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segunda-feira 25 novembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – As assassinas do jazz de Chicago

I – Primeira Guerra
O mundo sempre tem sono, cansaço, desgaste. O seu encolhimento dentro de si mesmo pode despertar um grito de fúria que envolve os estragos políticos, o medo de ferir a pele do poder, a pressão capitalista; essas irritações geram luta, guerra, morte, e a nova maquiagem da violência.
Foi nesse contexto preso numa panela de pressão que, num determinado momento, explodiu a Primeira Grande Guerra Mundial.

II – Um balanço dolorido
Ao término da guerra, após um soldado desconhecido ter dado o último tiro, uma bandeira branca, pedaço de um pano caído entre os entulhos jogados nas ruas destruídas surgiu nas mãos de uma criança e os canhões calaram as suas bocas.

III – Tristeza
As vidas que partiram desse mundo, ninguém correu os campos de guerra com um lápis na mão tentando fazer estatísticas frias e vazias. No entanto, treze milhões de soldados e civis fecharam os olhos assustados e partiram dessa existência. Vinte milhões, aproximadamente, sofreram ferimentos ou mutilações marcantes. A Alemanha engoliu o sabor amargo da derrota. Uns dez países novos surgiram nas maternidades da história; todos vestindo fraldas, escombros, dúvidas e incertezas.

IV – Juntando os pedaços
A Europa contou os remendos das roupas, colocou os pés sem sandálias ou coturnos nas estradas desfeitas, e bateu nas portas das nações para emprestar dinheiro destinado à reconstrução do velhíssimo mundo e restaurar o que sobrou das lágrimas do passado recente.

V – O país do Tio Patinhas
Os Estados Unidos tiveram alguns arranhões em sua pele, saíram da guerra vitoriosos, com a roupa limpa e cabelos penteados. Eles, sempre eles, entraram na guerra quando o fim se aproximava. Aproveitaram o momento e abriram negócios com os países aliados, venderam sonhos dentro de saquinhos de pipoca. As terras americanas não sofreram invasões e nem presenciaram destruição. Os economistas da Grande América abriram os seus cofres, calcularam investimentos e ganhos, emprestaram o capital para a reconstrução da Europa a juros altíssimos. Assim, como num conto de fadas, os States tornaram-se a potência global, milionária, residência fixa do poder, do delírio, do Whisky, do sexo, do prazer, dos shows, dos grandes espetáculos.

VI – A metamorfose do amor, da feminilidade, da participação social
Os Estados Unidos, como a Europa, não conseguiram escapar dos desvios da infraestrutura do país causados pelos efeitos da guerra. As mulheres, donas de casas encantadas, saíram do lar para substituir os maridos, filhos, operários que, por gosto ou desgosto, enfrentaram os campos de batalha. A feminilidade, submissão, paciência, aceitação mudaram de rosto, de perfil, passando a pensar na grande chaminé, na produção, na participação ativa na sociedade que fora, um dia, local de vivência dos machos.

VII – Desvario, desvairada
A chegada dos anos 20 levou a sociedade americana a entrar na bolha dos sonhos. O cinema abriu os corredores do universo. O vagabundo de Chaplin, a sexualidade e o riso de Clara Bow, o lançamento do primeiro desenho animado comandado pelo Gato Felix. O Jazz, nascido em Nova Orleans, no bairro do Harlem, dentro da cultura popular, uma mistura de tradições, um ritmo que aceitava vários tipos de instrumentos, e que na origem vocabular significa “coito”, penetra no mundo dos espetáculos e shows. As saias das mulheres ficaram mais curtas, jogaram fora o espartilho, cortaram os cabelos bem curtos, estilo Chanel, usaram o perfume número 5 da mesma estilista. O telefone, o automóvel, a Broadway, a eletricidade, a dança Charleston, os movimentos das pernas e braços, os cabarés, o apogeu do Showbiz, grandes companhias de teatros itinerantes; esse cadinho efervescente recebeu o nome de “Loucos Anos Vinte”.

