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sexta-feira 22 novembro 2024
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Coluna Espírita – Viver sem comida e água na Terra é possível?

• Jorge Hessen – Brasília/DF
Médicos e cientistas, liderados pelo neurologista Sudhir Shah, estudaram Prahlad Jani, de 82 anos de idade, um líder religioso da tradição Jainista. Prahlad passou dez dias em observação constante (sem comer e sem beber qualquer líquido) no Sterling Hospital, na cidade de Ahmedabad, na Índia. O velho guru afirma ter “vivido” sem comida e sem água ao longo das últimas 7 décadas, e que sobrevive graças à meditação e ao poder da sua mente. (!) Os médicos dizem não poder confirmar as alegações de Jani, mas a observação do seu feito no Sterling Hospital pode ajudar no aprendizado sobre o funcionamento do corpo humano.
Apesar dessa situação inusitada não ser totalmente inédita na Índia, o líder Jainista tornou-se um dos mais célebres dos últimos tempos, por estar sendo estudado mais frequentemente pelos pesquisadores. O seu caso já foi estudado em 2003, no mesmo hospital de Ahmedabad, onde se constatou, à época, que Jani “não necessitou” comer e nem beber para sobreviver na experiência hospitalar. Nos exames feitos à época, entre análises da urina, sangue, ecocardiogramas e eletroencefalograma, verificou-se que o desenvolvimento do cérebro do líder Jainista corresponde ao de um jovem de 25 anos.
O universo místico da Índia não é objeto de pesquisa que me atrai muito, mas há muitos crédulos que explicam o caso em questão com o nome de “inédia”, isto é: um estado do homem caracterizado pela abstinência de comida, resultando em uma expansão da esfera consciencial na qual uma pessoa sobrevive.
Em geral, segundo a crença, um ideal inediante não necessita comer ou beber para manter o corpo funcionando perfeitamente. Também denominam de respiratorianismo(1) ou seja, um conceito relacionado ao tema, que afirma que comida e até mesmo água não são necessários e é possível “viver” somente de energia.
Um respiratoriano não consome nenhuma comida ou líquido, ele/ela precisa somente de energia e do ar para nutrir seu corpo. Mas há acusação séria aos divulgadores do respiratorianismo, porquanto têm levado pessoas crédulas a praticar uma dieta que pode ter consequências gravíssimas.
Particularmente, confessamos que desconhecemos qualquer texto sério na área acadêmica que diz que podemos viver sem nos alimentar de comida física. O consenso científico atual sobre nutrição e o bom senso indicam que uma pessoa exposta ao tipo de dieta à base de “ar” em curto prazo acabaria morrendo de inanição ou desidratação. Normalmente, segundo alguns, o ser humano resiste três ou quatro dias sem beber e uma semana sem comer. Há outros mais radicais, crédulos que a maioria das pessoas pode viver sem comida por várias semanas, pois o corpo usa suas reservas de gordura e proteína. Seguidores de faquires indianos e ascetas têm com frequência atribuído poderes extraordinários a eles, mas raramente esses poderes são submetidos à investigação científica rigorosa e sequencial.
Em algumas religiões, o jejum (abstinência de alimentação) é uma prática muito comum, normalmente relacionada a conceitos de sacrifício e purificação. Jesus, de acordo com a tradição evangélica, jejuou por quarenta dias e quarenta noites no deserto (2). No Hinduísmo, há os históricos jejuns que Mahatma Gandhi praticou por motivos sociais, religiosos e políticos.
Em que pese ao André Luiz informar que desde que há vida na Terra, o homem se alimenta muito mais pela respiração do que pelo que chama “alimento de volume”, ou seja, aquele constituído de
matéria mais densa, que é complementar, o Benfeitor deixa muito claro que a necessidade de alimentação pelo homem é uma das circunstâncias que resultam de um automatismo biológico, pois o organismo corpóreo não prescinde da constante troca de substâncias, que se transformam em energia e que são necessárias ao curso do processo de crescimento e de reparação do desgaste natural a que se submete. (3)
Ao desencarnar, o espírito não mais necessita dessa forma “sólida” de alimento, podendo se manter apenas pela respiração celular do seu corpo somático (perispírito). No entanto, quando o espírito, após a desencarnação, não consegue se desligar, mentalmente, das sensações vivenciadas no corpo físico, o seu psiquismo permanece preso ao mundo material, preservando a lembrança do automatismo biológico a que se acostumou. Não conseguindo reajustar-se de imediato à nova forma de vida, permanece preso às circunstâncias da vida terrena, donde a sensação de necessidade de alimentação para repor energia permanece. Para suprir essa necessidade, muitas vezes busca partilhar, psiquicamente, com encarnados que lhe são afins, as energias vitais destes. Muitas vezes esta situação leva à instalação de um processo obsessivo.
A alimentação oferecida aos desencarnados em desequilíbrio, que ainda se encontram fortemente presos às necessidades terrenas, é de natureza fluídica, constituída de fluidos do mundo espiritual, porém assemelhando-se à utilizada na Terra, para que possa atender às suas necessidades. À medida que se eleva, o espírito passa a sentir menos necessidade desse tipo de alimento, que vai sendo fornecido em menor quantidade e constituindo-se de fluidos mais leves. (4)
Podemos afirmar, portanto, que não há nenhuma evidência formal de que haja a possibilidade de alguém constituído de carne e osso sobreviver sem alimentação por tempo indeterminado.