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sexta-feira 15 novembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – A sublimação freudiana em Cinderela

Eu não tenho uma ideia confiável, documentada, do princípio da história infantil Cinderela. A pessoa que a criou se foi humano, pois pode ter sido o E.T. 328-8-constelação zero, um guru do espaço que conhecia a estrutura familiar com muita fundura intelectual, os conflitos familiares, a psicologia que envolve o conto.

A história deve ter surgido na China, depois de Cristo, numa cidadezinha cheia de arroz, gente, dor, descontentamento. Os cristãos primitivos, andavam pelo mundo, mais perdidos do que o sono do sol.
A marca chinesa no conto está no pezinho, loucura erótica daquele povo; pezinho bonitinho, cheirosinho, branquinho, com sapatinho de cristal. O ideal de beleza feminina chinesa é encontrar um dia, uma mulher com o pé do tamanho do dedão das mãos humanas.

A psicologia tentou interpretar o conto, mas como ainda é uma ciência muito recente, sem laboratórios, máquinas, laser, mágicas, milagres; teorizou pontos nobres para comandar e divulgar os grandes congressos. Freud chupou 10 picolés, todos de chocolate, leu Cinderela em várias línguas, teorizou, evadiu-se do próprio texto, e aproximou grandes e pequenas doidices, mas falou de um complexo chamado Cinderela.

Anna Freud beijou sua amiga coberta com tinta de urucum, não definiu nada. Pensou em Cinderela por longos períodos da noite, dormindo sem chegar ao ponto desejado. Jung comeu testículos de bois pardos, raça coletiva, entrou pela história e eixos narrativos de Cinderela, nada encontrou; Lacan, gola enrolada no pescoço, falou de sujeito, espelho, base de origem e nada mais disse. Melanie Klein, chupadora de pirulito, falou em símbolos sexuais, delírios inconscientes, vozes do ego e engasgou-se.

No Egito, o faraó Doakem, curtia mulheres de pés parecidos com os dos recém-nascidos e, ele mesmo, fazia os sapatinhos para os seus amores que moravam no seu harém. Depois de tudo que falamos, uma faceta envolve Cinderela, é uma história de fada que tem mais versões no mundo.

Nós, preocupados em abordar o filme da Disney, milhares de anos embalados no existir da arte, da técnica, da criatividade, da releitura do mundo, ficamos na margem da versão de Charles Perrault, o escritor que colocou no liquidificador a lenda, a pedagogia, a didática, a sexualidade, e triturou todos os componentes temáticos e os distribuiu em compoteiras.

Os estúdios Disney passavam por uma situação econômica muito difícil; a Segunda Guerra Mundial mudara a forma de vida do homem, fato que atingia a frequência aos cinemas. Neste instante de crise, Disney resolve filmar Cinderela, uma história que refletia a tragédia da grande guerra. Ele lança o filme na década de 50, num momento que todas as famílias do universo estavam pressionadas e transformadas pela dor, perda, desespero, esperança, medo. É por esse motivo que o cineasta escolhe a versão escrita por um professor, pensador, escritor e uma espécie de profeta que vê na Cinderela a fotografia da nova vida. Como dizia Perrault nos seus momentos mais íntimos, se a vida está sem cor faça um bolo lindo de cenoura com cobertura de chocolate, enxugue as lágrimas, feche os olhos e sonhe com o café de todas as manhãs servido por Cinderela.

Na cabeça de Perrault passou a ideia central do texto, a estrutura familiar, os sofrimentos, as rivalidades, humilhações, rejeição, temas banhados pelos porquês nas águas de um grande rio. O escritor disse que era uma vez, quando os ipês choram, que um homem culto, rico, viúvo, resolveu dar uma nova mãe a sua filha chamada Cinderela, que vivia em seus pensamentos e nos seus olhares mais próximos da lua.

Ele casou-se com uma viúva, mãe de duas filhas que não foram totalmente completadas pela natureza, nem por dentro e nem por fora; o nome da madrasta era Laddy Tremaine, mulher viva e objetiva. Pelas ações, pela idade, todas as filhas estavam na puberdade, momento que ocorrem mudanças, transformações, desenvolvimento físico, capacidade de reprodução. No início do casamento a madrasta tratava todas as filhas bem, ocultando o seu desejo íntimo que morava no futuro.

A psicologia com todos os seus psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, apresentam indícios de esconder sob a pele a ideia de culpa, mas abrir caminho para o conflito familiar, aproximando eros e tanatus. O pai de Cinderela, em uma noite sem muito significado morre, a madrasta assume o enredo e os traumas e também a implantação do desassossego.

