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domingo 22 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Vivência em grupo

• Gerson Sestini – Rio de Janeiro/RJ
É impossível imaginar que não possa haver opiniões discordantes e contrárias em grupos de pessoas ligadas a ideais comuns, gozando da liberdade de se exprimirem. Cada qual tem sua história de vida, conta com o rol da contínua existência, dentro e fora da carne em sequentes encarnações, e o que é tão importante no contexto: com particular grau de adiantamento espiritual. No entanto, contando com a proteção do Alto e procurando agir na disciplina cristã, os grupos que albergam amor e simpatia, tendo por base a verdadeira fraternidade, podem seguir avante a fim de prestar bons serviços às comunidades onde se instalam, vencendo com responsabilidade as dificuldades da vivência em comum, tolerando aqueles sujeitos a desajustes.
Conversando a esse respeito com um amigo meu, presidente do grupo espírita que havia ajudado a fundar, contou-me ele que chegou a pedir ao mentor que o instruíra na fundação daquela comunidade, para que afastasse uma médium que viera de outra casa espírita, recomendada para colaborar junto a eles, mas que, na realidade, estava ali manipulada por alheias intenções. Sem motivo algum, procurara-o um dia para dizer-se ofendida com o tratamento que lhe dera em uma das reuniões, acusando-o pelo seu equivocado comportamento junto a ela e a filha. Surpreso, sentindo-se injustamente atingido por algo que não tinha nenhum sentido, pois tudo aquilo de que era acusado não ocorrera, ele defendeu-se, naturalmente afetado pela falsa imputação à sua pessoa. Com esforço, evocando mentalmente sua posição no grupo, esquivara-se de tornar-se grosseiro ou de revidar. Aditou-me ele que foi quando, chocado pelo ataque surpresa de que fora vítima, e em suas preces, pedira ao mentor daquela comunidade, para que, se possível, afastasse aquela senhora da comunidade. Não se sentia ainda preparado para testemunhos daquela natureza, pois ela, médium invigilante, certamente estava sendo instrumento de entidades compromissadas com falanges do mal para testá-lo.
O mentor atendeu-o detendo-a para que não atingisse outros membros, porém, não agiu para que ela desistisse de frequentar suas reuniões. Seu comportamento aparentemente melhorou, mantendo-se mais respeitosa, um tanto afastada dele. Porém, como médium ostensiva que era, prevalecia-se das faculdades atestadas pelo orientador da casa que a indicara, o qual conhecia apenas a parte fenomênica delas, sem analisar-lhe a personalidade vaidosa e dominadora, sujeita, portanto, a assédios inferiores. Continuou, pois esta médium na casa, e, com a intervenção de algumas senhoras influenciadas por ela, foi-lhe concedido dirigir uma de suas reuniões, na qual dava azo às fraquezas morais, mascarando-as com seu carisma. Ingênuas e confiantes, elas obedeciam suas determinações que volta e meia precisavam ser corrigidas. Com o objetivo de manter coesa a suportar seus desmandos cerca de dois anos, tolerando sua concorrência em usurpar-lhe a autoridade junto ao grupo.
Depois de uma pausa, olhando-me como que para justificar a permanência dela na casa, explicou-me que, se pedisse àquela irmã para que se retirasse de lá, poderia ocorrer uma cisão no grupo, enfraquecendo-o com a separação de elementos produtivos dominados por ela, fato que ocorrera em outra comunidade cuja maioria dos membros se prendiam mais à prática mediúnica do que à ‘estrela’ da casa que deve ser a Doutrina, não um de seus componentes encarnados. “Espiritismo sem estudo, quando aplicado em grupo descompromissado, fica sujeito às veleidades humanas”, falou-me.
Durante todo o processo daquele teste permitido pela Espiritualidade, começou a amadurecer em nosso amigo o conceito sobre o móvel que impele certas criaturas a buscar as casas religiosas. Tocadas por algo que as induz até elas, consideram-se no caminho certo, bem inspiradas em procurar apoio da religião junto aos companheiros de crença, ao mesmo tempo que, induzidas por entidades perturbadoras, inclusive obsessores, guardam em seu íntimo o oculto desejo de provocar a dissolução da agremiação escolhida. A partir de raciocínios como este, meu amigo disse-me que começou a sentir remorso em ter pedido ao mentor da casa para que aquela ovelha ‘se perdesse do aprisco’, contrariando os ensinamentos de Jesus. O afastamento da comunidade por aquela senhora, no entanto, acabou se dando por motivos alheios à sua vontade. As trevas quase nada conseguiram por seu intermédio, e ela não pudera dizer que fora afastada de lá por diretores ‘maldosos’ e intolerantes.
Com algum progresso adquirido pela proteção e atenção que recebera junto a eles, buscara outra comunidade no local para onde se mudara.
E ele concluiu com a frase: “Amigo, não podemos mandar embora os perturbadores que apareçam no centro. Estando este sob a égide de Jesus, não temos esse direito…. Se necessária, tal decisão caberá à cúpula espiritual da casa”.
“Ninguém permanece fora do movimento de permuta incessante. Respiramos no mundo das imagens que projetamos e recebemos. Por elas, estacionamos sob a fascinação dos elementos que provisoriamente nos escravizam e, através delas, incorporamos o influxo renovador dos poderes que nos induzem à purificação e ao progresso. O reflexo mental mora no alicerce da vida”.
(Emmanuel, no livro “Vida e Pensamento”, psicografia de Francisco C. Xavier, item 01)