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segunda-feira 18 novembro 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – A Ponte do Rio Kwai e a metáfora de uma guerra

I – Apresentação
Há determinados filmes na trajetória do cinema que, pela beleza, profundidade temática, direção, mensagem, precisam-se revelar como se fossem textos poéticos, nesse contexto localizaremos o filme “A Ponte do Rio Kwai”.

II – O relógio de 1957
O momento da produção dessa obra prima acontece em 1957. Neste ano, buscando na boca que respira os fatos, o Spotinik I, com um ser vivo dentro de si, a famosa cadelinha Laika, dá uma olhada na orbita da Terra. Em um hospital de periferia, quase desconhecido, o blues, o jazz e a música country dão à luz um ritmo novo chamado rock’ – n’ roll, ou seja “balançar e rolar”. No porão de uma casa bem velha, morava o marcatismo, a loucura que denunciava os intelectuais, artistas, empresários, como subversivos ou amantes do comunismo. O medo estava, parece absurdo, até dentro das garrafas de coca cola.

III – Sobre a Ponte do Rio Kwai
A história da ponte do rio Kwai saiu das páginas de um romance do autor francês Pierre Boulle, sendo roteirizado por Carl Foreman e Michel Widsom. A sua produção e lançamento em 57 representou um estrondoso sucesso de bilheteria, tendo conquistado sete Oscars e, na sequência do seu destino, foi eleito o décimo terceiro melhor filme da história do cinema, contudo não passou despercebido pelo olhar do marcatismo.

IV – Guerra
Quando falamos em guerra mundial, estamos nos referindo a um mistério que envolve a contemporaneidade, uma explosão de violência que consegue tirar a humanidade se sua rota; a economia entra em qualquer buraco com cheiro de chão, o relacionamento humano retorna à sua primeira casa, uma caverna escura e sem saída, as escolas recolhem os seus cadernos e livros, a fome bate de porta em porta, o desespero ocupa os lugares nos ônibus que serão explodidos. Os jardins, entram no fundo da terra para filosofar; as rosas morrem, as orquídeas desaparecem, os lisiantos abortam antes de nascer, as begônias encolhem-se de vergonha, os gira-sois caminham em busca das noites. Os jardins desaparecem, os corpos de pessoas sem nome, são amontoadas nas ruas, nas igrejas e onde havia flores, a morte repousa fumando um cigarro de brutalidade e incoerência.

V – O caso da Ponte do Rio Kwai
O filme em questão, diante de vários caminhos possíveis levanta a adversidade que acontece ao ser humano em estado de guerra, o universo das ordens transmitidas, embaladas pelos chamados códigos de honra, a busca tresloucada pela glória, pela vitória, afasta qualquer vestígio de racionalidade. O dever cumprido, a loucura que arrasta o homem numa distância significativa do contexto humano para poder, sem olhos observadores e atentos transformar o homem em feras.

Bombas sem som.
Tiros sem direção.
Fogo eliminando vidas.
Lágrimas encolhidas,
Na alma em estado de choque.

VI – O filme enquanto fábula
O ator Alex Guinnes, considerado um dos melhores atores produzidos pela sétima arte, interpreta um coronel britânico vivendo num campo de prisioneiros dirigido pelas tropas japonesas. O comandante do campo coronel Saiato interpretado pelo experiente Sessue Hykawa, soldado do “Império onde o sol nunca se põe”, traz no peito o ufanismo nacionalista, colocando na mesma estrada duas culturas diferentes. O militar japonês recebera a missão de construir uma ponte de ferro sobre o rio Kwai, usando os prisioneiros ingleses como operários forçados. O senso do dever, do compromisso, não suportava fracassos, situação que se transforma em vergonha e, portanto, o suicídio ritual consistia na única forma de quitar a sua incapacidade, a sua falência.

O coronel inglês, filho de um processo histórico restaurado, não concorda com o tratamento e as condições de trabalho estabelecidas pelo coronel japonês. Usando os elementos que estruturam a sua cultura, exige que os soldados sejam respeitados e as leis elaboradas pela Convenção de Genebra guie os comportamentos. O conflito entre o ditador, autor das próprias leis e a cultura estabelecida pelo poder mundial, chocam-se com o coronel Saiato.

A sua primeira atitude é confinar o coronel inglês, Nicholson, na solitária, também chamada de “forno”, um cubículo para quebrar a honra de qualquer militar ou ser humano.

Na solitária, solidão,
Ficar em pé era sonho.
Deitar-se, um pesadelo.
Sol, frio, vento, sol, ruídos absurdos.
Sede, fome, alienação.
Nicholson, vivendo do sangue do seu país,
Vive e vence a arrogância do comando japonês.

O coronel inglês sai da solitária, em pé, amparado pelos soldados, caminhando como um espectro, mas com a cabeça erguida. Em um minuto, ele sai da condição de homem soldado, para se transformar num herói, carregando no peito a força da psicanálise redentora dos embates do ego.

VII – As mudanças
Nicholson, embora moído, dilacerado, tomado pela dor, enfrenta os olhos do coronel Saiato, causa de todo o seu mal-estar psicológico e social. O coronel japonês propõe-lhe a liberdade, em troca do trabalho dos seus homens na construção da ponte. Nicholson volta a exigir as condições adequada aos soldados, o respeito a Convenção de Genebra e o controle total da obra pelos ingleses. O arrogante Saiato aceita, o coronel inglês transforma-se em mito, sem perceber as consequências dos seus atos no desenvolvimento do conflito.

VIII – A obra
A obra recomeça, o coronel inglês transforma o seu trabalho e de seus homens numa atividade planejada, perfeita, organizada, embuída da sensação de que o trabalho demonstra a superioridade dos britânicos sobre os orientais, transformando-os em uma força falida, submissa, e rebaixada a condição de seres inferiores que precisam ser catequisados.

