I – As rosas
Escolhi para esta semana o filme, “A guerra dos Roses”, baseado no romance The War of the Roses”, de Warren Adler, dirigido por Danny De Vito, lançado no ano de 1989, estrelado por Michel Douglas e Kathlenn Turner, narrado pelo próprio De Vito. Antes de assisti-lo pensei na Guerra dos Roses, guerra civil movida pela família York e Lancaster, disputando o trono da Inglaterra entre os anos de 1456 a 1485. Em meu interior, no meu universo ombreado por um corpo completamente psíquico, imaginei a Idade Média, os camponeses, a fumaça rodeando as chaminés das casinhas, os palácios plantados entre o chão e as alturas, as mansões acompanhadas pelos jardins organizados por artistas que conversam com a terra, estradas de terra batida, sem início e sem porto de chegada, exércitos marchando entre florestas primitivas, centenas de soldados vestidos de branco, carregando no universo uma rosa branca, brasão dos York; centenas de soldados com roupas vermelhas levando uma rosa vermelha nos escudos, símbolo dos Lancaster; corpos mortos flechados, atravessado por espadas, distribuídos pelo corpo exposto de uma grande planície, sem um pé de verdura plantada na terra para se manter a vida.
II – O filme “A guerra dos Roses”
Danny De Vito interpretando o advogado Gavin atendendo um cliente qualquer, em busca de uma solução para a sua vida, um divórcio. Gavin, antes de apresentar a fala da lei, uma lei como todas as outras leis, ou melhor, letras engatadas formando palavras com 14 significados; narra a seu homem-freguês a história do divórcio dos Roses, momento do filme em que se transforma no diretor, ator, e narrador da história.
III – A história
Uma rua comum, com jeito semelhante a todas as trilhas do mundo, lavadas pelas águas de uma chuva vigorosa. Uma mulher loira, linda, com uma mala sobre a cabeça, tentando proteger-se do temporal. O nome da personagem é Bárbara, de súbito, do outro lado da rua há uma grande barraca de lona, onde se realizará um leilão de antiguidades, acontecimento comum na sociedade americana; ela corre, dissimulando aqui e ali, um desvio dos pingos grossos da chuva. Levemente molhada, mantendo calma aparente caminha no meio do povo, observando as peças de antiguidades exposta aos visitantes, que serão leiloadas. De uma distância, ela observa o visitante Oliver Rose, que lhe chama atenção.
No filme, regularmente, o advogado Gavin reflete sobre a teoria de Darvin para explicar a lei do Direito. Aqui, no caso, a sua fuga em busca de proteção, faz parte da luta pela vida. O nome Bárbara surgiu no século IV a.C amparando o sentido de “estrangeira”, “estranha”, “difícil de se conviver”. Ela participa com os demais do leilão de antiguidades.
IV – Dentro da história – a casa
O leiloeiro apresenta uma pequena escultura japonesa, feita em marfim, uma deusa erótica, deitada em posição misteriosa, pertencente ao século XVII. Ela disputa com Oliver Rose a pequena peça, disputa acirrada, fechada, caminhada, palmo a palmo. Ela consegue arrematar a escultura. Acredito, e todos devem saber que Oliver, vem de longe, lá do latim, nome que significa oliveira, azeitona, um fruto que se transforma em azeite, portanto, alguém que passa por várias mutações durante a vida. Bárbara sai correndo do leilão para não perder o horário da balsa que faz a travessia. Oliver a persegue, a acompanha, seduzindo, por meio de declarações, a morar com ele. A estatueta os uniu.
Uma cena se sexo os demarcou. Uniram-se. Ele um advogado inteligente, esperto, que mantem um sonho, tornar-se sócio da empresa de advocacia em que trabalha.
Ela sonha com uma casa arquitetada pela história. Ele vive e frequenta a sociedade que formata o conceito de elite pensante. Ela não pertence culturalmente àquele mundo, mas sonha como e na mesma intensidade dos dominadores. Ele luta, casa-se com ela, tem um casal de filhos, trabalha o dia todo e um bom pedaço da noite. Aos poucos, sem trancos, Oliver vai colhendo vitórias. Um dia, ao levar as crianças à escola, Bárbara consegue achar a casa de seus sonhos. Entra, e Tanatos está presente na sala, verificando a sua nova aquisição, a dona da casa, morrera de madrugada e os Roses, sem pensar, compram a casa.
V – A estrangeira e o azeite
Oliver enfrenta a sua vida. Reuniões. Debates. Fórum, promotores, juízes. Jantares, almoços, conversa nos corredores da justiça. Ela, com dinheiro do marido, cria os filhos, cuida dos filhos, compra todas as antiguidades que deseja, pinta a casa, compra os móveis de época, tem orgasmos internos e externos, quando flerta com o lustre da sala, o cristal brilha além dos limites desenhados por Morfeu.
Oliver marca um jantar em sua casa, com grandes empresários e advogados. Bárbara percebe que, ali, ela representa a mulher que abandonou a vida para ser mãe e educadora, cuidadora da casa, dos andamentos de um lar bem burguês. Neste jantar, mesmo apagada, o seu patê, a sua receita faz sucesso, tira o fôlego, eleva o sabor às nuvens. Bárbara recebe uma série de encomendas de patês; com a entrada dos filhos na faculdade, abre um negócio próprio, a produção de patês e tempero.
