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sexta-feira 15 novembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – As Crônicas de Nárnia: O Leão, A Feiticeira e O Guarda Roupa

I – O nascimento do autor
O Padre Albert James Lewis saiu de casa ao amanhecer. A cidade de Belfast, Irlanda, ainda espreguiçava-se nas lembranças dos sonhos passados. Em sua casa, a esposa Florence Augusta Lewis, gravida de 9 meses, orava uma prece muito antiga, pedindo proteção ao filho que estava a caminho de casa, da rua, da cidade, do mundo. Ao meio dia, sem ligeireza e sem presunção, nasceu um garoto rosado chamado Clive Staples Lewis, no final do ano de 1898.

II – Infância
Na sua infância peregrinou pela chácara, bosques e biblioteca do pai. Sua mãe Florence foi a responsável pelos seus primeiros estudos. Ela ensinou os seus olhos a mergulhar no universo dos clássicos, livros carregados de histórias, aventuras, heróis, vilões, fadas, deuses perdidos em amores humanos, borboletas encantadas. Um dia, desencantado em si mesmo, sua mãe Florence vestiu uma roupa azul como o movimento das águas do mar, colocou algumas joias, peças simples, abriu as portas de sua casa e partiu em direção aos brilhos dos astros para nunca mais voltar. O menino Lewis tinha 10 anos e, de repente percebera que o seu mundo possuía um-porta retrato chamado solidão. Chorou, sentiu dores na fundura do peito e o canto desesperado de Ulisses procurando entender o eterno retorno.

III – A Universidade

Após a morte da mãe, tempo sem colheita de flores, partiu para Universidade Inglesa em busca do saber, cultura e das fórmulas que abrandam as dores das perdas. Estudou mitologia nórdica, ocultismo, latim, hebraico e filosofia. Nesse período, uma mistura de sentimento, entendimentos e lágrimas, correu pelo seu rosto, declarou-se ateu, abrindo luta contra qualquer deus que lhe cruzasse o caminho.

IV – A guerra
Ele viu o mundo entrar em guerra, ou seja, a soma dos conflitos massificados por gritos de revolta. Vestiu uma farda colorida e sem vaidade, presenciou a passagem da morte pelo meio da juventude. Testemunho a queda de bombas das bocas dos aviões, observou o olhar assustado da lua anunciando o seu amadurecimento.

V – A profissão
Em 1925, ano em que um homenzinho traumatizado pelo seu próprio abandono, chamado Hitler, realizava pregações políticas nos becos escuros da Europa; Clive Lewis presta concurso para lecionar no Colégio Magdalen College de Oxford onde se tornou amigo do professor J.R.R. Tolkien, autor de “O senhor dos anéis”, que lhe deu amizade, orientação e o ensinou a encontrar Deus em seu próprio interior, lições que o levaram a aceitar o cristianismo. A partir de 1950 entre outras tantas obras escreve “As crônicas de Nárnia”, uma imersão no gênero da literatura fantástica unindo, num só respirar animais que falam, faunos, centauros, vida, medo, conflitos e morte.

VI – O filme da Disney: As crônicas de Nárnia
Assisti ao filme da mesma forma que um cinéfilo o assistiria. Os questionamentos surgiram desde o movimento das primeiras imagens. A minha primeira interrogação rondou os significados de crônica, ou seja, estamos diante de um gênero literário determinado pela linguagem curta, pela simplicidade e narrativa do cotidiano, acontecimento de todos os dias. Esses acontecimentos, porém, acontecem em Nárnia, uma palavra criada por J.R.R. Tolkien, na língua sindorim, significando a simplicidade como parte da profundidade.

VII – A segunda guerra
O assunto do filme se passa na Segunda Guerra Mundial, momento em que o mundo olha assustado o desfile da violência, dos bombardeiros, dos grandes centros urbanos, aviões carregando armas modernas cruzam os céus sobre o olhar e a cabeça de todos. Os políticos, grandes feiticeiros, criam campos de concentração, transformam os cenários, tingem a terra de sangue e explodem, nos mistérios do sol e da vida, um cogumelo chamado bomba atômica. A explosão, a luz que nunca se apagara, o silêncio e a morte andando de braços dados com a tecnologia, criando as crônicas do espanto, do medo, do inacreditável.

VIII – Separação

A mãe, preocupada com a guerra, envia os filhos Lúcia, a criança que poderia ter ouvido “O Sermão da Montanha”; Suzana, uma pré-adolescente que, na língua de Cristo significava variação, transformação, sendo uma das mulheres que acompanhava o mestre; Edmundo, um nome que vem de “Ead”, indicando riqueza, fortuna e “mund”, na sua raiz referenciadora de proteção, nome de rei, mas, também, personalidade maldosa e que necessita de lapidação; Pedro, a rocha, o discípulo queimado pelo mar, o que construirá e transformará a luta em palavras ideológicas. Como íamos dizendo, a mãe dessas crianças, os mandou a uma fazenda de um professor, na área rural, para os proteger da guerra.

