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quarta-feira 25 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Será que o Chico disse?

• Marcus De Mario – Instituto Brasileiro de Educação Moral-IBEM/RJ
Desencarnado em 2002, nosso querido médium Chico Xavier, exemplo de amor e caridade, tem sido utilizado pelas pessoas para justificar as mais intrigantes revelações, que estão a abarrotar nossa caixa de mensagens na internet, assim como fazendo estardalhaço na mídia impressa e on-line, revelações essas que teriam sido feitas pelo Chico, sobre os mais diversos assuntos, em momentos íntimos de convivência com este e aquele, ou seja, não existem testemunhas, mas é um tal de se dizer que, em determinado dia, estando com o Chico Xavier, este teria dito que… e lá se vão revelações e mais revelações. Até livros têm sido publicados com as tais confidências reveladoras de Chico Xavier.
É muito triste verificar o que estão fazendo com o notável médium mineiro, que sempre pautou sua vida pelo estudo sério do Espiritismo; pela defesa dos princípios básicos da doutrina, conforme estabelecidos por Allan Kardec; pela humildade em todos os sentidos; tendo sempre postura correta no trato com as questões do intercâmbio mediúnico. Basta estudar sua vida, suas falas, suas aparições públicas, que são fartas, para reconhecer que ele não se prestava a fazer revelações bombásticas sobre o futuro e outros assuntos, sempre tomando cuidado com as informações de caráter espiritual.
Esse cuidado que Chico Xavier tinha é o que está faltando a muitos médiuns e confrades espíritas, que parecem ávidos por novidades e um lugar ao sol, não utilizando os critérios da lógica, do bom senso, da razão e da universalidade do ensino dos Espíritos para peneirar informações, fazendo, assim, com que verdadeiras aberrações doutrinárias sejam colocadas na boca do Chico.
É muito fácil colocar na boca de alguém, que não se encontra mais entre nós, palavras, frases, pensamentos, e sem que haja uma única testemunha do fato. O que podemos pensar disso? Que muitas pessoas, até mesmo de boa-fé, pois não podemos conceber que haja por parte de um espírita a conotação de maldade, estão, na verdade, defendendo posição pessoal, ideias individuais, sem a devida coragem de sustentar posições e ideias por conta própria, arrimando-se em Chico Xavier para conseguir dar credibilidade ao que não se sustenta por si próprio, muito menos quando cotejado com a doutrina espírita.
Lembremos que Chico Xavier repetia insistentemente que seu orientador e benfeitor espiritual, Emmanuel, lhe havia recomendado ficar sempre com Kardec. Ora, se ele sempre seguiu essa recomendação, como é sabido de todos, como poderia ter feito revelações que contrariam os estudos basilares de Kardec, formadores do edifício doutrinário do Espiritismo?
E o que também impressiona é o aparecimento, nos últimos tempos, de amigos íntimos do medianeiro. Até quem foi só uma ou duas vezes a Uberaba tem alguma revelação a fazer sobre o que o médium lhe disse, em segredo, sobre isto e aquilo. É a banalização da mediunidade, verdadeiro festival degradante de pseudorrevelações, chafurdando Chico Xavier na lama das vaidades inconfessáveis de pessoas que nada têm de si e querem conspurcar a doutrina que lhes pede transformação moral.
Aos espíritas sérios compete combater esse mal, porta aberta para a obsessão e os desvios doutrinários, mostrando a incoerência do fato, e que Chico Xavier não se prestaria a esse papel ridículo de fazer revelações mediúnicas a torto e a direito, na calada da noite, para este ou aquele, em colóquios íntimos. Somente pessoas ingênuas podem dar crédito a isso.
E se fazem isso com Chico Xavier, o que não farão com Divaldo Pereira Franco, José Raul Teixeira e qualquer outro médium dotado de certa notoriedade e respeito, quando desencarnarem? Já podemos vislumbrar o quadro: “O Divaldo, um dia, lá na Mansão do Caminho, quando estávamos conversando, me revelou que…”, e assim teremos mais uma chuva torrencial de pseudorrevelações.
Bem, será que o Chico disse? Na dúvida, como nos alerta o Espírito Erasto, em “O Livro dos Médiuns”, é melhor rejeitar dez verdades, do que aceitar uma mentira, ou seja, é melhor ficar com os livros psicografados, com as entrevistas gravadas e os testemunhos idôneos, do que acreditar no que apenas uma pessoa está revelando em nome do nosso querido Chico Xavier.