IX – O contraponto
No exército inglês, movendo-se como um soldado prisioneiro de uma instabilidade histórica, mas sendo americano, surge a construção de um personagem representando uma distorção grupal; o comandante Shears, vivido por William Holden, representa o cinismo dentro da guerra, a malandragem, o pagamento de suborno para permanecer na enfermaria, a conquista das enfermeiras, o ódio pela guerra e o amor pela vida.

Os morcegos bailam nos céus.
Os abutres voam em seu ofício.
O silêncio e o cansaço dormem no campo inimigo.
O comandante Shears, usando um barquinho sem passado,
Foge do campo pelo perigoso vazio da floresta.

X – Trauma
No quarto de Saiato, observando o trabalho dos ingleses e a construção da ponte em seu término, leva o coronel a chorar encolhido em sua cama, em uma sombra parecida com feto tentando reencontrar-se com o útero materno.

A ponte fica pronta. Orgulhoso o coronel Nicholson sabe da humilhação que rasga o peito dos soldados japoneses, refletindo essa luz desgastante dentro dos olhos de Saiato. Todos os traumas e conflitos de uma guerra estão pincelados na estrutura psicológica desse filme.

XI – A metáfora da guerra
Distante das margens do Rio Kwai, o malandro comandante Shears, pressionado, é designado a liderar um grupo de militares através da floresta que ele vencera em sua fuga para desempenhar a missão de destruição da ponte.
Noites, o caminho marcado pelos espinhos, as folhas de árvores que cortam a pele, os mosquitos do pântano representam o retorno ao sofrimento. Ao alvorecer, depois de uma coletividade de dias, Shears e seus homens chegam ao rio Kwai e olham a beleza da ponte construída pelos ingleses, país aliado ao inimigo ligado à força dos eixos.

Shears e seus homens, em meio a uma noite encoberta pela escuridão, enlaçam as bases da ponte com explosivos. No dia seguinte passará o primeiro carregamento de armas para o front japonês, momento da inauguração da ponte, obra perfeita do exército britânico. Os soldados japoneses estão a postos, o comandante Saiato esperando pela glorificação, quando o coronel Nicholson percebe os fios das bombas presos aos pilares da ponte; como um desesperado sai puxando os fios para salvar a sua obra. Ele, em sua falta de razão mata o comandante Shears; um soldado americano degola o coronel Saiato e Nicholson, colocando a mão na testa pronuncia a frase mais doida em qualquer guerra: “O que eu fiz”! e a tontura toma conta de seu corpo; ele, como um boneco de pano cai sobre o detonador dos explosivos e tudo voa pelos ares.

XII – Conclusão

A insanidade da guerra,
Navegando as correntezas do rio.
A dor em forma de verdade cortando as carnes do século XX.
A dominação absurda destruindo a ética.
A terra revirada pelo imperialismo desumano.
A loucura das guerras morando nas cabeças dos alucinados.
A ideia maluca de seguir as ordens deslumbradas,
Sem pensar, sem amar, sem ver a consequência dentro do olhar.
A câmera, em close, filmando os sapatos rasgados de um soldado.
Agonia sem chegada e sem partida.
A voz de Shears gritando; “O que importa é viver como um ser humano, só isso”.

A nossa vontade, depois de assistir e escrever sobre “A Ponte do Rio Kwai”, é estender as mãos à humanidade e, juntos, em nome da paz, marcharmos assoviando “The Colonel Boozey March”!

Receita
YAKISOBA TRADICIONAL

Ingredientes: 1 pacote 200 g de macarrão para Yakisoba já cozido; 2 colheres (sopa) de azeite; 1 colher (sopa) de óleo de gergelim; 150 g de frango cortado em tiras; 150 g de contra filé ou alcatra cortado em tiras; 1/2 cebola pequena; 1 xícara (chá) de brócolis (100 g); 1 xícara (chá) de couve flor (100 g); 1/2 xícara (chá) de cenoura (50 g); 1 xícara (chá) de repolho ou acelga (100 g); Sal a gosto; pimenta do reino a gosto; 1/2 xícara (chá) de água para o cozimento (120 ml); Cebolinha a gosto; Raspas de gengibre a gosto.

Molho: 1/4 xícara (chá) de Shoyu (60 ml); 1/2 xícara (chá) de água (120 ml); 1 colher (sopa) de amido de milho.

Modo de fazer: Comece cozinhando o macarrão conforme a embalagem, mas não deixe cozinhar tanto. Reserve o macarrão. Agora aqueça uma panela grande, adicione na panela 2 colheres (sopa) de azeite, e 1 colher (sopa) de óleo de gergelim. Agora adicione 150 g de frango cortado em tiras, e 150 g de contra-filé ou alcatra cortado em tiras. Mexa bem até dourar. Agora adicione 1/2 cebola pequena já cortada em fatias, 1/2 xícara (chá) de cenoura fatiada, 1 xícara (chá) de brócolis, 1 xícara (chá) de couve flor, 1 xícara (chá) de repolho ou acelga. Adicione pimenta do reino a gosto, e raspas de gengibre a gosto, misture bem.
Adicione 1/2 xícara de chá de água. Abaixe o fogo e tampe a panela, deixe por 2 ou 3 minutos.

Molho: Em um recipiente, adicione 1/2 xícara de chá de água, 1/4 xícara de chá de Shoyu, e 1 colher (sopa) de amido de milho. Misture bem até dissolver todo o amido de milho. Reserve. Agora é a hora de adicionar o macarrão já cozido na panela, coloque sal a gosto e misture tudo muito bem. Finalize com cebolinha a gosto e está pronto pra servir. Aproveite, seja feliz!

Por Adriana Padoan