Eram lenhadores. Eles sabiam ler as florestas, o silêncio a profundidade e os mistérios. Viviam antes do nascimento de Jesus. Em certa época do ano, penetravam nas grandes matas, ouviam os sons sem explicação, entendiam a voz do vento que agitavam os galhos, as folhas mortas espalhadas pelo chão. Num determinado instante, colocavam os olhos em uma árvore de beleza visível, beleza elegante, beleza inexplicável. Cortava-a com golpes de machado, o som disparava além das montanhas… pam! pam! pam!…A árvore escolhida, aos poucos, tombava no chão. Levavam a árvore tombada para a vila, enfeitavam-na com pinhas, frutas, laços coloridos para comemorar a fertilidade da natureza.
Ao calor da fogueira, comiam amêndoas assadas, carne de caça, bebiam lágrimas de algumas raízes fermentadas, jogavam a razão de lado, e entregavam-se ao amor, amor caminhante e morador dentro das almas das pessoas.
Em outras regiões, outros pedaços de terra, os camponeses, a nobreza, enfeitavam árvores com folhas vermelhas e vivas, para glorificarem a chegada da primavera, a modificação da paisagem, da esperança, do desejo de chegar ao lugar sonhado.
Os romanos tiravam o elmo da cabeça, guardavam as espadas, limpavam o suor do rosto, enfeitavam uma arvore previamente escolhida e a ofereciam a Saturno, deus da agricultura, da riqueza, da conquista. As crianças olhavam todas as estrelas do céu e, mentalmente, imaginavam carruagens disparadas nas estradas da lua; viam o deus Cupido correndo atrás das Ninfas, conseguiam enxergar cavalos alados galopando ao lado dos astros mais salientes, observavam as fadas voando em direção a felicidade, e os meninos e as meninas, por um breve instante navegavam no mesmo céu, de olhos abertos.
No Egito, o faraó olhava-se nas águas do Rio Nilo, reunia os escribas, os sacerdotes, as rainhas, o povo e, juntos, traziam ramos verdes para dentro do Palácio; o povo, como é do entendimento da maioria, folheava o pequeno chão de sua vivenda. Tudo era feito, ritualizado, em homenagem a vida e ao mesmo tempo, procurava afastar a chegada da morte. O riso gritava presente, a alegria gritava presente, os grilos e os animais noturnos cantavam cantigas desconhecidas, e a morte se afastava pelas correntezas do rio.
Ninguém sabe ao certo, pois não há testemunhas no testamento do fato. O que se conta, porém, merece aqui neste espaço ser narrado, descrito, contado. A Alemanha acordara para mais um dia de trabalho, de aventura, de lenda e fé. O pregador Martinho Lutero atrasara a realização de alguns afazeres na cidade. A noite aproximou-se do povoado germânico trazendo milhares e milhares de estrela. A lua, o povo não sabe ao certo, parecia uma bola brilhante ofuscando todos os outros luzeiros.
Martinho Lutero, ao passar pela floresta das Centúrias, viu a proximidade das estrelas no topo das árvores, parecia que os astros estavam colados nas folhas mais altas das árvores. A imagem grudou em sua alma, uma árvore com uma estrela no pico, enfeitada de frutas coloridas. No Natal, procurando homenagear o nascimento de Cristo, montou uma árvore na sala de sua casa. E o Natal, em sua história, recheada de emoções ganhou mais um símbolo que, pela beleza, conquistou o mundo cristão.
No século XIX, o mundo, o universo embalava-se nos sonhos do movimento romântico. Neste contexto, o rei de origem alemã, Príncipe Alberto, casado com a Rainha Vitória, resolveu montar uma árvore de Natal no Palácio britânico para comemorar o Natal Real. Como era de costume, um fotógrafo foi contratado para fotografar o casal real e, ao lado do Rei e da Rainha, surgiu uma linda árvore de Natal.
Um flash, olhos fechados.
Luz, rompendo paredes e corpos.
O trono, o poder sem embalagem,
O Rei, sombra do desejo realizado.
A Rainha, mãe de nove filhos.
A árvore de Natal, ingênua mais linda!
Feliz Natal a todos.
Receita
Torta alemã com nozes e frutas
Ingredientes:
500 g de biscoito de maisena; 3 latas de creme de leite; 1 pote de manteiga sem sal; 1 xícara de leite; 200 g de açúcar; 1 unidade de chocolate meio amargo em barra; 200 g de nozes; cereja a gosto, uva passas a gosto; figo a gosto; uma dose de licor de cacau.
Como fazer:
Na batedeira coloque a manteiga e o açúcar. Bata até embranquecer.
Tire o soro de duas latas de creme de leite, reserve o soro e misture-o ao creme de leite com a manteiga e o açúcar, batendo muito bem, até ficar cremoso.
Forre um refratável grande com papel alumínio (fundo e lado) ou tabuleiro de fundo removível.
Umedeça as bolachas com soro de creme de leite, o leite e o licor de cacau.
Montagem da torta:
Bolacha umedecida, creme, figo bem picadinho, cereja bem picadinha, nozes bem picadinhas, uvas passas sem semente e umedecidas com um pouco de licor de cacau, bolacha umedecida e assim por diante.
Cubra com papel alumínio e leve ao refrigerador.
Cobertura:
Derreta o chocolate em banho Maria e coloque uma lata de creme de leite (sem soro).
Cubra a torta e decorre com raspas de chocolate, cereja e açúcar de confeiteiro.
Por Adriana Padoan