Search
quinta-feira 16 janeiro 2025
  • :
  • :

Coluna Espírita – Servidores

• Gerson Sestini – Rio de Janeiro/RJ
O cientista não é a Ciência, assim como o filósofo não é a Filosofia, o juiz não é a lei e o governante não é a nação que governa. Inscritos na grande obra do Criador, aqueles que estão investidos de tais cargos apenas cumprem as atividades para as quais foram chamados, pois se estão investidos nela, em última instância encontram-se a serviço da Evolução do próprio Espírito. Se cada homem age, no setor que abraça, visando o bem da humanidade, terá como prêmio o aval de Deus para que continue desenvolvendo suas atividades que deverão estar cunhadas no uso do conhecimento e da providência voltada contra os erros que a sabedoria ainda não alcança. Porém, como temos observado, não é isso que acontece com a maioria dos que recebem encargos. A causa de tais procedimentos é a própria imaturidade espiritual denotando falta de evolução. Tomemos como exemplo o filósofo Sócrates. Vivendo na antiga Grécia ele servia à Filosofia, mas não deixou de cometer enganos diante da Completa Verdade, influenciado – querendo ou não – pela cultura da época que lhe serviu de base para filosofar. Da mesma forma, por nosso atraso moral estamos sujeitos a múltiplos enganos, graves erros, alguns deles muitas vezes irreversíveis… Portanto, nossa luta é a da conquista do bom senso e do correto uso do livre arbítrio, esforçando-nos para deixar para trás as influências do meio adverso onde nos encontramos.
Somente Jesus, na Terra, foi o Servidor Perfeito das causas divinas. Quando esteve entre nós, o Mestre não deu motivos para que encontrássemos imperfeições nos seus atos. Se elas aparecem nos escritos que se fizeram sobre sua passagem na Terra, deve-se aos mesmos missionários, ainda imperfeitos, que no-las deixaram. Os discípulos, apóstolos, pregadores e demais trabalhadores que vieram para a sua Seara, eram homens inscritos no processo evolutivo, diretamente influenciados pelo meio de onde vieram, sujeitos, portanto, a muitos atos contrários ao Evangelho. Abandonemos a tarefa inglória de procurar erros nos que se dedicaram a servir o Cristo. Busquemos antes a essência sublime dos ensinamentos proporcionados pelo Mestre, a fim de introduzi-los em nosso íntimo como paradigma de nossos atos. Muitos caíram nas tentações do poder temporal, abstendo-se de exemplificar seus ideais e propósitos anunciados. Parte dos chamados Pais da Igreja dos primeiros séculos, voltaram ao cenário terrestre para reparar os erros cometidos. Alguns entre eles, distanciados ainda na busca da perfeição, ao se sentirem eleitos, reincidiram nos mesmos enganos por entregar-se ao radicalismo e ao orgulho do mando e do poder. Outros, os raros que receberam a meritória láurea de ‘santos’ verdadeiros, por encontrar-se em avançado processo de lapidação em suas virtudes, libertos das sombras do passado, conseguiram ascender aos altos planos da Espiritualidade.
Portanto irmãos, espíritas que somos, encontrando-nos ainda, em maioria, distanciados dos níveis superiores da evolução programada para os humanos. Abstenhamo-nos de condenar os que cometem tais erros, criando-lhes dificuldades. Sejam eles filósofos brilhantes trazendo-nos desalento, políticos carismáticos voltados ao interesse próprio, ou médiuns equivocados, presos ao personalismo e à vaidade, distantes ainda da sabedoria, da justiça e do verdadeiro bem. Saibamos reconhecê-los e nos precatar de suas ingerências em nossas vidas e nos trabalhos voltados à evolução. Eles terão à frente lutas e dores a fim de reparar o mal que fizeram às mentes ingênuas e incautas, desviando-as de suas atividades e ideais na busca de seus próprios objetivos. Contudo, assim como a nós, o futuro os espera, porém, sem a perspectiva de dias melhores.