O aprendizado sexual da criança corre por dentro e nas margens do texto. A família, núcleo de vida em formação aponta os sofrimentos, a marginalidade, a rivalidade existentes no interior de cada personagem e, para se viver em conflito fixam as pessoas dentro de um espaço.

Cinderela veste as roupas mais feias, transforma-se em uma escrava, faz todo o trabalho sujo, deita-se perto do fogão de cinzas para dormir. Fala com o cachorro, teme o gato, conversa com aves, ratinhos, pássaros, não perdendo a beleza, a educação, a força do trabalho e o sangue movimentando a vida.

O príncipe, por imposição do rei, organiza um baile e convida todas as mulheres solteiras da região. A madrasta, como sempre, faz de tudo para Cinderela não participar deste baile, protegendo as suas duas inacabadas filhas.
No jardim, em pleno estado depressivo por não poder ir à festa, Cinderela conhece a sua fada madrinha, fora dos padrões de todas as fadas descritas até então. Ele transforma uma abobora em carruagem, não vamos nem questionar a simbologia psicológica dessa transformação, o cavalo, com pouco esforço torna-se cocheiro, os ratos fininhos de corpos assumem a função de ginetes transportadores da condução. Do nada surge um vestido azul e sapatos de cristal.

Todo feitiço, encanto, acontece dentro de um determinado tempo e, o de Cinderela terminaria à meia noite, horário das bruxas e do gato Lúcifer, representantes de um momento de transição. Os olhos do príncipe passeiam pelo corpo e espírito de Cinderela. Passa o baile inteiro com movimento e música ao seu lado, percebe a beleza, o cheiro, a voz, erotizações projetadas. O relógio marca meia noite. Na fuga, rápida e consciente, Cinderela parte sem deixar o seu nome, onde mora ou sofre, quem realmente é e entre tantas incógnitas derruba um dos sapatinhos de cristal na escada que representa as divisões psicológicas estruturadas para se entender a alma.

Na manhã seguinte, antes do sol, o Grão-duque visita todas as casas do condado, a procura da proprietária do sapatinho de cristal. Cinderela, em sua casa é trancada em seu quarto, com a ajuda dos animais, consegue libertar-se. Freud observou o desespero em direção ao poder e a mutilação dos pés fora do sapato e da realidade. Era o ide gritando. Os sapatinhos de cristal, embora a madrasta não o queira, se encaixa no pezinho de Cinderela. Ela ganha o palácio, o respirar de eros e o corpo de príncipe.

A importância do conto:
A lua beija uma estrela.
O faraó bebe a água suave do Nilo.
O Chinês acorda de seu sonho, com um sapatinho nas mãos.
E os símbolos psicológicos do texto, penetram na arte do poeta solitário,
Realizando uma das mais famosas teorias freudianas: A sublimação.

Receita

BOLO DE CENOURA COM COBERTURA DE CHOCOLATE

Ingredientes: 3 cenouras picadas ou raladas; 4 ovos; 1 xícara (chá) de óleo de canola, milho ou girassol; 1 e ½ xícara (chá) de açúcar; 2 xícaras (chá) de farinha de trigo; 1 colher (sopa) de fermento; 1 pitada de sal; 1 colher (chá) de manteiga.
Ingredientes cobertura: 2 caixas de leite condensado; 1 caixa de creme de leite; 1 xícara de chocolate em pó ou achocolatado.

Modo de preparo: Primeiramente unte muito bem uma forma com manteiga e farinha de trigo; No liquidificador, bata as cenouras raladas (se você tiver um liquidificador potente, pode picar em fatias grossas) juntamente com os ovos, o óleo e o açúcar; Bata por uns 5 minutos em velocidade alta até que você perceba que as cenouras estão completamente trituradas; Transfira a mistura para uma tigela grande e vá adicionando a farinha de trigo peneirada aos poucos; mexendo bem até misturar; por fim, adicione o fermento em pó químico e mexa delicadamente; Leve ao forno já preaquecido e deixe assar por aproximadamente 35 minutos ou até que o palito saia bem limpo;

Modo de fazer a cobertura de chocolate: Em uma panela coloque o leite condensado, o chocolate em pó e o creme de leite; deixe cozinhar em fogo médio e quando começar a levantar fervura abaixe o fogo; o ponto da calda é quando começar a desgrudar do fundo da panela; isso gira em torno de uns 15 minutos de fogo baixo; essa cobertura ficará bem grossa e extremamente cremosa. Quando o bolo estiver pronto, pode colocar a calda quente no bolo quente. Pois dessa forma não corre o risco de endurecer a cobertura, o que dificulta na hora de espalhar sobre o bolo; Para ficar ainda mais lindo, distribua um pouco de raspas de chocolate por cima; Coloque algumas cerejas também para decorar.

Por Adriana Padoan