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segunda-feira 13 janeiro 2025
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Coluna Espírita – Sejamos como os essênios

• Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
Os essênios constituíram uma das seitas judaicas existentes à época de Jesus. Flávio Josefo (37 d.C. – c. 100), escritor e historiador judeu, descreve esta seita em sua obra História dos hebreus, situando a sua existência entre os anos de 150 a.C. e 70 d.C.
Por terem sido seguidores fiéis dos antigos mandamentos, são considerados por alguns como os precursores do Cristianismo.
Sendo assim, há aqueles que defendem a tese de que o Cristo teria estado entre eles, haurindo ensinamentos necessários ao desempenho de sua missão, dada a semelhança com os pensamentos e condutas de Jesus.
Allan Kardec assim descreveu os essênios:
[…] Pelo gênero de vida que levavam, assemelhavam-se muito aos primeiros cristãos, e os princípios da moral que professavam induziram muitas pessoas a supor que Jesus, antes de dar começo à sua missão pública, lhes pertencera à comunidade. É certo que ele há de tê-la conhecido, mas nada prova que se lhe houvesse filiado, sendo, pois, hipotético tudo quanto a esse respeito se escreveu.1
E mais:
Do fato de haver Jesus conhecido a seita dos essênios, fora errôneo concluir-se que a sua doutrina hauriu-a ele na dessa seita e que, se houvera vivido noutro meio, teria professado outros princípios. […]2
Emmanuel confirma a posição do Mestre de Lyon:
Muitos séculos depois da sua exemplificação incompreendida, há quem o veja entre os essênios, aprendendo as suas doutrinas, antes do seu messianismo de amor e de redenção. […]
O Mestre, porém, não obstante a elevada cultura das escolas essênias, não necessitou da sua contribuição. Desde os seus primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, com a superioridade que o planeta lhe conheceu desde os tempos longínquos do princípio.3
Do que ensina o Espiritismo, sabe-se que podemos e devemos amealhar tesouros que não sejam corroídos e corrompidos pelas traças e pela ferrugem, pois são as conquistas que levaremos ao desencarnar. Gradativamente, acumulando estes talentos, ou seja, virtudes e conhecimentos, tornamo-nos cada vez mais aptos e precoces, ao reingressar na Terra.
A nossa História é rica em exemplos, muito bem documentados, de crianças que jamais receberam qualquer ensino mais aprofundado, apresentando-se como exímios matemáticos, poliglotas, artistas, enxadristas excepcionais, em um atestado inequívoco de que as experiências se acumulam e não se perdem.

Desta forma, se expressam naturalmente com destaque em suas áreas, sem que jamais tenham tido uma educação formal, ou seja, uma iniciação.
Jesus, como Espírito perfeito que é, certamente possuía estes tesouros totalmente consolidados de modo a prescindir de qualquer ajuda externa, mesmo em se tratando da comunidade dos essênios.
Ora, sendo Jesus um Espírito puro, também se portou precocemente conforme a sua estatura moral e com os conhecimentos científicos que conquistou em sua trajetória, desta forma, não faria sentido aceitar que alguém ou qualquer fraternidade tenha tido influência na conduta do Cristo.
Recentemente, a poetisa baiana Amélia Rodrigues houve por bem trazer novas informações sobre Jesus:
Este não é mais um livro sobre alguns fatos da vida de Jesus. É um conjunto de recordações hauridas nos alfarrábios do Mundo Espiritual e nas memórias arquivadas em obras de incomum profundidade por alguns de seus apóstolos e contemporâneos, encontradas nas bibliotecas do Mais Além, que trazemos ao conhecimento dos nossos leitores […].4
Neste mesmo livro,5 informa que Jesus de fato conhecia os essênios, todavia, jamais convivera com eles. Entretanto, do que ela pode perceber, Jesus esteve com 150 essênios, quando, solitário, foi até Qumran, para entre outras lições, informá-los do início de sua missão.
Entre os ensinos reafirmados por Jesus àquela singular comunidade, temos: “Tende tento, para não serdes iludidos, confundidos pelos maus e astutos”, advertência tão necessária nos dias atuais, com a invasão dos falsos Cristos e falsos profetas, encarnados como médiuns, em conjunto com os Espíritos pseudossábios da erraticidade.
Amélia Rodrigues destaca ainda que uma das virtudes destes seguidores das Leis de Deus era o hábito da oração. Oravam regularmente três vezes ao dia, e se lhes ocorria algum pensamento negativo em relação aos seus irmãos, logo se refugiavam no conforto da prece. Rezavam mesmo durante a noite. Contudo, não permaneciam extáticos diante das belezas do mundo, cultivavam igualmente ações muito dignas.
E nós outros, o que precisamos mais para conduzir-nos também com retidão? No passado, temos o registro histórico de inúmeros missionários na caminhada da humanidade que têm nos ajudado a enxergar o lado espiritual da vida; tivemos a oportunidade de contar com a presença do Mestre por alguns anos aqui na Terra; após Allan Kardec, com a sua tarefa singular plenamente cumprida, estiveram aqui inúmeros outros Espíritos, trazendo mensagens esclarecedoras de toda ordem, tudo em nosso benefício. Enquanto isso, a comunidade essênia, há mais de dois mil anos, mereceu a visita particular de Jesus para estimulá-los em suas práticas e incentivá-los e, conforme Amélia Rodrigues, dizer aos essênios que continuassem sendo apenas essênios, visto que eles já apresentavam um comportamento ilibado em todos os sentidos.
Desta imortal lição, resta-nos clamar: sejamos também como os essênios!

1 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. Introdução, it. 3, Notícias históricas.
2______. ______. it. 4, Sócrates e Platão, precursores da ideia cristã e do Espiritismo.
3 XAVIER, Francisco C. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. cap.12, it. O Cristo e os essênios.
4 Franco, Divaldo P. A mensagem do amor imortal. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. Introdução.
5 ______. ______. cap.28, Jesus entre os essênios