• Jorge Hessen – Brasília/DF
Matutemos um pouco sobre a probidade moral (honestidade) principalmente de dirigentes e trabalhadores das hostes religiosas. O assunto é inquietante para alguns, ante as evidências de incoerências éticas. Uma delas, seguramente das mais patéticas, refere-se a líderes cristãos em que alguns enriquecem, outros ficam milionários, quase sempre à custa do dinheiro arrecadado dos devotos.
Acresce-se, aqui, uma observação: Não somos o primeiro, o único, ou o último a divulgar esse cortejo de vícios, todavia, a mídia, frequentemente, anuncia e expõe tais fatos, francamente, abomináveis e com grande repercussão negativa.
Proferimos palestras em várias casas espíritas sobre esse tema e destacamos da tribuna que o lídimo cristão é honesto em tudo o que banca. Se alguém deve um centavo que seja, obrigatoriamente, tem que quitar esse débito com seu credor, por simples questão de integridade moral. Não se pode “fingir” que deslembrou tal dívida (quer seja de um centavo).
Por elevadíssima razão é indispensável haver transparência na prestação de contas, mensalmente, com os contribuintes da casa espírita. Cremos que é simples obrigação afixar, no ‘quadro de avisos’ ao público, a comprovação da correta aplicação dos recursos recebidos.
Os dirigentes que assim procedem veem patenteadas a credibilidade da instituição que administram e a pureza de suas intenções. Por outro lado, evitam-se rumores, do tipo: – “fulano (a) está cada vez mais rico (a)”; – “sicrano (a) construiu uma mansão com o dinheiro doado ao centro” e, – “beltrano (a) comprou um carro do ano, caríssimo” e assim vai…
Aconteceu conosco. Certa vez, após uma palestra sobre o “incômodo” tema, houve rumores nos corredores do centro, alguns dirigentes da casa nos arremessaram saraivadas de ‘chumbo grosso’ pela maledicência. “Fraternalmente” proscreveram-nos da escala de oradores. Porém, tal decisão em nada nos afetou, mesmo porque isso implicaria em que admitíssemos contemporizar com as artimanhas obscuras que faziam com dinheiro dos frequentadores.
Nós nos surpreendemos com as atitudes de alguns deles, desarmonizados moralmente, mas são confrades que fingem gestos de “santidade”, usam palavras “dóceis”, olhares de superioridade, julgam-se donos da verdade, determinando normas de conduta sem sustentáculo doutrinário para exemplificá-las.
É evidente que ficamos atônitos e envergonhados quando sabemos pela imprensa que algumas instituições “filantrópicas” desviam recursos, emitem recibos forjados de falsas doações etc.
Há centros que dão, até uma ‘ajudazinha’ aos confrades, driblando o Imposto de Renda retido na Fonte… imaginem!
Instituições outras recebem, à guisa de doações, roupas, calçados, alimentos, eletrodomésticos etc., e os dirigentes se apropriam delas, com a maior naturalidade.
Temos conhecimento de instituições que aceitam doações até de objetos valiosos e que os dirigentes se apropriam dos melhores, é claro, antes de os exporem em bazares ditos “beneficentes”, objetivando arrecadar fundos para obras “assistenciais”.
Daí, indagamos: isso é fruto da “minha” imaginação?
Será que estamos obsedados ao abordar tal assunto?
Não, meus irmãos! Estamos completamente conscientes da responsabilidade cristã. A prudência continua sendo a nossa melhor conselheira. É imperioso salientar que nossos argumentos não estão sendo direcionados para a instituição A, B, ou C. Dirigimo-nos a todas, indistintamente, como alerta geral.
Difundimos esses alertas sem expor esse ou aquele grupo espírita, mas, por questão de consciência ética, acreditamos que um autêntico espírita tem que ser fiel aos princípios que a doutrina estabelece, e saber que HONESTIDADE é prática IMPERIOSA para todo ser humano. Que dirá, para um espírita cristão?
Portanto, que seja definitivamente esconjurado todo e qualquer subterfúgio que tente justificar sistêmicas concessões fraudulentas, como se fossem naturais para certas ocasiões.
As falanges do mal de cá e do além-túmulo se organizam para obstruir muitos projetos cristãos. Os obsessores (encarnados e desencarnados) são inteligentes, organizados, e vão dando um passo de cada vez, por conhecerem muito bem os pontos vulneráveis dos incautos. É urgente advertir sobre a obrigatoriedade da conduta honesta para que o ideal espírita seja cada vez mais ético, transparente, consoante os preceitos estabelecidos por Kardec e Jesus.