O tempo passa a ser real, o seu mundo se afasta da sombra e do status de Oliver; frequenta e é solicitada pela mesma sociedade hipócrita que o marido relaciona-se. Mas dentro de casa, Bárbara começa a observar que a “hypokrisias” detectada pelos filósofos na antiga Grécia, como sinônimo de falsidade, dissimulação, fingimento, permanece cravada na relação do marido com ela. Ela, sem grandes dramas, pede-lhe o divórcio. Os dois, durante tantos anos investiram tudo o que ele ganhou na compra de cristais, peças de antiquário, tapetes, relógios, móveis, transformando a mansão como sinopse da produção material do velho e novo mundo.
VI – A guerra dos Roses
O divórcio, na origem etimológica é uma separação ou rompimento legal de um casamento ou rompimento entre coisas. Bárbara desuniu-se de Oliver, mas por uma intervenção jurídica que penetra no mundo poderoso de Oliver, declarou-se uma guerra em torno da única posse relacionada aos dois, a mansão.
Essa guerra ultrapassou as barreiras da dualidade entre os combatentes; o conflito entrou pelos caminhos da política, do jurídico, do pertencimento social.
A política americana, procurando equacionar um problema dos divórcios entre os pobres, onde o objeto de disputa centraliza-se numa só posse, ou seja, uma casa única permite que os casais coabitem o mesmo imóvel, até sair a sentença do juiz.
Oliver, usando a lei destinada à solução dos casais mais pobres retorna a sua casa, até que a sentença parta da pena de um juiz. A guerra como a dos York e os Lancaster, na idade média, move o filme.
A guerra entre o casal apontava para uma única solução: alguém sai ou alguém fica. Na ausência de um acordo, Danny De Vito, analisa a crueldade, a violência, a irracionalidade, a animalidade que traumatiza o mundo americano, e o restante do planeta, diante do desenvolvimento de uma ação de divórcio.
Bárbara tem o primeiro ataque, quebra inúmeras peças de porcelana inglesa adquirida por Oliver; este, fora de si, destrói as peças de cristal compradas por Bárbara. A cada peça destruída, o ódio, a ira, a raiva, o descontrole são descarregados na casa inteira, o capitalismo é destruído por dentro e por fora. O ser humano que classificava o casal sai pela janela, e o lado animalesco, onde o trânsito de uma árvore a outra era feita pelo lastro de um cipó, passou a ser realizada no lustre. E o lustre despenca no solo de uma casa que não mais existia. E os dois, sentindo que o ar vai se embora, deixam de respirar, de sentir, de viver.
O advogado Gavin conclui: “nascemos do lodo e do lodo nos transformamos em homens, mulheres e, no fim de tudo, retornamos ao lodo”. Esse livro de direito, o convívio social; possui mais de 1000 páginas, mas se quisermos podemos resumi-lo da seguinte forma: “há um lugar movimentado pelos seres humanos, um homem olha para uma mulher, ela sorrindo devolve-lhe a observação e o amor nasce, vive, sem se impor: quem gosta de cão casa-se com quem gosta de cão; quem gosta de gato casa-se com quem gosta de gato”. O restante é apenas discurso.
“Depois de assistir ao filme, pensei lentamente sobre as teorias filosóficas, teológicas, históricas, antropológicas e sem me assustar, observei um cãozinho correndo atrás de um gato no deserto da Praça Dom Epaminondas. O sino da Catedral soou e foi carregado pela distância. A realidade desceu pelo meu corpo, apesar de tudo, sorri”!
Receita
PATÊ DE SOPA CREME DE CEBOLA
INGREDIENTES: 1 lata de creme de leite; 1 xícara (chá) de maionese;1 envelope de sopa creme de cebola ( ou sopa de cebola )
MODO DE PREPARO: Misture todos os ingredientes, não é preciso bater.Não precisa de sal porque a maionese já tem e a sopa de cebola também.
PATÊ DE QUEIJO COTTAGE COM MANJERICÃO
INGREDIENTES: 400 g de queijo cottage;1 xícara (chá) de folhas de manjericão; ¼ de xícara (chá) de azeite; ½ colher (chá) de sal; 5 metades de nozes
MODO DE PREPARO: Bata todos os ingredientes no processador até obter uma pasta homogênea. Acomode-a em uma travessa e decore com folhas de manjericão.
PATÊ DE AZEITONA PRETA COM RICOTA
INGREDIENTES: 200 g de azeitona preta sem caroço;1 xícara (chá) de ricota fresca; 2 xícara (chá) de creme de leite; 2 filés de anchova escorridos; 1/4 de xícara (chá) de azeite; 2 colheres (chá) de sal
MODO DE PREPARO: No processador, bata todos os ingredientes até obter uma pasta homogênea. Transfira para uma tigela, cubra com filme plástico e leve à geladeira durante 30 minutos ou até servir.
PATÊ DE TOMATE SECO
Ingredientes: 1 Caixinha de NESTLÉ® Creme de Leite; 2 xícaras (chá) de ricota amassada;5 tomates secos bem picados;1 colher (chá) de sal
Modo de preparo: Em um liquidificador, bata todos os ingredientes até obter uma mistura homogênea.
Por Adriana Padoan