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domingo 22 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Saúde Mental e Espiritismo

• Eder Andrade – Rio de Janeiro/RJ
Dentro de uma visão com base doutrinária, podemos explicar a questão da saúde mental de muitas pessoas, como um problema de ordem espiritual.
Seria exagero da nossa parte, mas existem comprovações que a combinação de determinados elementos da vida atual e pregressa, podem explicar o despertar de doenças mentais pré-existentes, que às vezes tornam-se difíceis de serem solucionadas.
Existem deformações do perispírito e desequilíbrios, que o encarnado em sofrimento é o único responsável, embora inicialmente isso não faça muito sentido, num diagnóstico superficial.
É possível correlacionar determinados comportamentos atávicos com o despertar de certos desequilíbrios psíquicos e para romper esse looping de sofrimento, às vezes se faz necessário novas encarnações.
A saúde mental no mundo é uma questão de saúde pública, porém os sintomas nos chamam a atenção atualmente pela dimensão e frequência que estão acontecendo, em várias faixas etárias da população, pois nem todos os casos são referentes a saúde orgânica.
Infelizmente a sociedade humana vem passando por uma banalização e distorção dos costumes, como se a grande maioria das pessoas tivesse perdido a noção do limite entre a ideia do certo e do errado.
Bezerra de Menezes em sua obra “A loucura sob novo prisma”, já conseguia antever que determinados diagnósticos dependiam de um novo olhar do médico em relação ao paciente, quando citou:
A Ciência precisa distinguir as causas físicas das morais, para poder aplicar às moléstias os meios correlativos. Ora, a loucura, como temas demonstrado, é moléstia de fundo orgânico, nuns casos, e é de fundo espiritual, noutros casos; logo, a Ciência precisa bem conhecer esta diferença, para variar de ação, segundo a espécie.1
Em outras palavras, já chamava atenção que o tipo de tratamento poderia variar de acordo com os sintomas, porém o mais difícil era realizar um diagnóstico percebendo o tipo de influência que o enfermo apresentava. Em outras palavras, o grau do possível desequilíbrio que o doente era portador.
Quando Allan Kardec elaborou a codificação, procurou colocar questões com o objetivo de despertar nossa atenção para a influência dos desencarnados sobre os encarnados e até vice-versa, que pode ser sutil ou ostensiva. Podemos perceber isso na questão 459 do O Livro dos Espíritos, quando perguntou:
Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem”. 2
Somos os responsáveis pelos desequilíbrios que somos portadores, porém isso não significa que não seja possível promover um processo de reparação ou reequilíbrio. André Luiz no livro Ação e Reação, ouvindo uma conversa entre o assistente Silas e o companheiro Hilário, nos deixou a seguinte reflexão:
Nossos irmãos doentes, desse modo, estarão segregados, até que se renovem?
– Perfeitamente – aclarou Silas, bondoso.
– E que devem fazer para atingir a melhora necessária?
– Indagou Hilário com insofreável assombro.
Nosso amigo sorriu e obtemperou:
– O problema é de natureza mental. Modifiquem as próprias ideias e modificar-se-ão. – Isso, porém, não é tão fácil. 3
A reeducação dos sentimentos envolve encarnações corretivas provacionais, com sacrifícios e renúncias, onde só o tempo será capaz de educar e ensinar aqueles que desejarem de fato aprender. Segundo Emmanuel, existem casos tão complexos que se faz necessário duas ou três encarnações para o espírito conseguir despertar do estado de semiconsciência que se encontra.
O grande papel da Doutrina Espírita é despertar as consciências, que a saúde mental é reflexo de um conjunto de fatores espirituais e materiais, diríamos um combo de elementos internos e externos, que bem conduzidos promovem um equilíbrio psíquico e uma paz interior. Isso não se dá de uma hora para outra, representa um investimento do espírito em sua Reforma Íntima, exigindo às vezes várias encarnações de testemunho e boa vontade, além de um esforço próprio em seu benefício.
Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier, nos deixou uma mensagem para nossa reflexão pessoal, quando citou:
Não há forças miraculosas para os seres humanos, como não existem igualmente para nós. O livre-arbítrio relativo nunca é ab-rogado em todos nós; em conjunto, somos obrigados, em qualquer plano da vida, a trabalhar pelo nosso próprio adiantamento.4
A grande maioria das obras de autoajuda, assim como as obras de evangelização espíritas, procuram mudar o foco das formas de pensamento do enfermo, de maneira a renovar suas imagens mentais. Em outras palavras, mudar a natureza dos seus pensamentos, procurando vibrar de forma positiva. Deixando para trás o homem velho que ainda somos portadores, para construir uma nova realidade interior, que vai nos tornar mais livres das emoções e apegos materiais que ainda somos dependentes.

Referências:
1) Menezes, Adolfo Bezerra de; A Loucura sob novo prisma; Cap. III – Obsessão; FEB.
2) Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos; Cap. IX – Influência oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e atos: FEB.
3) Xavier, Francisco Cândido; Ação e Reação; 5 – Almas enfermiças; FEB.
4) Xavier, Francisco Cândido: Emmanuel; I – Almas Enfraquecidas – Necessidades do esforço próprio; FEB.