IX – A chegada
Eles chegaram ao casarão imenso, uma construção antiga, inundada de significados misteriosos. Tudo, desde os móveis, os cômodos, as escadas tem cheiro de movimentos ocultos. Lúcia, a infância representada, quer brincar de esconde-esconde, um folguedo usado e principiado por Luiz XV. Eles correm, encolhem-se atrás das pesadas cortinas, de móveis respirando séculos, bibliotecas com odores medievais. Lucia, na sua pureza, encontra um guarda-roupa, um símbolo de proteção, e no seu andar desafiador, encontra um portal interligando dois mundos: o real e o fantástico destituído de tempo. Ela o atravessa, saindo em Nárnia, um reino tocado pelo frio, pela neve, rios congelados, onde ela conhece o jovem Tumnus, um fauno, espécie de deus romano, protetor dos pastores e rebanhos; ele tinha a cabeça de homem e o corpo de bode, pelo de cabra e coroa de folhas na cabeça.

X – A amizade
Os dois não se assustaram, se tocaram, conversaram; ele a convida para tomar chá com bolo de leite em pó, uma delícia. O fauno conseguia leite em pó, congelando o leite e raspando o leite no ralo. Ele expõe à Lúcia que há séculos a feiticeira branca tirara o sorriso dos rostos dos habitantes de Nárnia. Os pássaros coloridos morreram de tristeza, as flores despiram as suas pétalas. Os centauros deixaram de sonhar, os unicórnios galopavam as montanhas de neve, os Minotáuros aliaram-se a feiticeira, as vozes dos animais divagavam pelo vento gelado, os deuses mitológicos não sabiam para onde iam, a magia nascia dentro de qualquer fruta.

XI – O retorno
Lúcia retorna a mansão do professor, luta para provar que estivera numa terra chamada Nárnia, onde o natal morrera, Deus não nascera, não há presentes, não há amor, só ódio, rancor e neve. Os irmãos, a muito custo, vão conhecer Nárnia, tentando fugir das garras da feiticeira. A neve é uma perpetuidade, as renas esqueceram a técnica de condução dos trenós, Papai Noel parara a fabricação de brinquedos, da esperança, e da alimentação da infância que existe dentro de cada ser humano.

XII – O leão
Lúcia, Pedro, Suzana e Edmundo conhecem o rei de Nárnia, um leão chamado Aslan ( leão em hebraico) que, através do jeito de ser, da sua pregação, da oposição a feiticeira, comanda uma guerra ideológica contra as forças do mal representadas pela loucura da inimiga. Aslan comanda um exército da paz em tempos de combate, a natureza inicia o processo de renascimento. As cores brotam da terra, das árvores e dos cantos do vento.

XIII – O personagem
Aslan, enquanto personagem sintetiza todos os valores do cristianismo, a liberdade, a justiça, prudência, moderação, a força das profecias de Ezequiel e Isaias, entregando-se a uma morte dolorida, humilhante, triste, para salvar os homens, mulheres e crianças do mundo de Nárnia. Depois de uns dias, seguindo a veracidade das profecias Aslan quebra a pedra chapada que lhe servira de túmulo, ressuscita para viver a sua vitória.

A feiticeira dá seu ultimo suspiro,
No ardor de seu próprio combate.
Aslan nomeia Pedro, consciente de seus movimentos,
E Pedro entra no coração do Rei de Nárnia.
Lúcia, Suzana e Edmundo,
Princesas e príncipes,
Recebem a mensagem que os conduzirá ao novo mundo.
O destino foi desenhado.

O filme termina com Aslan, sozinho, margeando uma praia; o mar movido por ondas canta uma canção; a lua oferece a perspectiva da solidão, e Aslan segue em direção ao Pai todo poderoso.

Receita
BOLO GELADO COM RECHEIO DE LEITE EM PÓ

INGREDIENTES:
BOLO: 4 ovos; 1 xícara de açúcar refinado; 1 xícara de leite integral; 2 xícaras de farinha de trigo; 1 colher de sopa de fermento em pó.
CALDA: 2 colheres de sopa (30 gramas) de leite condensado; 1 xícara de leite integral.
RECHEIO: 365 gramas (resto da caixa) de leite condensado; 100 gramas de manteiga sem sal; 200 gramas de creme de leite; 1 e ½ xícara de leite em pó.
DECORAÇÃO: 1 xícara de leite em pó.

Modo de fazer:
BOLO: Pré-aqueça o forno a 180°C. Coloque os ovos e o açúcar em uma tigela e bata até que a mistura fique bem clarinha e aerada. Adicione o leite, a farinha de trigo peneirada e o fermento. Misture tudo delicadamente com um fouet (de baixo para cima, do centro para a borda) até que a massa fique bem lisinha. Coloque papel manteiga ou unte e enfarinhe uma forma de 23 cm X 33 cm. Despeje a massa na forma e leve para assar por aproximadamente 30 minutos. Tire do forno e deixe esfriar.

CALDA: Coloque o leite condensado em um pote/tigela e acrescente o leite. Misture bem e reserve.

RECHEIO: Coloque o leite condensado, a manteiga (em temperatura ambiente), o creme de leite e o leite em pó em uma tigela. Misture tudo isso muito bem com uma batedeira até virar um creme e leve para o congelador.

MONTAGEM: Depois que o bolo estiver completamente frio, desenforme e corte horizontalmente na metade. Coloque a metade de baixo de volta na forma e molhe a massa com metade da calda. Tire o recheio do congelador e espalhe ¾ do creme em cima dessa primeira camada de massa. Coloque a segunda metade da massa na forma, fure todo o bolo com um garfo e molhe com o restante da calda. Despeje e espalhe o restante do creme (1/4) por cima do bolo e finalize polvilhando ou peneirando o leite em pó. Leve o bolo para a geladeira por aproximadamente 3 horas e sirva bem gelado!

Por Adriana Padoan