VIII – O filme Chicago
É uma adaptação corajosa de um musical de grande sucesso realizado na Broadway em 1975. O filme, de 2002, escrito por Bel Condon, dirigido e coreografado por Rob Marshall, tendo no elenco Renée Zellweyer, Catherine Zeta-Jones, Richard Gere, é uma sátira à corrupção na administração pública, na atuação e estrutura da justiça, a elaboração da celebridade formada pela beleza, sexo, interpretação e crime, elementos que consagraram a cidade de Chicago.

IX – O filme
A personagem Roxie Hart, casada, dona de casa, sonha em ser uma artista famosa no Vadeville de um cabaré. O seu marido, um mecânico que lhe tem verdadeira devoção não imagina os desejos que invadem os pensamentos de sua mulher. Uma noite, escondida no meio da plateia ela assiste a um número musical de Velma Kelly, fica paralisada, estática. Nesta mesma noite, após o show Velma é presa por assassinato do amante e sua irmã.
Roxie Hart tornar-se amante de Fred Cassely, um malandro que lhe promete arranjar uma oportunidade no mundo das luzes e do espetáculo. No quarto, onde Roxie se encontra com Fred, após ser chantageada, agredida, ela o assassina com três tiros.

O marido de Roxie assume a responsabilidade pelo homicídio, porém, ao saber da traição denuncia a esposa à polícia. Do lado de fora do local do assassinato a imprensa, os repórteres, disputam um espaço para fotografá-la, entrevistá-la, como uma estrela que participara de um grande espetáculo. O quadro ilustra muito bem o significado dos “Loucos Anos Vinte”, pós-guerra, onde o assassinato passa a fazer parte de um mundo sem objetivo, rico, poderoso, mas fragilizado pela sua própria história.

X – Prisão
Na prisão, vivendo os fragmentos de um presente desenfreado, Roxie conhece a cantora Velma, também rodeada pela imprensa, obra do seu advogado Billy Fynn, um defensor de mulheres singulares e construtor de enredos que o grande público e a mídia necessitam. Outra personagem marcante no filme e, ao mesmo tempo, representa a época da década de 20, é a carcereira Mama Morton, que, mediante o pagamento de suborno, age para resolver os problemas das presidiárias.

No caso de Roxie, Mama Morton a apresenta ao advogado Billy Fynn. O advogado a ouviu durante o tempo que sustentava o seu interesse. Por meio de um pagamento de cinco mil dólares, Fynn monta a nova história de Roxie: “Foi violentada, humilhada, coagida, chantageada, explorada. O seu amor por Fred era puro, singelo, profundo, o que resultou numa gravidez desejada e sonhada ao longo dos encontros”. Essa história ganhou os tabloides, as capas dos jornais, levando os jornalistas a loucura, a criação de um mito cantado nas letras e no ritmo do jazz.

XI – O julgamento
No julgamento, o que era comum na época, o tribunal foi transformado num circo, numa casa de espetáculo. Os passos do advogado desfilando na frente do juri, assemelhavam-se ao sapateado dos profissionais do jazz. Roxie foi absolvida, os holofotes dos jornalistas transformaram o corpo, os cabelos da bailarina em um baile de estrelas. Mas a fama e o sucesso duraram pouco. Na outra esquina, ao som do jazz, uma cantora desconhecida, matara dois amantes, tornando-se na grande Diva da noite.

XII – Conclusão
A noite não cantou um blues, a madrugada compôs a trilha estremecida de um jazz, e a cantora Velma Kelly, sex appel da noite, livre da cadeia, convida Roxie a formar uma dupla, as assassinas do jazz. A década de 20, nos Estados Unidos viveu os abalos deixados pela guerra, o jazz nascido nas ruelas do Harlem comandou as noites e os cabarés, as mulheres saíram das casas para viver as noites, no entanto, mesmo nessa mistura de sonhos e pesadelos a sociedade ainda não tinha assistido a um espetáculo protagonizado por duas assassinas. O sucesso foi bombástico. Penetrou na alma da plateia, e a cidade de Chicago preparou-se para dormir, enquanto o advogado Billy Fynn montava outro enredo, outra história para a defesa de uma recente cantora assassina. Isso é o filme “Chicago”.

