I – A vontade, o desejo
O ano de 1620 ainda bebia a água do mar, a sede era grande. O navio “Mayflower”, ou “Flor de Maio”, balançava o corpo nas águas do Atlântico a espera dos peregrinos ingleses que pretendiam fundar uma nação no novo mundo, na costa leste americana.
Embarcaram 110 barris carregados de sonhos, no convés do navio, e partiram em direção a linha do horizonte.
Navegaram por 80 dias, conversaram durante o clarão e a noite, oraram ao Senhor expondo-lhe toda fé que morava em seus corações; transaram pensando numa maratona; foi muito bom no dizer do pastor “sem nome”.
Aportaram na Baia Cabo Cod, atual Massachussetts, palavra estranha que tem o significado de “próximo a montanha grande”, montanha Great Blue Hill ou “Grande Colina Azul”.
II – O encontro com os índios
Os peregrinos foram recebidos pelos índios iroquois. Houve medo, espanto, cor da pele e a profundidade do olhar. Os índios os ensinaram a entender a terra, conversar com a terra e a ouvi-la. Nas mãos de um tempo, os índios os ensinaram a plantar milho, um alimento forte e desconhecido; ensinaram-lhes os segredos da caça, da pesca. Plantaram cevada, feijão e abobora.
III – A lua vestiu uma roupa vermelha
No cair dessa noite, os deuses indígenas foram destruídos e os índios foram exterminados por armas, doenças, gripe galopante, sarampo, varíola e doenças venéreas.
IV – Um salto no tempo
Nada aconteceu na natureza naquela manhã, tarde ou noite. O único fato ocorrido naquelas terras foi o nascimento de Joseph Raymond Maccarthy, criado em uma fazenda em Wisconsom. Dizem que subiu em árvores, nadou nas águas frias do rio, caminhou longas horas pelos canteiros das plantações. Fez os estudos iniciais na região e sentindo os chamamentos do destino, ingressou na faculdade de Direito. Durante o seu curso, não se destacou em nenhuma disciplina. Participou da 2ª Guerra Mundial, retornando à vida civil desfalcada de profissionais tombados nos campos de batalha. Por esse motivo foi eleito o juiz mais jovem do país.
O seu “eu”, à primeira vista parecia fora de centro, existia envolvido por dúvidas e incertezas. Um certo dia, sem preocupações futurológicas, candidatou-se a Senador. Foi eleito porque as urnas não possuíam muitas opções. Como Senador não participou de problemas sociais, políticos e ideológicos.
V – Fruto do acaso
Numa das sessões do Senado, fato corriqueiro, Joseph apresentou uma lista de membros do Partido Comunista. A nação americana vivia as tensões, as depressões e, até as suas ruas tinham medo da chamada Guerra Fria. A chamada Guerra Quente, segundo especialistas, era realizada nos campos de batalha. Nesse campo, na época das abelhas e da feitura do mel, os americamos jogaram duas bombas matando 105 mil pessoas, incluindo os recém-nascidos que na hora da morte, estavam brincando com Deus.
A Guerra Fria saiu dos campos de batalha, entrou no corpo das pessoas para discutir ideologias vazias, verdes, imaturas. Na época que estamos nos referindo; os Estados Unidos defendiam os valores estruturados pelo capitalismo; enquanto a União Soviética defendia as idéias econômicas socialistas.
Esse quadro temeroso produzia e levava o povo a sentir tensões internas que não tinham fim; o terror misturava-se à bebida nos copos dos bares. As notícias divulgavam que havia espiões soviéticos em cada esquina, nas escolas e faculdades. O Senador Joseph aproveitou-se do momento criando uma campanha contra o comunismo, os comunistas, os comunnis do Império Romano, os Leninistas. A partir daí realizou uma organização que propunha a possibilidade de criminalizar todas as tendências comunistas do país.
VI – O Senado
O Senador Joseph Maccarthy retornou à Idade Média, ressuscitou o período da caça as bruxas onde perseguia-se a acusava qualquer pessoa que tivesse uma atitude estranha.
Essa Caça a Bruxa entrou nas livrarias, em Hollywood, nos teatros, jornais, revistas, igrejas, Câmaras Municipais, Estaduais e Federais. No entanto, o ponto mais grave do trabalho do Senador Maccarthy, foi dividir o mundo em duas potências ideologicamente opostas: os Estados Unidos, capitalistas, filhos de anjos desocupados e a União Soviética, comunista, filha de um bordel organizado por diabos vagantes e desonrados.
VII – O filme “Culpado por Suspeita”
O longa metragem foi escrito e dirigido por Irwin Winkler, no ano de 1991, momento que explode a Guerra do Golfo, um conflito que aconteceu entre os Estados Unidos e o Iraque. O nome do filme está centralizado entre duas palavras significativas: culpado e suspeito. Esses termos sintetizam a década de 50 nos Estados Unidos. Em termos semânticos, culpado passa-nos a ideia de culpa, comprovação de uma maldade causada a outros. O termo suspeita refere-se a indícios possíveis, mas não comprovados; trata-se apenas de uma suposição.
