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domingo 22 dezembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – Ano Novo: como surgiu

I – Ano Novo – risco no real
Há lendas de mãos dadas com a realidade dos fatos. Dizem os jornalistas do tempo do Império Romano que, no século 46 a.C., depois de enfrentar as crises da política, do poder, do amor enigmático que conduzia a sua existência, das crises pessoais que envolviam aceitação e negação de si mesmo, o imperador Júlio César decretou que nesse dia com cheiro de desapaixonado, nascia um novo ano que, por ser o primeiro dia de um novo tempo, deveria ser comemorado.
O pipoqueiro gostou
A bruxa da montanha
Compôs três músicas.
As crianças brincavam nos parques
O religioso orou a Deus.
E Júlio Cesar, sexualidade
Completamente indefinida,
Rolou em sua cama em busca
De amores vazios.
À noite houve dança,
Povo nas ruas
Fogos iluminando o céu.
Nas mesas, simples ou sofisticadas,
Muita comida comemorava a morte da fome.
Júlio César dormiu nos braços de alguém
Na cama de alguém
Sempre de alguém,
Sem nome, sem rosto,
Sem nada.

II – Um acidente
A moça da janela abandonada; a moça dos sonhos imprecisos e tristes; descobriu o verbo da língua francesa Revieller, uma proposta de ação espremida numa página de um velho dicionário, apertada entre centenas de choros. O significado do verbo reveiller nos direciona aos termos: despertar, acordar, reanimar e que, na esquina do bar do caldeirão, se transformou na fileira de novas palavras, entre elas o vocábulo Reveillon, carregando nos cabelos o grito: renovação, outro nome para o ano novo.

III – Outro acidente
No século XVI houve uma mudança de Papa e do calendário. O Papa chamado Gregório XIII, assumiu em seus ombros o peso e as responsabilidades cristãs. O Papa, em 1582, dividiu o ano em 365 dias distribuídos em 12 meses. O calendário gregoriano era solar e tendo por base as estações do ano.

IV – A mudança das coisas e do mundo
O Papa Gregório, antes de ser Papa, tinha uma amante e uma penca de filhos bastardos. Alguns de seus filhos se transformaram em Cardeais. Gregório liberou a vinda das prostitutas europeias para Roma. Ele precisava do trabalho delas, pois havia muitos padres na capital da Itália.

A sua fama e popularidade disparava pelas ruas do Vaticano. Os mosteiros, por necessidade essencial, foram transformados em bordéis. Para alegrar o povo, liberou a obra “Decameron”, de Giovanni Boccaccio. O riso e o espanto apostavam corrida nas ruas da Cidade eterna. A sua popularidade alavancou o seu calendário Gregoriano e o dia destinado as comemorações permaneceram onde está até os dias de hoje.

V – As existências e encontros históricos
Os navios cruzavam os mares, navegaram no sol ardente, aquecendo a temperatura das águas; os navios descobriram, também, os caminhos da noite.

Os marinheiros colocaram os pés na areia que costura a África. Os comandantes ordenaram a embarcação de homens e mulheres, todos filhos da noite. Eles trabalhavam como escravos, choraram a saudade sem esquecimento, cantaram e dançaram ritmos explodidos dentro do sol. No dia do ano dos brancos e dos negros, no terreiro da senzala, vestiram roupas bancas, pularam sete ondas do mar; comeram sete sementes de romã, cearam um prato de lentilhas, recusaram a comer aves que ciscam para trás, chuparam 12 uvas, e o dia do ano nasceu dentro de tambores carregados de Iemanjá, Candomblé e Umbanda. A mulher africana, perto do fogão, bateu o calor negro, a fé gregoriana, a cultura do mundo, em dia de ano de clara batida em neve.

Já houve um tempo em que os gregos dançaram todas as horas que antecediam o final do ano. O Monte Olimpo tremeu 34 vezes, as gramas tingiram-se de vermelhas e, após longos silêncios, nasceu o deus Jano. Esse representante da corrida das horas tinha duas faces, as duas agitadas no interior de si; uma das faces olhava para a frente tentando, nas possibilidades do existir, narrar o futuro; a outra face, mais carrancuda, olhava para trás e, com sua voz de vento, narrava os acontecimentos do passado, circulada por uma bola de fogo.

