• Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
Todos os Espíritos devem passar vários períodos de sua existência ocupando corpos materiais em diversos mundos do Universo. É uma lei divina, ninguém se eximirá destas experiências. Justifica-se pelo fato dos Espíritos, ou seja, nós mesmos, de modo a progredir, precisamos estar em contato com a matéria, e, para manipulá-la, usando-a em benefício próprio, só através de uma estrutura também material: o corpo humano. Caso o Espírito permaneça apenas no plano etéreo, sem reencarnar, ou seja, na chamada erraticidade, estacionaria, pois há um limite de evolução a ser alcançado na espiritualidade.
Desta forma, o objetivo maior proporcionado pelas reencarnações seria conduzir os Espíritos à perfeição relativa prevista e desejada por Deus, indistintamente, isto é, tornarem-se Espíritos puros, tal qual Jesus.
Entretanto, poderíamos perguntar: Para que alcançar a pureza de Espírito? – Para adquirir a condição de suportar a parte que nos toca na obra da criação. Todo Espírito, independente do momento de sua criação, irá trabalhar para Deus e com Deus, pela eternidade afora.
Após alcançada a condição de pureza, o Espírito só volta a ocupar um novo corpo em mundos materiais se assim deliberar nas chamadas relevantes missões, tal qual fez Jesus.
O número de reencarnações necessárias para se atingir a plenitude da evolução depende do esforço do Espírito em cada uma delas. E Deus, em sua sabedoria, proporciona condições para que nós atinjamos a meta final. Seria um absurdo a Divindade determinar este progresso e não nos oferecer meios para alcançá-lo.
À vista disso, devemos nos empenhar para bem aproveitar a vida atual, pois quanto mais demorarmos a atingir o progresso possível, mais reencarnações teremos.
No estágio atual, quando encarnados, estamos sujeitos a três condições:
1-Somos submetidos a provas;
2-Podemos passar por expiações;
3-Desempenhamos missões.
Esta tríade de possibilidades acompanha basicamente todos nós, pois ainda somos Espíritos de elevação mediana, se assim não fosse, não estaríamos em um mundo de Provas e Expiações, categoria atualmente ocupada pela Terra.
Aquelas encarnações que o Espírito vence os seus desafios ou, melhor ainda, vence a si mesmo, ou seja:
1-Obtém sucesso em suas provas;
2-Expia sem reclamar;
3-Cumpre a sua missão.
podem ser consideradas encarnações vitoriosas, entretanto, são escassos os completistas nos dizeres de André Luiz em Missionários da luz: Completista é o título que designa os raros irmãos que aproveitam todas as oportunidades construtivas que o corpo terrestre lhes oferece, e, na qualidade de trabalhador leal e produtivo, pode escolher, à vontade, o corpo futuro, quando lhe apraz o regresso à Crosta em missões de amor e iluminação, ou recebe veículo enobrecido para o prosseguimento de suas tarefas, a caminho de círculos mais elevados de trabalho.1
Por outro lado, aqueles que enxergam as provas escolhidas como testes impossíveis de serem vencidos abandonando-as; passam pelas expiações com revolta, rebeldia, insatisfeitos, reclamando de Deus; e, finalmente, não compreendem a sua missão, descumprindo-a, experimentam uma reencarnação fracassada.
Considerando este cenário, surge a questão: Qual seria a minha particular missão? Como identificá-la de modo à bem cumpri-la? Não poderíamos listar as muitas missões possíveis de nos serem atribuídas ou por nós solicitadas, mas pelo menos uma delas destaca-se sempre: a missão em relação à prole. Os filhos são empréstimos, não nos pertencem, contas serão pedidas aos pais detendo provisoriamente a guarda de um ou mais Espíritos, pertencentes a Deus, são criaturas Dele. Se, como pais, formos vitoriosos em bem prepará-los para a vida, seguramente teremos cumprido a missão relacionada à maternidade e à paternidade.
E para aqueles que fracassaram total ou parcialmente em suas vidas? Para estes a misericórdia e bondade de Deus se expressa sempre através de outras oportunidades de vida, até que exista a retificação dos equívocos.
A título de exemplificação quantitativa do sucesso e do insucesso, total ou parcial, nas reencarnações, destacamos em outra obra de André Luiz: em 82 anos de existência do instituto “Almas Irmãs”, um hospital-escola do plano espiritual para candidatos à reencarnação que haviam falhado em questões de natureza afetiva, muitos registros dos que dali partiram rumo a Terra foram acumulados. Àquela época, abrigava uma população oscilante entre cinco e seis mil Espíritos. E a estatística informa: de cada cem estudantes retornando à experiência corpórea, dezoito saem vitoriosos, vinte e dois melhorados, vinte e seis muito imperfeitamente melhorados e trinta e quatro onerados por dívidas lamentáveis e dolorosas.2
Observando estes dados coletados de exemplos reais, nota-se serem de Espíritos previamente educados antes de reingressarem na esfera terrena. Sabemos, no entanto, existir reencarnações compulsórias para muitos Espíritos, em função de sequer apresentarem as condições mínimas para serem reeducados nos diversos hospitais-escolas existentes nas colônias do plano etéreo. Certamente, nesta massa de Espíritos, que não deve ser pequena, as estatísticas devam ser mais desanimadoras, com números mais relevantes de insucessos.
Aproveitemos! Não esmoreçamos! A vida atual nos pede esforço, disciplina, dedicação, paciência, estudo e muito exercício da virtude ainda pouquíssimo cultivada: o amor. Com estas providências aumentaremos as nossas chances de daqui nos retirarmos, mais cedo ou mais tarde, pois a “morte” é certa para todos, quem sabe também com a honrosa e distinta posição de mais um completista.
1 XAVIER, Francisco C. Missionários da luz. Pelo Espírito André Luiz. cap. 12 – Preparando experiências.
2 XAVIER, Francisco C.; VEIRA, Waldo. Sexo e destino. Pelo Espírito André Luiz. 2ª parte, cap. 9.