VIII – A trama
O diretor de cinema David Merril (Robet de Niro) estava trabalhando na França. Como todo projeto tem um ponto de partida, ele foi chamado por Zanuck, chefe de um dos maiores estúdios americanos para comandar a direção de um filme. Na sua chegada, percebe que os andamentos das execuções cinematográficas não se apresentavam à vontade. A sua volta nos Estados Unidos trouxe o seu passado diante dos seus olhos, das suas emoções e da paixão separada pela distância. Ele reencontra sua ex-esposa e o seu filho, pedaços da sua vida que estavam vagando pelo tempo.
IX – A perseguição montada
Ao se encontrar com o produtor Zanuck, receber o trabalho e aceitá-lo, descobre que o seu nome fora indicado ao Tribunal, na condição de amante do comunismo e, por isso constava da “Lista Negra”. Essa lista registrava o nome dos comunistas e admiradores do partido.
O diretor David Merril fora, nos tempos de estudante, um frequentador de duas reuniões do movimento comunista, por mera curiosidade. No entanto a sua vida sempre estivera presa ao meio artístico e ao cinema. Os seus filmes foram premiados e levaram o nome do país americano aos lugares mais distantes do mundo. No entanto, se quisesse filmar novamente, precisava depor na Comissão de Justiça, comandada por Maccarthy, limpar o seu nome e convencer os interrogadores.
O diretor pensou muito, perdeu noites de sono e, por fim resolveu comparecer ao Tribunal. Merril conseguiu provar que não pertencia ao partido, mas para se livrar da denúncia devia indicar os nomes de seus companheiros que, por ideologia ou revolta pertenciam ao movimento comunista.
Em sua cabeça, em nenhum instante pensou em delatar um companheiro; o seu perfil de grande cineasta brotou nesse instante. Ele ficou em pé, gritou, colocou todos os seus pontos de vista, criticou a coerção e a destruição americana por aqueles homens que conseguiram levar o país à loucura. Ele sai da corte como herói para muitos, mas condenado e marcado como pessoa perigosa, um ser humano que representa um risco ao povo americano.
No dia seguinte, embora fossem horas lindas, correu todos os estúdios do país; as portas fechavam-se em seu rosto e as câmeras fugiam em busca do nada que faz muitos nadas insignificantes.
Merril resolveu retornar ao velho mundo. Na sua saída, no aeroporto, tio Patinhas o esperava, com uma placa na mão escrita:
500 filmes foram censurados;
200 livros foram queimados;
Centenas de produtores, diretores, roteiristas, atores, atrizes tiraram a própria vida;
Centenas de programas de televisão saíram do ar.
Daved Merril segurou as mãos da mulher e do filho e embarcaram no avião, rumo a Paris.
Ao cruzarem a nuvem mais baixa perceberam, pela janela do avião, o adeus de Branca de Neve, Cinderela, Peter Pan, O Rei Leão, A Noviça Rebelde, Jivago, Rick de Casablanca, James Dean de Juventude Transviada, todos cantando: “O sonho não acabou”.
Receita
BOLO RUSSO DE MEL MEDOVIK
INGREDIENTES: 100g de manteiga em cubos; ¾ xícara de açúcar; ¼ xícara de mel; 2 ovos; 2 colheres de chá de bicarbonato de sódio; 3 ½ xícaras de farinha de trigo; 1 xícara de creme de leite fresco; 1 xícara de iogurte natural; 1 limão siciliano; ½ xícara de açúcar de confeiteiro; 120g de chantilly
Modo de Fazer: Dispor a manteiga, o açúcar e o mel em uma tigela e levar ao banho maria até que a manteiga esteja completamente derretida, mas não quente. Retirar a mistura do fogo e adicionar os ovos e o bicarbonato de sódio. Misturar bem e voltar para o banho maria, cozinhar por, aproximadamente, 10 minutos ou até a massa dobrar de tamanho e ganhar uma cor de caramelo. Retirar do fogo e adicionar, aos poucos a farinha de trigo peneirada, incorporar a farinha na massa com auxílio de uma colher de pau. Sobre uma superfície enfarinhada, abrir porções de massa com auxílio de um rolo. Quando a massa estiver com, aproximadamente, 3mm de espessura, cortar em formato de círculo com auxílio de um prato raso ou de um aro. Repetir o processo com o restante da massa. Dispor em uma forma antiaderente, polvilhada com farinha de trigo e assar em forno preaquecido a 180 graus por, aproximadamente, 2 minutos ou até que estejam douradas.
Em uma tigela, dispor o creme de leite fresco, o iogurte e o suco de limão. Bater com a batedeira, até obter um creme consistente, então adicionar o açúcar e bater até incorporar bem. Juntar o chantilly e misturar delicadamente com auxílio de um fouet. Reservar.
Cortar as bordas de todos círculos de massa com auxílio de um prato ou com um aro. Dispor as sobras de massa no processador e bater até obter uma farofa. Reservar.
Sobre um disco de massa, passar uma fina camada de creme. Intercalar camadas de massa e creme até acabarem os discos de massa. Cobrir todo o bolo com uma fina camada de creme e finalizar cobrindo com a farofa.
por Adriana Padoan