Não havia um ruído no espaço sem fim. A voz, parecida com um trovão, anunciava o princípio da respiração, dos movimentos, dos gestos calculados. Correndo a rapidez, moradora de seu coração, Deus criou o céu, as estrelas, os astros, a nação que sustentava o insustentável. Próximo à vertente que descia pelas paredes e paredões, imaginou com suas mãos, trêmulas e assustadas, o nascimento do homem, da mulher, da humanidade com cheiro de vida, todos embalados pelo primeiro dia, segundos e minutos; os fogos explodidos em suas mil cores, iluminaram as coisas vivíveis e invisíveis.

Na Mesopotâmia, diziam os místicos que habitavam a chama do fogo, em lugar nenhum; lá nas proximidades do ano 2000 a.C. vivido pelos persas, fenícios, assírios, gregos, uma simples romã se abriu durante um descuido da lua, e do seu ventre encantado pelas sementes, nasceu o tempo, o novo ano, o suave segundo no princípio de todas as vertentes da existência.

Não sabemos quantos sábios tentaram demonstrar a origem do Ano Novo. Milhares de histórias, centenas de lendas e uma infinidade de contos sobrevoam os lugares brilhantes das costas das estrelas. O anãozinho nascido do pó lunar, afirma que o ano novo é trazido, há eternidade de séculos, dentro de uma caixinha feita com todos os tipos de metais produzidos na natureza, por uma fada que habita o inconsciente do oceano. À meia-noite, última do velho ano, todos golfinhos, filhos das águas, se reúnem na montanha de esmeralda, formada por um verde jamais visto ou navegado pela imaginação de alguém, ali, diante da força do Criador de todas as vontades, desejos, delírios, os golfinhos abrem a caixinha, libertando o Ano Novo que nasce em forma de nada e, aos poucos, assume o rosto de todos os acontecimentos, fatos, ocorrências, eventos, tramas, que cobrem o planeta Terra.
No silêncio que cobre a malha que acoberta todas as ruas do mundo, com suas casas e seus moradores, o Ano Novo bate nas portas das residências e passa a existir, como se fosse um bebê.

Diante de tantos “causos” contados sobre o surgimento do Ano Novo, o Pescador dos mares conseguiu conversar com o Velho Filósofo que habita a praia das sereias. Ele mora numa casa feita de conchas paridas pelo mistério das águas que vão e vem. Ao vê-lo, o Pescador perguntou-lhe secamente:

– Como nasce o Ano Novo?

A resposta lançada pela voz rouca do filósofo, não ofereceu tempo para pensar.
– O tempo, o Ano Novo, o Ano Velho, são imagens de uma palavra minúscula, isto é, o vocábulo não.
O ser humano, seja de onde for, tem dentro de si, num cantinho qualquer, o enigma que nossa inteligência não quis entender.

O tempo só existe dentro do homem.
O Ano Novo é o símbolo da renovação.
Quem nasce e renasce,
Não é o tempo,
Mas a capacidade do homem de entender
O seu estar nesse mundo.
Assim, comemorar a chegada
Do Ano Novo, só é possível.
Se você se olhar na frente
De um espelho, de ouro ou de prata
A sua imagem refletida no
Espelho é o homem que vai partir.
O Ano Novo, é o desenho do
Homem que construirá um novo
Tempo, dele mesmo.
Assim, não sonhe com os olhos,
o Ano Novo sempre esteve em seu interior:
Em sua alma
Em seu espírito
Em seu agora e amanhã.
Portanto, comemore-se.
Você merece!

RECEITA

SOPA DE LENTILHA
Ingredientes: 1 litro e meio de água; 500 g de lentilha seca; 1 cenoura grande; 100 g de bacon em cubinhos; 2 linguiças calabresas; 2 colheres de sopa de manteiga; 1 cebola picada; 2 dentes de alho picados; 1 folha pequena de louro; Sal e pimenta do reino a gosto.

Modo de Preparo: Deixe de molho a lentilha na água por 30 minutos pelo menos e depois escorra. Em uma panela de pressão, refogue no azeite e manteiga, junte a cebola e o alho. Acrescente as lentilhas lavadas e escorridas e refogue por mais 3 minutos. Junte a calabresa em rodelas grossas. Acrescente a folha de louro. Cubra com água até uns 4 dedos acima da lentilha. Adicione a cenoura em rodelas. Ferva durante aproximadamente 20 minutos. Tempere com sal e pimenta a gosto. Desligue o fogo e sirva a seguir bem quente.