• Marcus De Mario – Instituto Brasileiro de Educação Moral-IBEM/RJ
O apóstolo Mateus, em seu testemunho escrito dos ensinos e feitos de Jesus Cristo, anotou no capítulo 11, versículos 28 a 30, profundo apelo do Mestre para todas as consciências: “Vinde a mim todos os cansados e sobrecarregados, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou brando e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (1).
Para o perfeito entendimento desse ensino de Jesus, onde fica claro que ele é o Messias, o Enviado de Deus, pois se assim não fosse não poderia ter se anunciado como o caminho para o descanso das almas, a chave é a compreensão sobre a vida futura, o que o Espiritismo nos traz com clareza. Por esse motivo Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, abre o capítulo 6 de O Evangelho segundo o Espiritismo, com o seguinte comentário: “Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres amados, encontram consolação na fé no futuro, na confiança na Justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele que, ao contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflições caem com todo o seu peso e nenhuma esperança lhe mitiga o amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer: “Vinde a mim todos vós que estais fatigados, que Eu vos aliviarei.” Entretanto, faz depender de uma condição a sua assistência e a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição está na lei por Ele ensinada. Seu jugo é a observância dessa lei; mas esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade” (2).
O espírita sabe que a vida continua depois da morte, no chamado mundo espiritual, ou dimensão espiritual, quando o corpo biológico retorna seus elementos constitutivos para a natureza, e a alma, desprendida, passa a viver a vida do espírito imortal que é. Sabe que essa continuidade da vida mantém sua individualidade e lhe acarreta as consequências do que fez ou deixou de fazer durante sua encarnação no planeta. Essa visão imortalista do ser humano lhe traz consciência que as aflições, que os sofrimentos que porventura enfrente, são todos passageiros, e com Jesus no coração, o que equivale a dizer com suas ações pautadas no Evangelho, tudo poderá levar a bom termo, sem revolta, com confiança nos desígnios divinos, de tudo tirando lições preciosas para sua evolução moral e espiritual, mesmo porque entende que nada lhe acontece por acaso e que tudo tem a sua razão de ser. A confiança no futuro faz com que tudo enfrente com coragem, com resignação, trabalhando para o seu e o progresso do próximo e da humanidade.
Kardec lembra que Jesus impõe uma condição para seu auxílio: que observemos a lei por ele ensinada, ou seja, que coloquemos em prática o amor ao próximo, o fazer ao outro somente o que gostaríamos que o outro nos fizesse. Uma visão, mesmo que superficial, sobre o ser humano, mostra que estamos longe de colocar em ação plenamente a observação da lei de amor, mas é notório nosso progresso nesse sentido, apesar de ainda enfrentarmos tantos problemas na convivência social. Hoje já estamos preocupados em exercer o diálogo para evitar guerras; fazemos apelos humanitários pelos que estão em sofrimento; procuramos estabelecer leis mais justas que a todos atendam; realizamos campanhas em favor do equilíbrio do meio ambiente e assim por diante, mostrando claramente nossa disposição em procurar a paz, a justiça social e o progresso para todos.
Contudo, a palavra do Mestre continua, século após século, ecoando em nossa alma, como um apelo espiritual para irmos ao encontro dele. E como estamos nessa caminhada que já perdura mais de dois milênios? Encontramos, como resposta a essa pergunta, belíssimo texto do benfeitor espiritual Emmanuel, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, publicado no capítulo 5 do livro Fonte Viva, do qual retiramos para reflexão o seguinte trecho:
“Jesus, o nosso Salvador, estende-nos os braços amoráveis e compassivos. Com ele, a vida enriquecer-se-á de valores imperecíveis e à sombra dos seus ensinamentos celestes seguiremos, pelo trabalho santificante, na direção da Pátria Universal… Todos os crentes registam-lhe o apelo consolador, mas raros se revelam suficientemente valorosos na fé para lhe buscarem a companhia. Em suma, é muito doce escutar o “vinde a mim” …. Entretanto, para falar com verdade, já consegues ir?” (3).
Como estamos nessa caminhada? Até onde deixamos de lado interesses materiais? Qual está sendo nosso esforço em combater os vícios que teimam em manchar nosso caráter? O que estamos fazendo no processo de autoconhecimento para desenvolver cada vez mais as virtudes? O apelo de Jesus encontra ressonância no profundo de nossa alma? Como está nossa fé, nossa crença?
Jesus continua amorosamente fazendo-nos o convite: Vinde a mim! Ouçamos seu apelo em nosso coração e, dispondo-nos a semear e colher o bem, sigamos, intimoratos, com firmeza, rumo à felicidade dos justos, daqueles que ouvindo o Mestre dos mestres, deixam de lado as preocupações de ordem material e trabalham pela sua moralização e espiritualização que, num magnífico processo divino de educação, irá por sua vez moralizar e espiritualizar toda a humanidade.
(1) Testamento, Novo O. Traduçãso de Haroldo Dutra Dias. Brasília: Feb, 2017.
(2) Kardec, Allan. Evangelho segundo o Espiritismo, O. Brasília: Feb, 131 edição, 2013.
(3) Xavier, Francisco Cândico/Emmanuel. Fonte Viva. Rio de Janeiro: Feb, 4 edição, 1968.
Coluna Espírita – Vinde a mim
mar 07, 2020RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – Vinde a mimLike
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