• Maroísa Baio – Limeira/SP
Antes que se faça uma conclusão precipitada, é melhor esclarecer que se trata de mais uma armadilha para desmerecer o Espiritismo. O fato teve início através de um comissário do Governo francês, Sr. Genteur, que revelou ao Senado a existência de um novo partido: o partido espírita. Se fosse possível fundar um novo partido político na França do século XIX, qual o objetivo de um partido espírita? A imprensa francesa da época tratou o assunto com leviandade mas, para compreender o que houve, Kardec transcreveu, na RE de julho de 1868, o artigo publicado no jornal francês Le Siècle, do qual citamos apenas o seguinte trecho:
“O sr. Genteur acaba de denunciar à vigilância dos veneráveis pais da política, sediados no palácio do Luxemburgo, a existência do partido espírita (…) A despeito do zelo desses inumeráveis funcionários do império francês, que é o que está ameaçado por um novo partido? Na verdade, é para desesperar a ordem pública. Como este inimigo, invisível até agora para o próprio sr. Genteur, pode subtrair-se a todas as vistas?”
A artimanha era tão ardilosa que ¬ fica difícil entender o que realmente aconteceu. Tudo começou com duas petições enviadas ao sr. Genteur, provindas das faculdades de Medicina de Saint-Etienne e de Oullins. Elas não aceitavam que obras espíritas fossem incluídas em suas bibliotecas. Usando o termo partido espírita, o que se a¬firmava, na assembleia do Senado, é que esse partido não queria que suas próprias obras, ou seja, os livros espíritas, fossem incluídos nas bibliotecas das tais faculdades! Ora, qual é o partido político ou religioso que impede que suas obras sejam divulgadas?
Sobre a possibilidade de se fundar um partido espírita, Kardec afirmou:
“O Espiritismo é essencialmente pací¬fico; é uma ideia que se infiltra sem ruído e, se encontra numerosos aderentes, é que agrada; jamais fez reclames nem quaisquer exibições; forte pelas leis naturais, nas quais se apoia, vendo-se crescer sem esforços nem abalos, não vai enfrentar ninguém, não violenta nenhuma consciência; diz o que é e espera que a ele venham. Todo o ruído feito em seu redor é obra de seus adversários; atacaram-no, ele teve que se defender, mas sempre o fez com calma, moderação e só pelo raciocínio; jamais se afastou da dignidade que é própria de toda causa que tem consciência de sua força moral; jamais usou de represálias, pagando injúria por injúria, maus procedimentos por maus procedimentos. Hão de concordar que este não é o caráter ordinário dos partidos.”
Foi dito na assembleia francesa que “não havia senão bobos que fossem espíritas”, ao que o presidente respondeu que “os bobos também podiam formar partido”. Mas Kardec refutou:
“Ninguém ignora que hoje os espíritas se contam por milhões e que altas notabilidades simpatizam com suas crenças; então a gente pode admirar-se que um epíteto tão pouco cortês e tão generalizado tenha saído daquele ambiente, dirigido a uma parte da população, sem que o autor tenha refletido até onde ele atingia.”
Sem se abalar, Kardec dirigiu-se aos espíritas nesses termos:
“Longe de se inquietarem com esses incidentes, os espíritas devem alegrar-se; esta manifestação hostil não podia produzir-se em circunstâncias mais favoráveis, e a doutrina assim receberá, na certa, um novo e salutar impulso, como tem acontecido em todos os erguimentos de escudos, de que ela tem sido objeto. Quanto mais repercussão têm esses ataques, mais proveitosos. Dia virá em que se transformarão em aprovações abertas.”
Coluna Espírita – Um partido espírita?
jun 09, 2020RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – Um partido espírita?Like
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