• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador – Londrina/PR
Podemos tornar nosso sono mais produtivo?
A resposta é sim.
Tendo em vista que a alma não dorme, somente o corpo físico é que repousa, é possível obter bom proveito das horas em que o Espírito, em virtude do sono corporal, se encontra desprendido da matéria.
A prece, feita antes de dormir, e o pedido ao protetor espiritual que nos leve à participação em atividades nobres ajudarão muito nesse propósito.
Já nos referimos anteriormente à experiência narrada no livro Alguém chorou por mim, de Fernando do Ó, que mostra como é possível ajudar familiares em perigo nas horas em que o corpo está dormindo. Há em muitos lugares pessoas que se preparam, antes de dormir, exatamente para realizar experiências dessa natureza.
Segundo informações de alguns Espíritos amigos, o fato se dá também com um grupo de companheiros de Londrina, vinculados ao Centro Espírita Nosso Lar, os quais procuram adormecer antes das 2 horas da madrugada com a finalidade de participar, durante o sono corporal, das atividades que se realizam à noite para atendimento espiritual organizado por equipes constituídas por entidades desencarnadas e indivíduos encarnados, reunidos então para o mesmo propósito.
O sono não é, pois, como alguns pensam, uma perda de tempo. Necessário ao refazimento das forças físicas, ele atende também a uma finalidade importante e é nesse sentido que pode, então, tornar-se mais produtivo.
Por que o desprendimento da alma é facilitado no estado de sono e não o é no momento da morte?
A emancipação da alma por ocasião do sono corporal é um fato corriqueiro, mas não passa de um desprendimento parcial, visto que ela continua ligada ao corpo físico. O que ocorre então é apenas uma expansão do laço perispiritual que une a alma ao corpo, permitindo a ela deslocar-se a lugares distantes do local em que o corpo material repousa.
No caso da morte corpórea, mesmo antes do desligamento completo da alma – fato que o Espiritismo chama de desencarnação – pode ocorrer a emancipação parcial semelhante à do sono, o que explica os fatos de comunicação espírita por ocasião da morte, estudados por vários pesquisadores, como Ernesto Bozzano.
O desprendimento completo da alma, ou a desencarnação, é que requer algum tempo, visto que no processo reencarnatório o perispírito se liga ao corpo molécula a molécula, o que implica dizer que é preciso tempo para que essa ligação molecular se desfaça.
Conforme a questão 155 d´O Livro dos Espíritos, como regra geral, a separação da alma não se dá instantaneamente. Ela se liberta gradualmente e não como um pássaro cativo que, de repente, ganhasse a liberdade.
Tudo, a princípio, é confuso no momento da morte. O Espírito desencarnante precisa de algum tempo para entrar no conhecimento de si mesmo. Ele se acha como que aturdido, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre a sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam aos poucos, à medida que se apaga a influência da matéria que ele acaba de abandonar e se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.
O processo de desprendimento espiritual é lento ou demorado, conforme o temperamento, o caráter moral e as aquisições espirituais de cada ser. Não existem duas desencarnações iguais. Cada pessoa desperta ou se demora na perturbação, conforme as características próprias de sua personalidade.
A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte, e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos, de conformidade com o estado evolutivo do Espírito. Breve no caso das almas elevadas, pode ser longa e penosa no caso das almas culpadas. Para aqueles que já na existência corpórea se identificaram com o estado que os aguardava, menos longa ela é, porque compreendem imediatamente a posição em que se encontram.
O que são os sonhos e como interpretá-los?
Os sonhos [do latim somniu] são um efeito da emancipação da alma durante o sono corpóreo.
Os sonhos fazem parte, em “O Livro dos Espíritos”, do capítulo referente à emancipação da alma, o mesmo que trata do sono, da dupla vista, do sonambulismo e do êxtase.
Diz-nos a questão 401 do livro citado:
– Durante o sono, a alma repousa como o corpo? “Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.”
Tornando-se mais livre, a alma recupera, então, parcialmente, suas faculdades de Espírito e entra mais facilmente em comunicação com outros seres, desencarnados ou não. A recordação que ela conserva ao despertar constitui o sonho propriamente dito. Sendo essa recordação apenas parcial, quase sempre incompleta e entremeada com recordações da vigília, resultam daí interrupções, soluções de continuidade que prejudicam a concatenação dos fatos e produzem, por isso mesmo, esses conjuntos estranhos, muito comuns nos sonhos, que parecem não ter sentido.
Como já dissemos em outra oportunidade, os sonhos são de difícil interpretação porque podem referir-se a fatos já ocorridos, a fatos que estão ocorrendo ou a fatos que ainda ocorrerão. É por isso que se recomenda que sejam os sonhos anotados, para que a pessoa possa verificar se eles se repetem ou não e tenha uma ideia do que possam significar.
Quando não decorrem de pesadelos ocasionados por problemas orgânicos, os sonhos representam cenas de conversas e encontros que se passam durante a noite, quando o corpo físico está repousando. A dificuldade de sua compreensão deriva do fato de que, para várias horas de sono, lembramo-nos geralmente de alguns poucos minutos, o que torna efetivamente difícil deduzir do relato algum sentido.