I -Texas
Os Estados Unidos dormiam sonhando com a posse, compra, invasão, avanços ilegais, leis surgidas do bolso de algum político desonesto e corrupto. Num desses pesadelos coloridos, se apropriaram do Texas, uma terra que o México, ilusoriamente, pensara fazer parte de seus domínios. A imensidão de terras, os desertos, as florestas, o Rio Grande que delimita a fronteira com o México. Nas costas dos Estados Unidos, sem camisa, nascem os cowboys, o country, o churrasco, com uma grande quantidade de temperos, os criadores de gado que passam três dias tentando calcular o rebanho. O poder, o lucro, a riqueza em contraste com a miséria, o racismo, a exploração em relação ao migrante mexicano. O Texas não se define com palavras, mas com a realidade desumana que escorre das calhas dos casarões.
II – O livro
A escritora norte americana, nascida em 1885, autora de romances, contos e peças teatrais escreveu, Giant em 1952, sobre a história da vida no Texas. Nesse romance ela criou personagens femininos fortes, subjugadas pela dificuldade da discriminação, seja ética ou por outros problemas. Penetra na grandeza do caráter das pessoas, das personagens. A autora do livro não casou, não teve filhos, não se conhece nenhum relacionamento amoroso rondando o caminho, fato que possibilitou infinitos comentários sob a sua preferência sexual.
III – Adaptação de Giant para o cinema
Georges Stevens tomou conhecimento do livro e, como produtor e diretor, sentiu que alguma coisa, um processo interior sem dimensão o arrastou a uma espécie de compromisso, levar o livro às telas do cinema. O livro de Edna Ferber tinha revirado a consciência dos texanos; havia no livro uma verdade doída, uma miniatura dos Estados Unidos, um retrato da nação escondido nos relógios de bolso.
IV – O roteiro
Steves solicitou ajuda dos roteiristas Fred Guil e Ivan Maffat e juntos, nas ocorrências do dia, das noites, das semanas, dos meses, produziram o roteiro de Giant, ou Assim Caminha a Humanidade. Antes do início das filmagens, as críticas, a maioria nascida no Texas, bombardeou o cineasta. O Texas tinha medo, o seu passado não era uma página escrita com letras góticas ou de forma.
V – Os artistas
A escolha dos artistas aconteceu num momento iluminado. A convocação de Elizabeth Taylor em um momento muito sério de sua vida, preenche o papel, afastando-a de sua beleza e provando ser uma excelente atriz, representando a personagem Leslie. Rock Hudson realiza o melhor papel cinematográfico de sua vida, representando rude, preso às tradições texanas, sustentada no nome Bick Benedict. James Dean faz o que sempre fez em seus dois filmes anteriores; o rapaz revoltado, desajustado, fora do contexto social do Texas.
VI – A trama
A história envolve três gerações de texanos, a vida transcorrida entre posse de terra, luta, conflitos, jogo de interesses, lá pelos idos de 1923. O representante atual dos antecedentes históricos, Bick Benedick, é um homem trabalhador, milionário, duro, racista, preocupado com o crescimento da Fazenda Reata, a maior criadora de gado do Texas. A sua irmã chamada Luz Benedick, uma solteirona rude, auxilia o irmão no comando da casa, na criação do gado; é uma mistura de mulher, homem, sem sentimentos aparentes.
Bick se ausenta do comando da fazenda por alguns dias; viaja até a bela Maryland, no nordeste dos Estados Unidos, para comprar um cavalo premiado, de um rico fazendeiro simples e culto. O cavalo é preto, lindo e, na verdade pertencia à filha mais velha do fazendeiro de Maryland, chamada Leslie.
Como disse Drumond, Rick olhou para Leslie que encarou Rick, e os dois sonharam com a vida que estava de plantão. Falaram, conversaram, profetizaram-se e, sem que Deus interferisse, casaram-se. Ao entardecer, de um dia despersonificado, entraram no trem e tomaram o rumo do Texas. O cavalo negro, da mesma cor da transfiguração, foi junto.
Leslie entra num Texas cor de sangue; o Texas a leva até o casarão dos Benedicts comandado por Luz Benedict, mulher sem sorriso, sem acordo, sem gosto adocicado da vida. A fazenda ou Rancho Reata apresenta a Leslie aos problemas que sustentam o presente e aquele mundo:
A fome dos pobres;
Os ranchos (favelas) dos mexicanos,
O preconceito racial,
A boca calada dos humildes,
A doença que mata os adultos e crianças,
A vida dos vaqueiros,
A imensidão do número de gado.
A cara dos Estados Unidos,
Povoa o filme, com suas
Espinhas, tumores, consciência,
Esparramada no rio sem sentido.
Nesse mundo existe um personagem representado por James Dean, um jovem revoltado até com o ar que respira; ele obedece e representa o queridinho de Luz Benedict, a intratável.
