobre os palhaços, sobre o apresentador, acima da cabeça do público. As palmas espalham-se sobre a cidade, o novo astro atravessa as muralhas da incapacidade; a sua fama chega até a sua mãe e a traz de volta. E Dumbo voa, sente a beleza do mundo invisível de Platão, diante de seus olhos e da vida, com todas as suas contradições, transforma-se em vida, apenas vida.
Por traz da realidade do circo, protótipo da arte como catarse, eu vejo Freud, sentado em sua poltrona e criando a Psicanálise. Creio que, diante dos seus olhos, Dumbo voava de um lado ao outro, e o pensamento de Freud refletia o respeito, na melhor compreensão do desenvolvimento psíquico do elefantinho enfrentando o seu grupo. Pensando, também, no ratinho que percebeu o desenvolvimento de Dumbo, a evolução da aprendizagem e o ajustamento de suas orelhas mexendo com o amadurecimento do mundo. Todos com alguma deficiência ou não, sabem que são filhos e participantes do universo que ilumina os cantos obscuros da mente.
E a pena mágica, entregue ao Dumbo, representa que a força de cada um está em si mesmo, como Freud escreveu ao criar a psicanálise.
Receita
Torta crocante de doce de leite
INGREDIENTES:
Creme: 250 g de manteiga; 3 gemas; 200 g de açúcar;2 latas de creme de leite sem o soro.
Doce de leite pastoso.
Base: Bolacha maizena, maria ou de leite, Leite para umedecer.
Crocante: 1 xícaras (chá) de açúcar; 1 xícara (chá) de amendoim; 1 colher (sopa) de margarina
MODO DE FAZER:
Creme: Bater a manteiga com o açúcar até ficar um creme claro. Adicione as gemas e por último o creme de leite e gotas de baunilha.
Crocante: Derreta o açúcar. Quando caramelizar acrescente o amendoim e a margarina. Mexa bem. Retire do fogo e despeje sobre mármore untado com manteiga. Espalhe com uma colher e deixe esfriar. Depois de frio quebrar com rolo ou martelo até esfarelar.
Montagem: Forre uma forma redonda de fundo removível com papel manteiga. Umedeça os biscoitos no leite sem açúcar e forre o fundo forma. Despeje um pouco do creme. Acrescente uma camada generosa de doce de leite, coloque por cima uma camada de biscoito e depois uma de creme, coloque mais um pouco de doce de leite e por último o crocante. Leve à geladeira para endurecer. Desenforme em uma bandeja redonda. Mantenha na geladeira até a hora de servir.
Por Adriana Padoan