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quinta-feira 21 novembro 2024
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Coluna Espírita – Responsabilidade nossa

• José Passini – Juiz de Fora/MG
Cônscio da responsabilidade que cabe a todos nós espíritas no sentido da manutenção da fidelidade à Doutrina que nos ilumina os caminhos, é que tomo a liberdade de trazer-lhes algumas considerações a respeito do cuidado que devemos ter quando usamos o nome “Espiritismo”.
No Espiritismo não há autoridades religiosas que possam manifestar-se a favor ou contra qualquer publicação, tachando-a antidoutrinária, nem tampouco condenar essa ou aquela prática levada a efeito numa sociedade espírita.
O Espiritismo é uma doutrina de livre-exame, adotada por livres-pensadores. Seu embasamento dá-se em Jesus e Kardec.
Noutras religiões, há conselhos formados por pessoas que detêm um certo poder no campo doutrinário, e esses conselhos deliberam sobre pessoas que devam ser acatadas ou banidas do grupo. Igualmente deliberam sobre inovações e publicações.
No Espiritismo não há nada disso. Todos nós, espíritas, temos responsabilidade definida em tudo o que apresentamos ou que apenas prestigiamos em nome da Doutrina. Cada espírita é, no âmbito de suas atividades, um guardião dos princípios básicos da Doutrina, cabendo-lhe – para ter o direito de dizer-se espírita – o dever de resguardar-lhe a coerência, a nobreza, a objetividade, a clareza, a simplicidade e a fidelidade aos princípios ético-morais do Evangelho de Jesus e aos princípios doutrinários estabelecidos pelos Espíritos Superiores, codificados por Kardec.
Assim pensando, tomo a liberdade de vir à sua presença solicitar-lhe alguns minutos no exame de algo que me parece estranho:
Fazendo-se um estudo sobre materialização, com base nas experiências de William Crookes, de Alexander Aksakoff e de outros cientistas que estudaram o fenômeno nos primeiros tempos do Espiritismo, vê-se que para se obter uma materialização ou um simples efeito físico há a necessidade do concurso de várias pessoas, de ambiente equilibrado e previamente preparado, além de um médium.
André Luiz, no livro “Missionários da Luz”, cap. 10, intitulado “Materialização”, descreve detalhadamente os trabalhos exaustivos desenvolvidos por mais de vinte entidades de nobre hierarquia do Mundo Espiritual, numa sala mediúnica, onde se desenvolveriam os trabalhos de materialização.
Como conciliar o exaustivo trabalho dos autores acima citados, somado a esse minucioso relato de André Luiz com o que se lê na obra “Por Amor ao Ideal”, onde um Espírito desencarnado há um século teria conseguido materializar-se com os fluidos do cadáver de um bêbado, e teria saído, materializado, de dentro da cova, caminhado pelas ruas e se consultado com um médico psiquiatra, por várias vezes, sem sequer dizer seu nome? E o psiquiatra não lhe estranhou as vestes de um século atrás? Nem há explicação de como falava Português. Se fosse tão fácil e corriqueira assim a materialização, nunca se saberia se a pessoa, que encontramos na rua, está encarnada ou se é um Espírito materializado…
No livro “A Escada de Jacó” é descrito o uso de fluidos de um camelo agonizante no socorro dado por um Espírito a um menino encarnado que tivera os dois braços arrancados por uma explosão e que teria se tornado vidente, pois falava com o Espírito que o socorria, comentando até os seus planos futuros de tornar-se médico também.
Se é tão fácil a obtenção de fluidos para socorro a encarnados, a ponto de estancar forte hemorragia, a partir de animais agonizantes, por que os Espíritos têm de se valer de encarnados como doadores, conforme descrito na obra de André Luiz, acima citada, no seu cap. 7? Não seria mais fácil, para os Espíritos, a obtenção desse fluido tão abundante nos matadouros?
O que responderemos àqueles que, ao ingressarem nos estudos da Doutrina, nos perguntarem sobre isso? Onde está a nossa fé raciocinada? Onde está o nosso zelo para com a Doutrina a que tanto devemos, face aos novos horizontes que delineia para nós? Vamos seguir o sábio conselho de Paulo (I Tes., 5:21): “Examinai tudo. Retende o bem.”? Temos examinado o que se publica em nome do Espiritismo? Ou temos deixado correr? Quem é o responsável pela fidelidade doutrinária?
Urge, mais do que nunca, uma ação corajosa, consciente de fidelidade não só à Doutrina, mas a nós próprios, à nossa consciência, pois “quem cala, consente”.