VII – Revolta, castigo e morte
Noite. Luz monta no cavalo negro de Leslie, comprado pelo seu irmão. Procurando vingar-se da esposa do irmão, mete a espora no cavalo, galope, espora, sangue, raiva, espora rasgando a carne do animal, o trote, o cavalo empinando o seu corpo em direção à lua; a cavaleira não domina o corpo, tomba em direção ao solo, sendo abraçada pela morte.
Na abertura do testamento, essa mulher travada para a vida, deixa um pedaço de terra ao jovem Jett, interpretado pelo estranho James Dean. Bick tenta comprar o pedaço da terra, mas Jett, em nome do amor à Luz, sua protetora, assume a sua herança. Ele luta, faz cerca, tenta procurar petróleo, pensa que, por baixo daquela terra, existe algo escrito e que ainda não fora lido, e o petróleo jorra.
VIII – Texas – nação americana
Nesse instante, o filme “Assim caminha a humanidade”, realiza uma transformação no Texas e nos Estados Unidos, ou seja, a sua grandeza como nação, veio da nova era, a odisséia do petróleo.
A fazenda ou Rancho Reata, continua tocando a canção saída das grandes mamadas de bois e vacas. Leslie muda o sistema machista da casa, demonstra a todos os rancheiros, o valor do feminino; leva saúde aos mexicanos, derruba o racismo existente entre a terra e o sol. E nas noites de amor, tem três filhos, a esperança de continuidade do Rancho Reata. O filho, sua profecia próxima, faz medicina e casa-se com uma mexicana. O rancho de Reata não entra em seus pensamentos. As meninas não são combatentes, não são guerreiras, são mulheres comuns. Assim, segundo o filme, a Humanidade Caminhou em direção às ruas, cidades, esperanças, crenças, que todos os americanos buscam como caminho e forma de vida.
IX – Cenas que marcaram o filme Giant
1 – Um dia Leslie para na porta do rancho de Jett e este, a convida a entrar. Quando ela está indo embora, pisa em um barro escuro e na hora Jett percebe a lama oleosa na marca deixada por um dos sapatos dela.
Ele guardava em seu peito,
Um amor profundo e platônico por Leslie.
A marca do andar dela
O leva a descobrir petróleo.
2 – Pelo olhar de Leslie surge o racismo e a intolerância humana de mãos dadas e diante de sua face.
3 – Leslie é uma jovem acostumada a uma vida cultural, e seus olhos viam a paisagem coberta de verdes, flores, empregados educados. Casada com Benedict, enfrenta pela primeira vez os hábitos alimentares dos texanos. Cabeça de boi enterrada num buraco com brasas.
Cabeça de um animal aberta,
Cabeça, chifre, fumaça.
A abertura do crânio do animal.
Todos disputam o miolo fervente.
Ela desmaia.
4 – Ela é impedida de escutar a conversa do marido com os outros rancheiros. – É assunto de homens. É negócio. A câmera em seu rosto e voz: “– Arrumar o tear, meninas, logo me juntarei ao harém”. Benedict .
5 – Luz tentando retomar o comando da casa. Ela monta o cavalo favorito de Leslie. A câmera focaliza as esporas dilacerando o corpo do cavalo.
6 – Jett escalando o moinho de vento para ver Leslie passar. O rifle no ombro sobre seus braços forma uma cruz perfeita.
7 – James Dean, Jett, coberto de petróleo, no seu caminhão velho, ironizando a riqueza dos Benedicts.
8 – Leslie na cabana dos mexicanos. A mãe na cama. Ela percebe a criança morrendo no berço. Chama o doutor. Salva a criança. Apadrinha-o. Dá-lhe um relógio no natal. O menino vai lutar na 2º Guerra Mundial pelos Estados Unidos.
9 -A verdade por trás das câmeras. Rock Hudson e Elizabeth Taylor saíram para beber e conversar. Beberam até as três da manhã. Às cinco horas tinha a cena do casamento da irmã de Liz. Hudson, bêbado, ficou olhando para Liz, ela para ele. A sorte e o benefício ao filme, não precisaram dizer nada!
RECEITA
Brisket Assado no Barbecue Caseiro
Ingredientes: 1 kg de peito bovino; 1 colher de sopa de páprica doce; 1 colher de chá de orégano; 1 colher de sobremesa de mostarda; 1 colher de alho desidratado; 2 colheres de sopa de vinagre branco; 3 colheres de sopa de açúcar mascavo; 2 colheres de sobremesa de catchup; 1 colher de chá de sal; 2 colheres de sopa de molho inglês.
Modo de fazer: Esfregue bem todos os temperos na carne. Embrulhe a carne em papel alumínio, junto com os temperos. Deixe bem fechado. Coloque este embrulho dentro de uma assadeira, e asse por cerca de 3:30 h a 160ºc, no forno pré-aquecido. Deixe a carne descansar por pelo menos 15 minutos depois que tirar do formo, para manter suculenta.
Sirva com o acompanhamento que desejar.
Por Adriana Padoan