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quinta-feira 14 novembro 2024
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Coluna Espírita – Uma homenagem singular

• Maroísa Baio – Limeira/SP
Em 1864, Kardec fez uma curta viagem a Bruxelas e Antuérpia, atendendo à insistentes solicitações de espíritas da Bélgica. Ele teve a mais favorável impressão sobre o Espiritismo naquele país. Pôde constatar que a ideia espírita não encontrava oposição sistemática; falava-se sobre a Doutrina como algo natural, sem zombarias; as organizações espíritas eram simples, mas obtinham excelentes resultados.
Retornando a Paris, encontrou uma mensagem dos membros da Sociedade Espírita de Bruxelas que muito o sensibilizou, sobretudo por uma revelação: homenageando sua viagem à Bélgica, os espíritas daquela cidade fundaram uma obra de beneficência para atender crianças! Sobre esse fato, ele afirmou:
“Nada podia ser mais lisonjeiro para nós do que semelhante testemunho. É dar-nos a maior prova de estima do que nos julgarmos mais honrados pela fundação de uma obra de beneficência, em memória de nossa visita, do que pelas mais brilhantes recepções que possam lisonjear o amor-próprio de quem lhe é objeto, mas não aproveitam a ninguém e não deixam qualquer traço útil.”
A pedido dos espíritas belgas, ele publicou, na Revista Espírita (novembro-1864), o pequeno discurso a eles dirigido, do qual destacamos alguns trechos:
“Se as viagens que, de tempos em tempos, faço aos centros espíritas só devessem ter como resultado uma satisfação pessoal, eu as consideraria inúteis e as cancelaria. Mas, além de contribuírem para apertar os laços de fraternidade entre os adeptos, também têm a vantagem de me fornecer assuntos de observação e de estudo, jamais perdidos para a Doutrina.”
Para Kardec, o principal objetivo nessas viagens era o de auxiliar os espíritas:
“Aproveito para lhes dar instruções que possam necessitar, como desenvolvimento teórico ou aplicação prática da Doutrina, tanto quanto me é possível fazê-lo. O fim dessas visitas é sério e exclusivamente no interesse da Doutrina; assim, não busco ovações, que nem são do meu gosto, nem do meu caráter. Minha maior satisfação é encontrar-me com amigos sinceros, devotados, com os quais a gente se pode entreter sem constrangimento e se esclarecer mutuamente, por uma discussão amistosa, em que cada um leva o contributo de suas próprias observações.”
Suas palavras revelam a nobreza de seu caráter:
“Não vou pregar aos incrédulos; jamais convoco o público para o catequizar. Numa palavra, não vou fazer propaganda; só apareço em reuniões de adeptos, nas quais meus conselhos são desejados e podem ser úteis; eu os dou de boa vontade aos que julgam deles necessitar; abstenho-me com os que se julgam bastante esclarecidos para os dispensar.”
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Ele encerra falando sobre sua tarefa:
“Não é nem o de inventor, nem o de criador. Vi, observei, estudei os fatos com cuidado e perseverança; coordenei-os e lhes deduzi as consequências: eis toda a parte que me cabe. Aquilo que ¬ z outro poderia ter feito em meu lugar. Em tudo isto fui apenas um instrumento dos pontos de vista da Providência, e dou graças a Deus e aos bons Espíritos por terem querido servir-se de mim. É uma tarefa que aceitei com alegria, e da qual me esforcei por me tornar digno, pedindo a Deus me desse as forças necessárias para a realizar segundo a sua santa vontade. A tarefa, entretanto, é pesada, mais pesada do que podem supô-la; e se tem para mim algum mérito, é que tenho a consciência de não haver recuado ante nenhum obstáculo e nenhum sacrifício; será a obra de minha vida até meu último dia.”
Felizes os espíritas que tiveram a honra de conhecer Kardec em pessoa, desfrutando de sua presença!