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sexta-feira 4 outubro 2024
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Coluna Espírita – Responsabilidade

• Márcio Costa – Agenda Espírita Brasil
Ouvimos e falamos repetidamente certas palavras e termos em nossas vidas e nem sempre atribuímos o valor adequado ao que ela significa em sua essência. Dentre as várias que poderiam ser citadas, o termo responsabilidade e suas variáveis nos chama a atenção devido ao seu emprego frequente, principalmente nas diversas mídias da informação. Basta abrir as páginas de um jornal e poderemos nos deparar com expressões tais como “apurar responsabilidades”, “…responsabiliza…”, dentre outras.
A palavra responsabilidade provém do latim do termo respondere, que significa responder a alguma coisa. No caso da Responsabilidade Civil, prevista em expressões jurídicas, pode significar a necessidade de alguém responder por seus atos danosos.
No entendimento Espírita, a essência da palavra Responsabilidade possui uma origem muito anterior até mesmo ao próprio latim, cujos primeiros vocábulos datam do século IX a.C. No livro “Evolução em Dois Mundos”, psicografado por Francisco Cândido Xavier, André Luiz nos conduz ao período paleolítico da história onde o ser humano ainda primitivo realizava as suas primeiras inserções nos diversos campos do aprendizado. Segundo André Luiz, por meio das indagações abriram-se as portas para os princípios da Filosofia. Pela experimentação rudimentar, brotaram-se os germens do que mais tarde viria a ser a Ciência. Na busca pelo conforto, deu origem aos remotos conceitos de construção e arte. A todos questionamentos similares a estes desdobravam-se outros mais elaborados. Para a morte, no entanto, só lhe restava a dor de ver seus entes findarem-se em “sepulcros de pedra”. E percebendo-se frágil e isolado às questões que envolviam o fim da existência, começou a notar que, perante a grandiosidade de Deus, ainda se encontrava “entregue a si mesmo”. A partir daquele momento o ser humano passou a carregar em si o princípio da Responsabilidade.
A Responsabilidade é um patrimônio impessoal e intransferível. Não temos como nos responsabilizar pelas ações de outrem, pois a todos é aplicada a “pena de talião”, que consiste na rigorosa reciprocidade da pena em função do débito contraído. Logo, todos nós deveremos responder pelo que fazemos até o momento em que o nosso livre-arbítrio mais depurado e, consequentemente, mais cônscio de suas responsabilidades, passe a contrair menos débitos. Em resumo, o emprego intelecto-moral cada vez melhor deste patrimônio assegura ao homem um caminho de maior retidão em direção à felicidade e à luz.
A Responsabilidade Intelectual pode ser percebida no emprego de nossos talentos de forma produtiva em benefício do próximo e de nosso progresso. Um homem dotado de maior intelectualidade possui mais ferramentas para discernir entre o bem e o mal. Logo, se opta pelo mal, possui muito mais culpa de seus atos falhos diante de Deus do que os selvagens que agem pelo instinto.
Um exemplo de Responsabilidade moral está no convívio familiar onde se lapidam as primeiras Responsabilidades de nossas vidas. Originadas, muitas das vezes, em reencarnações pregressas, voltamos à carne com o objetivo de resgatar débitos contraídos com nossos pais, irmãos e filhos. Assim, maior será a nossa Responsabilidade diante do Pai, se não levarmos de forma adequada a caridade e o amor àqueles que se encontram ligados a nós pelos laços carnais.
Embora o texto não contemple tantas outras abordagens relevantes, ressalta-se que, independentemente do grau de Responsabilidade a nós atribuídos, seja no campo intelectual ou moral, físico ou espiritual, devemos alocar a maior de nossas atenções naquilo que foi confiado em nossas mãos. “A noção de responsabilidade nos deveres mínimos é o ponto de partida para o cumprimento das grandes obrigações.” (do livro Conduta Espírita, pelo Espírito André Luiz, psicografado por Waldo Vieira).
Referências:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno: A Justiça Divina segundo o Espiritismo. 1ª ed. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2010. 576 p.
LUIZ, André; XAVIER, Francisco Candido. Evolução em Dois Mundos: A Vida no Mundo Espiritual. 25ª Brasília: FEB, 2007. 280 p.
VIEIRA, Waldo. Conduta Espírita. 31ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. 160 p.
SANTOS, Pablo de Paula Saul. Responsabilidade civil: origem e pressupostos gerais. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 101, jun 2012. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11875>. Acesso em: 08SET2014.