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quinta-feira 14 novembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – Assassinos da Lua das Flores: a vida e a morte de uma cultura

I – Natureza
O vento pode nascer nos sonhos de uma borboleta; nos movimentos artísticos de uma libélula; pode se declarar à margem de um rio, caso o seu coração transparente desejar sentir os pés e os sinais dos passos dos índios Osages, procurando a linha do horizonte na distância das coisas impossíveis da América do Norte, é uma questão que nasce dentro das frutas vermelhas de uma romã.

II – A América
Tem gosto de terra que vem de longe, de água, de búfalos abatidos pela ponta aguda de uma flecha orientada pela pontaria de homens que vivem a beleza e a realização dos desígnios percorridos pelo sangue e emoções que frequentam qualquer lugar do tempo e do espaço.

III – O parto da terra
Havia um homem chamado Colombo, nascido em Gênova, na Itália. O seu “EU” sonhava as ondas de todos os mares. Ele cresceu amando, brincando, dançando e comandando navios silenciosos e ruidosos, brincadeira que subiam até as nuvens. Uma noite de tempestade ele sonhou que rompera o tapete do mar, descobrindo terras desconhecidas. As terras eram reais, as árvores verdadeiras, as florestas sem a altura medida eram factuais. Sobre a terra, não sabemos se o chão gostava ou não, existiam milhares de homens, mulheres, crianças, bonecas feitas nas esculturas do milharal. Colombo, coração pulando sobre os mapas geográficos, achou que descobrira as Índias e, no caso, seus habitantes foram chamados de índios.

IV – Assassinos da lua das flores
No ano de 1217, o escritor americano David Grann pediu licença a história para escrever sobre os eventos incômodos, mas reais, que marcaram os caminhos e a vida dos índios Osages que, sem saber do mundo negro que corria sob o solo de Oklahoma, não sentiram o odor e o voo da morte circulando o silêncio e o espanto dos astros.

A voz histórica registrou os dias de 1920, momento em que os Osages descobriram petróleo sobre as suas terras. Partindo desses acontecimentos e do livro de Grann, Martin Scorsese e Eric Roth escreveram o roteiro para a realização do filme “Assassinos da lua das flores”. A direção do projeto coube ao próprio Scorsese. Os atores Robert De Niro, Leonardo de Capri, e outros astros da tela, jogaram ácido aquecido sobre as ideias que nasceram com cheiro de tempo vivido, documentado, na fantasia entre a semelhança e a realidade, à aproximação que arrasta a verdade para as trilhas percorridas pela lenda.

V – O filme
O poder ganancioso do homem branco descobriu uma palavra mágica, um vocábulo chamado colonização que, a partir do Renascimento deu e estabeleceu os direitos de invadir novas terras, abrir buracos enormes, na quietude do chão em busca do ouro, plantar sementes de outras regiões na imensidão daquele solo assustado, abriram trilhas, caminhos, povoados, cidades, destruindo o universo social, cultural, filosófico pertencente aos verdadeiros donos, no território existente a milhares de anos. Os índios eram banidos de um lado ao outro; os opositores ao projeto cultural dos brancos, despediam-se da vida e das suas aventuras neste mundo, uma espécie de amor apagado.

VI – Os índios Osages
No final do século XIX e início do século XX, os índios foram transferidos a um pedaço de terra em Oklahoma, caminharam escorregando-se pelas suas próprias lágrimas. Havia rios, caça, terra boa e adubada pelos dias sem certidão de origem ou data registrada nas montanhas embebidas pela ausência de vozes. As flores viviam em distâncias que rodeavam o infinito.

Os Osages aprenderam a amar a temperatura do vento, as crianças viviam os sonhos dos heróis do passado tribal, escritos no som da oralidade. Os jovens amavam-se acompanhando o ritmo das músicas nascidas no coração do índio que também era poeta. A vida rodeava no redemoinho devorador da memorialidade do passado; visualizador do presente e sua existência; e as profecias penduradas na caminhada da lua. Todas as necessidades reais para impulsionar as andanças no universo estavam em seus lugares.