Receita

Strudel de Maçã
Massa:
Ingredientes: 400 g de farinha de trigo;8 g de sal; 160 a 180 g de água; 1 ovo grande; 30 g de manteiga sem sal.
RECHEIO
Ingredientes: 1 kg de maçã (600 g a 700 g de maçã sem casca picada); 100 g de uva-passa; 1 limão; 4 g de canela; 140 g de açúcar; 60 g de noz triturada ou farinha de rosca (30g para cada strudel); 60 g de manteiga sem sal derretida (30g para cada strudel).
COBERTURA
Ingredientes: 1 ovo batido com um pouco de água; Açúcar de confeiteiro para polvilhar.

Modo de preparo: Inicie a receita reidratando as uvas. São 100 g de uvas-passas e 100 g de água morna; cubra e deixe assim até o momento de preparar o recheio. Se quiser, pode usar rum, vodka ou cachaça ao invés de água; agora vamos para a massa: são 400 g de farinha de trigo; e 8 g de sal. Misture os dois ingredientes sólidos. Adicione um ovo inteiro e 30 g de manteiga sem sal amolecida em temperatura ambiente. Comece com 160 g de água, vamos adicionar mais, se necessário, durante a sova. Misture tudo com uma colher e depois use as mãos. Vá dobrando a massa até agregar bem os ingredientes. Divida em duas partes iguais. Use a balança para conseguir fazer dois strudels do mesmo tamanho.
Modele uma bola com cada peça e embale em plástico filme. Vamos deixar essa massa descansar por 1h30 a 2 horas. Como não usamos fermento, a massa não vai crescer, esse descanso serve para tornar ela mais extensível, ou seja, permitir que a gente estique sem rasgar.

Antes de abrir a massa, vamos preparar o recheio. Escorra em uma peneira as uvas-passas que colocamos de molho anteriormente; descasque um quilo de maçã, corte as maçãs em cubos pequenos e adicione o suco de um limão inteiro. Coloque as uvas-passas que estavam escorrendo; 140 g de açúcar refinado e 4 g de canela em pó. Misture com uma colher e coloque tudo para escorrer em uma peneira. Já pode ligar o forno para um pré-aquecimento de 30 minutos a 180 °C. Abra um pano de prato sobre uma bancada. Polvilhe bastante farinha sobre o pano e esfregue as mãos para distribuir e fazer a farinha entrar na trama do tecido. Desembale a massa e coloque sobre o pano e comece abrindo com um rolo. Termine de esticar a massa em um formato retangular. Dê atenção as partes que ainda não estiverem translúcidas. Consegui chegar a uma massa de 50 centímetros de largura por 40 de comprimento. Use um cortador de pizza ou uma faca para cortar as beiradas que acabam ficando mais grossas e deixar a massa bem retangular e uniforme. Pincele 30 g de manteiga amolecida. Distribua bem por toda extensão da massa. Agora polvilhe 30 g de nozes trituradas sobre a manteiga. É possível substituir as nozes por farinha de rosca. Perde um pouco no sabor, mas tem o mesmo efeito prático. Acomode o recheio sobre um dos lados da massa, deixando uns dois dedos de sobra nas laterais. Levante duas pontas do pano no comprimento e dobre sobre a massa. Faça a mesma dobra no lado oposto. Agora vamos começar a enrolar o strudel sem encostar na massa, somente com a ajuda do pano. Levante com cuidado a lateral com o recheio e vá repetindo esse movimento até enrolar completamente a massa. Vamos colocar o strudel em uma assadeira forrada com uma folha de papel manteiga antiaderente, aquela que tem um lado mais brilhante. Transfira o strudel com a ajuda do pano, tomando o cuidado para deixar a emenda da massa virada para baixo. Com as duas massas na assadeira, só falta pincelar ovo batido com uma pouco de água sobre elas e fazer alguns furinhos sobre a massa para evitar que o recheio vaze na parte de baixo. Coloque a assadeira no forno, mantendo a temperatura em 180 °C com calor somente na parte de baixo e sem a necessidade de injetar vapor.

Essa é uma massa que demora no forno, porque a maçã precisa assar completamente. Costuma levar de 40 a 60 minutos depende de cada equipamento. Quando a crosta começa a ficar dourada é um sinal de que terminou de assar. Após 30 minutos, vire a assadeira para dourar de maneira mais uniforme. Finalize com uma fina camada de açúcar de confeiteiro.

Por Adriana Padoan