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domingo 22 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Questões sobre o aborto

• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador – Londrina/PR
Como a Doutrina espírita considera o aborto?
A Doutrina Espírita, assim como a Igreja de Roma, é radicalmente contra a prática do aborto, que só deve ser admitida numa hipótese extrema, em que a vida da gestante corra perigo com a continuidade da gravidez. Fora desse caso, o aborto não tem sentido e constitui um crime que muitos aborrecimentos e muitas dores trarão aos que dele participarem.
Quem realiza o aborto, a não ser no caso mencionado, em que existe um motivo de ordem médica realmente relevante, está em verdade tirando a um ser humano a possibilidade de progredir, porque esse é o objetivo principal do processo reencarnatório.
A vida de um ser humano, ensina o Espiritismo, inicia-se com a concepção, ideia também defendida pela Igreja.
Desde o momento em que espermatozoide e o óvulo se fundem, um Espírito se liga à célula inicial que, em se desenvolvendo, constituirá o veículo de manifestação e de progresso do reencarnante.
Como a reencarnação é um dos instrumentos de progresso dos seres humanos, o Espírito que se prepara para uma nova etapa no mundo é, com toda a certeza, alguém ligado aos futuros pais, quem sabe um grande amigo a quem os genitores devem favores imensos. O abortamento pode ser, portanto, uma porta que fechamos a nossos melhores amigos.
É por isso que o Espiritismo nos assegura que a prática abortiva constitui um equívoco lamentável que não tem a capacidade de resolver problema algum, mas, ao contrário, só produz sofrimento, remorso e lamentações onde ela se realize, porque, além de tudo de negativo que representa, é um atestado de falta de fé naquele que nos deu a vida.
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Como os espíritas veem a questão do abortamento nos casos de gravidez decorrente de estupro?
Segundo o ensinamento espírita, que vem sendo reiterado por estudiosos diversos, tanto encarnados quanto desencarnados, existe um único caso em que o aborto é legítimo em face da lei natural – aquele que é feito para salvar a vida da gestante posta em perigo com a continuação da gravidez.
Tratando do tema com os Espíritos, Allan Kardec obteve deles o ensinamento que se segue: “Existe sempre crime quando transgredis a lei de Deus. A mãe, ou qualquer pessoa, cometerá sempre crime tirando a vida à criança antes de nascer, porque está impedindo, à alma, de suportar as provas das quais o corpo deveria ser o instrumento.” (O Livro dos Espíritos, item 358.)
Na questão seguinte, os Instrutores desencarnados ressalvaram o abortamento necessário ou terapêutico, quando é preciso sacrificar a criança para salvar a gestante: “É preferível sacrificar o ser que não existe ao ser que existe.”
A lei brasileira, além do caso ora referido, admite o aborto nos casos de gravidez resultante de estupro. É o chamado aborto sentimental ou moral que, segundo a lei, requer o consentimento da gestante ou, se ela for incapaz, do seu representante legal.
Vários argumentos embasam a posição espírita contrária ao abortamento neste caso:
1o. A gravidez não se dá por acaso.
2o. A criança que se pretende expulsar do ventre materno nada tem a ver com o ato de violência.
3o. Os relatos espíritas permitem-nos afirmar que um vínculo bastante forte existe entre a alma da criança e sua futura mãe, sem o que não ocorreria gravidez alguma.
O respeito a uma vontade superior à nossa, que permitiu a ocorrência da gravidez, é um ponto relevante que deve ser também considerado, além do fato de que não desconhecemos quão importante é a reencarnação para o progresso das criaturas humanas. Opor obstáculo a isso é algo que não nos compete, a não ser em casos especialíssimos em que um valor maior esteja em jogo.