Numa madrugada desconhecida, o pajé dos Osages abriu um buraco perto da cachoeira e enterrou o seu cachimbo, feito de lascas do coração do jatobá e narrador dos acontecimentos que balançaram a vida tribal desde a sua origem. Sem que se pretenda uma explicação, pois tudo faz parte viva da história, ouviu-se um estrondo vindo do útero da terra e rompendo o espaço em direção ao céu, onde um coluna negra, que não fora sonhada por pintores famosos, era o grito vindo do clamor da loucura psicológica, um clamor negro embalado por uma existência chamada petróleo.

VII – Continuação do filme
A continuidade da narrativa da história real a partir da relação de Ernest Burkhart, representado por Di Caprio e uma indígena, as cenas pintam um amor surgido nos sonhos e no fundo da imaginação, apoiado nos carinhos, mas objetivando a herança, ou seja, obter parte no petróleo.

VIII – Finanças
Na entrada dos anos de 1920, a tribo Osage tornara-se um dos povos mais ricos do mundo. Os índios entregavam-se a beleza da noite; sentiam o calor brotando do rosto da luz e se amavam como a humanidade nascera para amar.
As ruas brincavam de contar as finanças da tribo, elas corriam sobre um solo de dois bilhões de dólares. Dentro das casas do homem branco os conflitos psiquiátricos atrofiavam o pensamento que colocara a cultura dos conquistadores da terra sob os planos e os desejos de uma tribo indígena. Por outro lado, na chegada da noite, os índios buscavam as suas histórias misturadas com a beleza da vida e a doçura do mel.

IX – Vida e morte
Era noite e um pedaço da cidade dormia. O silêncio estendeu um lençol preso em qualquer lugar da atmosfera, para cobrir o assassinato de vários índios da tribo osage, pessoas que apenas marcaram um encontro com as casualidades da história e em nome dessa possibilidade entregaram suas vidas. Na organização da vida, da posse, e da morte o governo branco decretou que os índios necessitavam de um homem branco que comandasse as transações dos seus negócios entre o percurso que vai do petróleo à venda do produto, pois os índios não tinham a capacidade humana para gerenciar as suas posses.
A lua nascia com os seus olhos voltados para a realidade dos passos que a terra dava em direção aos seus interesses. Os índios, mesmo tendo o amor dentro de si, tendo uma propriedade que não fora planejada por ganância morriam na rua da lua das flores. Os corpos eram encontrados contorcidos na impossibilidade de rastrear o caminho comandado pela raça branca.

Assim, aos poucos o governo americano criou um órgão de repressão aos crimes chamado FBI, uma organização que chegou a deter pessoas capazes de matar sem o mínimo drama de consciência. No balanço histórico do fato real acontecido a mais de cem anos o petróleo foi pouco a pouco retirado das mãos indígenas e colocado nas prateleiras do homem branco.

X – A lua e as flores
A lua das flores, nome de uma rua sem início e objetivo de chegada, a morte sobrevoou e garantiu a ganância do homem branco incapaz de controlar a sua loucura pelo dinheiro, pedaços de papel ou moedas manchadas com o sangue brotado do amor entre os seres humanos.

Assim, o filme de Scorsese coloca o dedo nas décadas seculares da origem do vento originário das montanhas destituídas de sentimento. O filme, Assassinatos na lua das flores aponta para o racismo humano e suas distorções pessoais; a luta para que as leis não sejam respeitadas; a loucura e a incoerência de um processo econômico alucinado, desprezando o mundo do direito entre os homens.
Os índios não tiveram tempo de contar as suas histórias,
Morreram numa rua onde as flores estavam penduradas nas janelas.
A sociedade dos homens brancos vendeu o petróleo que brotou no chão indígena.
Os índios morreram sem entender o motivo da sua partida.

A poesia perdeu a voz.
O canto esqueceu a letra da música.
As orquestras abandonaram seus instrumentos.
E a dor causada pela injustiça econômica permanecerá brincando
Nos mercados de venda de ações energéticas ou insensíveis.

RECEITA

BANANA DA TERRA COM SORVETE

Ingredientes: 4 bananas da terra maduras; 6 colheres (sopa) de açúcar; 3 colheres (sopa) de canela em pó; sorvete de sua preferência.
Modo de preparo: Corte as bananas em fatias, no sentido do comprimento, cascadas. Frite as fatias de bananas até dourar. Em um recipiente, misture o açúcar e a canela e polvilhe sobre as bananas fritas. Monte o prato colocando as bananas e 1 bola de sorvete no meio ou por cima delas e sirva.